Capítulo 4 — A Ferida Que Não Fechou

A dor veio antes da luz.
Harry piscou algumas vezes, sentindo o sangue pulsar em sua têmpora. A sala estava em silêncio agora, exceto pelo som entrecortado da respiração de Draco, que ainda jazia desacordado ao seu lado.
Ele se ajoelhou, examinando-o com pressa.
Harry Potter
Harry Potter
— Draco. Ei. Acorda.
Toques leves no rosto pálido, tentando ignorar a estranha agitação que aquele nome em seus lábios trazia. Draco.
Quando os olhos cinzentos se abriram, ofuscados, confusos, Harry sentiu um alívio que não queria admitir.
Draco Malfoy
Draco Malfoy
— Potter? — a voz dele estava rouca, quase frágil.
Harry Potter
Harry Potter
— Você desmaiou. O espelho lançou uma maldição ou… uma memória. Eu não sei.
Draco se sentou com esforço. Passou a mão nos cabelos loiros, agora desalinhados, e encarou Harry.
Draco Malfoy
Draco Malfoy
— Eu vi você de novo. Só que… não era só Hogwarts. Era depois. Era agora. E… você estava me beijando.
O ar pareceu congelar entre os dois.
Harry ficou em silêncio, sentindo as palavras reverberarem fundo, como um feitiço antigo sussurrado em uma língua esquecida.
Ele não respondeu. Não negou. Porque, de alguma forma absurda, o reflexo no espelho parecia mais verdadeiro do que qualquer coisa que vivera nos últimos anos.
Draco se levantou, cambaleante.
Draco Malfoy
Draco Malfoy
— Vamos sair daqui.
Harry assentiu.
Mas enquanto viravam as costas para o espelho, a voz ecoou uma última vez:
???
???
> — O que se vê pode ser esquecido…
???
???
— Mas o que se sente, nunca.
continua...

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