O Começo dos Mistérios.
O sinal bateu, anunciando o intervalo. A escola inteira parecia ganhar vida de uma hora pra outra. Risadas, conversas e passos apressados ecoavam pelos corredores, quebrando o silêncio das aulas.
Ian estava sentado sozinho, mordendo um salgado, quando ouviu uma voz conhecida chamando:
Respondeu, acenando.
Harlan puxou uma cadeira e sentou-se de frente pra ele.
Harlan
Ian, me responde uma coisa... por que essa cidade vive coberta por essa névoa estranha?
Perguntou, olhando pela janela, desconfiado.
Ian
Pra falar a verdade... eu não sei. Desde que me mudei pra cá, nunca parei pra pensar nisso.
Harlan
Essa cidade é um verdadeiro mistério.
Ian
E nem te conto... às vezes, pessoas somem por aí... do nada.
Harlan
Aliás... você comentou ontem que ajudou uma garota, né?
Ian
Ian ficou meio sem graça.
Ian
Sim... tentei, pelo menos.
Harlan
Tentou...? Achei que você tinha espancado os bandidos!
Ian
Queria! Mas... não foi bem assim. Acabei apanhando mais que tudo...
Ian
Mas ela foi muito legal, me levou pra casa dela pra cuidar dos machucados.
Harlan
Nossa, que bacana. E bonita?
Perguntou Harlan, sorrindo malicioso.
Ian ficou vermelho.
Ian
H-Harlan... não vem com essas ideias...
De repente, o microfone do refeitório chiou. A voz do diretor soou, séria:
Direitor
Atenção, alunos. Preciso passar um comunicado muito importante.
O barulho sumiu. Todos prestaram atenção.
Direitor
Infelizmente, nossa escola tem enfrentado um problema grave. Nos últimos dias, alguns alunos desapareceram...
O clima ficou tenso, pesado. Todos se olharam, assustados.
Direitor
Pedimos que tomem muito cuidado. A polícia está investigando, mas até agora não sabemos exatamente o que está acontecendo na cidade. Fiquem atentos.
O diretor desligou o microfone e saiu, deixando um silêncio desconfortável no ar.
Harlan
Pessoas estão desaparecendo de verdade!
Ian
Sim... e o pior... isso não é de agora. Acontece há muito tempo.
Respondeu Ian, cruzando os braços, pensativo.
Ian
Ninguém sabe ao certo... só sei que a cidade tem muitos mistérios. Sumiços, histórias esquisitas... E, claro, tem também a famosa Mansão Loke.
Ian
É. Uma mansão antiga, abandonada. Todo mundo aqui conhece. Ninguém se aproxima. Dizem que quem entra... não volta. Não existem registros de ninguém morando lá faz décadas.
Ian fez uma pausa e completou:
Ian
E dizem... que ela pertenceu à família Loke.
Harlan
Nossa... que coincidência.
Perguntou Ian, desconfiado.
Harlan
Nada, nada... só... pensando...
Respondeu Harlan, disfarçando.
O sinal tocou, encerrando o intervalo. Eles se levantaram e foram para as salas.
Mais tarde...
Depois da escola, Ian e Harlan foram caminhando juntos.
Ian
Valeu por me acompanhar.
Harlan
De boa, cara. Até amanhã.
Harlan seguiu seu caminho pra casa, perdido nos próprios pensamentos.
Ester
Nossa, chegou cedo hoje.
Harlan
É... hoje foi só o primeiro dia. Coisa leve.
Harlan
Pera aí... deixa eu tomar um banho antes.
Depois do banho, Harlan sentou-se à mesa, mas algo martelava em sua cabeça. Ele respirou fundo.
Harlan
Ester... posso te perguntar uma coisa?
Harlan
O nosso pai... ele tinha uma mansão aqui na cidade?
Ester
De onde você tirou isso?!
Harlan
Ouvi uns boatos na escola... falaram sobre uma tal 'Mansão Loke'.
Ester ficou em silêncio por uns segundos, depois respirou fundo.
Ester
Deve ser só coincidência.
Harlan
Coincidência, sei... Mas... e se não for? E se tiver alguma coisa nossa lá? Algo do pai...?
Ester
Harlan Loke Lione, nem pense nisso! Você não vai sair por aí caçando mansões. Isso é só lenda.
Ester
Não tem nada lá! O simples fato de ter nosso sobrenome não significa nada.
Harlan
Tá bom... tá bom...
Ester
Na escola, tá terminando uma atividade.
Enquanto isso...
Ian chegou na cafeteira, ajeitando o avental.
Antônia
Chegou uma cliente, vem atender!
Antônia
Anda logo, menino!
Ian limpou as mãos e foi até o balcão, pronto pra atender... até que, ao se aproximar da mesa, percebeu quem era...
Seus olhos arregalaram...
Ian
Não... não pode ser...
Comments