Amor no Silêncio – Capítulo 3
Plano B: A coragem tem som próprio
Os passos de Luca eram mais pesados que o normal naquele fim de tarde. Enquanto andava de volta para casa, as palavras daquele homem no mercado ecoavam dentro dele... mesmo que ele não pudesse ouvir.
— “Cara, não deixa aquilo te derrubar...” — disse Gabriel, andando ao lado dele. — “Sério. Eu sei que doeu, mas... você não pode deixar esse idiota vencer.”
Luca respondeu com as mãos, devagar.
— “E se... e se Aurora também me olhar assim?”
Gabriel parou no meio da calçada, colocou as mãos na cintura e respirou fundo, como quem precisava puxar do fundo do peito a paciência e a força que o amigo precisava.
— “Luca... Ela não é como aquele cara. Você sabe disso. Você cresceu com ela, lembra? Sua mãe... Ela ensinou você a sentir a música, e ela estava sempre junto. Ela nunca te tratou diferente. Nunca!”
Luca olhou pro chão, apertando as mãos. A vontade de sumir era quase maior do que qualquer outra coisa. Mas, no fundo, bem no fundo, uma voz — que nem precisava de som — dizia que Gabriel tinha razão.
Gabriel respirou, ergueu a cabeça, e bateu palmas.
— “Tá. Se você não tem coragem de ir até ela, então ela vai até você. Mas do jeito certo.” — disse, abrindo um sorriso largo. — “Você ainda lembra daquele piano lá do salão de festas do prédio? Aposto que ninguém usa há anos.”
Os olhos de Luca se arregalaram. Ele sinalizou rápido.
— “Tá maluco?”
Gabriel riu.
— “Maluco? Talvez. Mas brilhante também. Escuta... quer dizer, olha.” — disse, ajeitando a mochila. — “Você vai lá. Começa a tocar. Ela vai ouvir. E se ela não ouvir... ela vai sentir. E se ela sentir... ela vem.”
Luca passou a mão no rosto, meio incrédulo, meio assustado.
— “Faz tanto tempo... E se eu errar? E se eu travar?” — sinalizou, as mãos trêmulas.
Gabriel segurou seus ombros, olhando firme nos seus olhos.
— “Se você não tentar... você já errou, irmão.” — disse, sorrindo. — “Além disso... você não vai estar sozinho. Eu vou estar lá. Do seu lado. Sempre.”
Um silêncio confortável pairou entre os dois. Um silêncio que não pesava, mas acolhia.
Luca respirou fundo, olhou pro céu que começava a se tingir de laranja, e finalmente balançou a cabeça em sinal de aceito.
— “Ok...” — sinalizou, sorrindo de canto, tímido, mas decidido. — “Vamos fazer isso.”
Gabriel deu um soquinho no ombro dele, empolgado.
— “Aí sim, parceiro! Bora fazer esse piano cantar... ou melhor, vibrar.” — riu.
Eles seguiram andando, agora com outro tipo de peso no peito. Não mais o do medo... mas o da expectativa.
O som que estava prestes a nascer, nas teclas do velho piano, não precisava ser ouvido. Só precisava ser sentido...
E talvez... fosse exatamente assim que começava o amor.
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Infelizmente isso não acontece apenas na história, a vida é cruel com quem é diferente, devemos sempre dar o primeiro passo para que o preconceito não aconteça e mostrar que todos podem ser amados da mesma forma❤️❤️❤️
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Atualizado até capítulo 46
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