Reunião na mansão Vitalle
O salão oval estava mais cheio do que da última vez.
Chefes de famílias sentavam-se em suas cadeiras talhadas, com expressões tensas e olhares atentos. Era a hora de alinhar alianças. Giancarlo permanecia de pé, mãos nas costas, ouvindo calmamente o que cada um dizia — até que o nome dela surgiu.
— Antonella Rossi — mencionou Don Matteo, com uma sobrancelha arqueada. — A mais nova. Dizem que chamou sua atenção.
— Dizem... muitas coisas — respondeu Giancarlo, impassível.
Seu pai, Don Alberto, acompanhava tudo em silêncio, mas não deixou de notar que seu filho não negou.
— Está na hora de visitar as famílias. Olhar nos olhos. Sentir o ambiente onde essa mulher foi criada — disse Don Alberto.
Giancarlo assentiu. Não era contra a ideia. Na verdade... já tinha em mente por onde começar.
Casa dos Rossi
A chegada do carro preto foi suficiente para mobilizar toda a casa.
Giancarlo Vitalle havia vindo em visita formal.
Ele foi recebido com respeito. Trocou palavras com Massimo, respondeu com educação às perguntas de Francesca e, com um leve aceno, cumprimentou as irmãs Rossi.
Mas seus olhos procuravam outra pessoa.
— Antonella ainda não voltou do campo — disse Valentina, com um sorrisinho quase provocador.
— E o que ela faz no campo? — perguntou Giancarlo.
— Ela cavalga — respondeu Don Massimo, antes das filhas. — Sempre gostou da natureza. Gosta de se afastar da agitação. É o jeito dela.
Giancarlo olhou pela janela da sala para o campo aberto que se estendia atrás da propriedade. Lá longe, entre árvores e trilhas de terra batida, algo se movia.
Um cavalo.
E sobre ele, vinha ela.
Antonella
O vento batia em meu rosto. Sentia o ritmo do cavalo sob meu corpo e o cheiro da terra invadir meus pulmões. Eu sempre amei essa liberdade. Era meu refúgio, meu mundo. Só ali eu conseguia respirar de verdade.
Estava de calça, botas de montaria, uma blusa clara e por cima um corset vermelho ajustado ao corpo. Um chapéu escuro protegia meu rosto do sol. Não fazia ideia de que estava sendo observada.
Até que vi.
Ele.
Parado na varanda, ao lado do meu pai e das minhas irmãs, Giancarlo Vitalle me encarava como se estivesse vendo uma miragem. Não havia rigidez no rosto dele naquele momento. Havia... surpresa. E outra coisa que não consegui nomear.
Puxei as rédeas devagar. Meu cavalo diminuiu o passo, até parar.
Meu coração... não.
— Antonella! — chamou meu pai, com a voz alta e firme. — Venha até aqui!
Engoli em seco. com cuidado e caminhei até a varanda, ainda ofegante, os cabelos levemente bagunçados pelo vento, as bochechas coradas. Os olhos de Giancarlo não saíam de mim.
— Senhor Vitalle — murmurei, tirando o chapéu, educada.
— Você cavalga bem — foi tudo o que ele disse.
— Obrigada. É... uma forma de respirar melhor.
Ele deu um leve sorriso. Um daqueles que quase não se vê, mas se sente.
— Talvez seja disso que eu precise — respondeu.
O silêncio que seguiu não foi desconfortável. As irmãs assistiam à cena, Bianca com olhos estreitos, Valentina com expressão atenta. Dona Francesca estava encantada. E meu pai Massimo... apenas observava com o olhar de quem sabe que o destino começa a se cumprir nas entrelinhas.
Ainda no jardim da propriedade Rossi, depois do breve encontro com Antonella, Giancarlo permaneceu em silêncio por alguns segundos, observando-a. Era como se ele estivesse medindo cada gesto, cada palavra que ainda não havia dito.
— Você tem tempo agora? — perguntou, quebrando o silêncio com sua voz grave.
— Para quê? — respondeu Antonella, com um tom contido.
— . Quero ver como é... respirar como você respira.
Ela hesitou, surpresa pela proposta. Não imaginava que ele aceitaria sair da segurança do controle, do concreto da cidade, da tática das reuniões, para algo tão... simples.
Mas apenas assentiu com a cabeça.
—
Minutos depois, já montados em cavalos distintos, os dois cavalgavam lado a lado pelas trilhas que contornavam os limites ,da propriedade Rossi. O silêncio entre eles não era desconfortável — era cheio. Carregado de coisas não ditas.
Antonella mantinha os olhos à frente, tentando controlar a respiração. O perfume dele se misturava ao cheiro da terra e da brisa. E ele… ele a observava com uma calma intensa, como se cada movimento dela revelasse uma verdade nova.
— Você é diferente das outras — disse Giancarlo de repente.
— Isso... é um elogio ou um alerta?
Ele riu, baixo. O riso raro.
— Ainda estou decidindo.
Ela sorriu de canto, surpresa com a resposta. E por um momento, o clima entre os dois ficou leve. Natural. Quase... íntimo.
— Acha mesmo que posso ser uma boa escolha para o cargo de... senhora Vitalle? — perguntou, sem conseguir conter a pergunta que martelava em sua mente.
Giancarlo olhou para ela, e então parou o cavalo.
Ela também parou, virando-se de leve na cela.
Ele inclinou um pouco o corpo na direção dela, os olhos fixos nos dela. O tom da voz dele baixou, quase como um segredo:
— Eu não perderia meu tempo com uma mulher que não considerasse para isso.
Antonella sentiu o coração acelerar. Mas... não havia confirmação. Nenhum “sim, é você”. Nenhuma decisão. Apenas um sinal forte o bastante para abalar suas certezas, e sutil o bastante para deixá-la mais confusa.
— Então... por que não diz de uma vez?
Giancarlo desviou o olhar para o campo.
— Porque às vezes, o que é dito com pressa se quebra com facilidade. Mas o que se constrói em silêncio... dura mais.
Ela não respondeu. E nem ele.
Continuaram cavalgando lado a lado, enquanto o sol descia no céu, tingindo o campo de dourado. Antonella sabia que algo estava nascendo ali — não sabia se era perigo, sentimento, destino ou tudo junto. Só sabia que, pela primeira vez, Giancarlo Vitalle a fazia sentir... visível.
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Atualizado até capítulo 49
Comments
Maria Aparecida
começando ler e gostando da história
2025-07-15
2
Sandra Mara
amandoooo
2025-07-15
1
Dulce Gama
Que história linda maravilhosa não vejo a hora dele escolher a Antonella UI 🌟🌟🌟🌟🌟🌹🌹🌹🌹🌹🎁🎁🎁🎁🎁♥️♥️♥️♥️♥️👍👍👍👍👍
2025-06-25
2