Capítulo 3 – O Enigma de Helena
Capítulo 3 – O Enigma de Helena
A manhã chegou pesada na mansão Callahan, mas o sol parecia incapaz de romper as nuvens espessas. Alana acordou com o peso do porão ainda ecoando em sua mente. As marcas na parede, o símbolo circular com a cruz... algo dizia que não era apenas história. E, pior ainda, que aquele algo estava vivo.
Ao tomar seu café na ampla sala de jantar, ela percebeu Liam encostado ao batente da porta, com a expressão discreta, o cenho franzido. Havia algo em seus olhos que ia além da usual preocupação — era urgência.
Ela cumprimentou, mesmo sem muito entusiasmo.
Liam
— Precisamos conversar.
Liam respondeu de forma contida.
Liam
— E não é só sobre o símbolo do porão.
Curiosa, Alana sentiu os músculos do corpo se tensionarem. Ela sabia que, ao entrar naquela casa, havia cruzado um ponto de não-retorno. E agora, as peças começaram a se encaixar.
Alana
— O que foi dessa vez?
Liam inclinou-se sobre a mesa, aproximou-se e baixou a voz:
Liam
— Ontem à noite, ouvi alguém no salão de baile. Dois passos marcados, sapatos de couro fino. Fui até lá e só encontrei uma sombra... mas o eco dos passos continuava.
Alana sentiu o sangue gelar. O salão de baile fora interditado há anos — lugar de festas antigas, como se ainda guardasse as vozes de quem um dia dançou ali.
Liam
— Quero que você vá comigo lá, à noite. Mas precisamos de reforço.
Helena entrou no salão exatamente às sete da noite — o resto chegou junto a ela. A vela sobre o centro da mesa grande chamou atenção de Alana, que vacilou numa fração de segundo.
A figura parou, sorriu sem alegria.
Helena Valente
— Boa noite, senhores.
Disse ela, com voz suave, mas fria.
Helena Valente
— Ouvi dizer que haveria um baile fantasma hoje. E, por favor, não me chame de “senhora”. Detesto formalidades desnecessárias.
Alana manteve-se em silêncio. A tensão entre os três era palpável. Liam estendeu a mão:
Liam
— Precisamos que nos acompanhe.
Helena Valente
— Por que eu?
Helena ergueu o olhar, impaciente.
Ele respondeu com firmeza.
Liam
— E... além disso, conhece essa casa melhor do que qualquer um.
O sorriso de Helena se alargou, quase sardônico.
Helena Valente
— Mas que jogo estamos jogando, exatamente?
Ela se aproximou de Alana. Olhos verdes penetrantes, avaliando-a como siamesa de uma partida silenciosa.
Helena Valente
— Quer se juntar à equipe dos curiosos? Vai precisar de inteligência e discrição.
Ela disse com leve ironia.
Alana
— E o que você ganha com isso?
Helena Valente
— Gosto do risco. E de respostas.
Helena destralhou os cabelos por trás da orelha, tirou do bolso um espelho antigo com moldura barroca.
Helena Valente
— e posso ser útil.
Liam olhou para ela, depois para o espelho que brilhava com luz própria.
Liam
— Essa deve ser a única maneira de você desculpar sua entrada tão pontual...
Helena Valente
— E sem convite.
Finalizou Helena, cruzando os braços com postura confiante.
Eles saíram para o salão de baile, cuja porta rangeu ao abrir quando Helena usou uma chave antiga, tirada da bolsa. Os três entraram.
No interior, as paredes espelhadas refletiam apenas sombras. A atmosfera do lugar era pesada, o cheiro de veludo velho misturado com resina de madeira. A única luz vinha da lareira apagada e das estrelas que se filtravam pelas janelas baforadas.
Instruiu Liam, a lanterna logo iluminando um canto. Ao longe, ouviram um sussurro abafado. Um som de respiração contra as tábuas do chão.
Helena levantou o espelho.
Helena Valente
— Sirva como catalisador
Sussurrou. O objeto refletiu um ponto de luz e por breves segundos uma bruma fraca apareceu no espelho, como um reflexo de presença.
Alana sentiu o coração acelerar.
Helena Valente
— Atrás daquele véu escuro.
Helena Valente
— há uma passagem. Só visível por quem sabe onde procurar.
Liam empurrou uma parte da cortina de veludo, revelando uma porta pequena e entalhada, levando a uma escadaria ainda mais profunda. Eles se entreolharam, a troca de olhares carregada de expectativa.
Antes de descerem, Helena sussurrou ao ouvido de Alana:
Helena Valente
— Boa sorte, alma curiosa.
A escadaria ruía levemente sob seus pés. A escuridão agora os envolvia por completo, exceto pela luz tremeluzente da lanterna. À medida que desciam, o ar ficava mais frio, o silêncio mais pesado.
Alana
— Está sentindo isso?
Perguntou Alana, voz trêmula de frio e medo.
Eles alcançaram o chão de pedra lisa e úmida, marcada com mais símbolos iguais aos do porão. Helena iluminou de perto.
— Aqui. Uma inscrição em latim. “Animae in tenebris vocant.” — Sua voz ecoou — “Almas chamam na escuridão.”
O silêncio reinou por alguns segundos.
Alana
— Então são vozes de almas presas.
Helena Valente
— Mais que vozes.
Helena Valente
—. As almas se comunicam. E o colar dela responde.
Alana tocou o colar que ainda brilhava em seu colo — houve um clarão repentino, e vozes, sussurros que arrancaram arrepio de sua alma.
Disse ele, mas na voz havia dúvida.
Mas longe dali, no núcleo daquela escuridão, um novo enigma estava prestes a ser revelado.
Helena Valente
Personalidade: Sarcástica, intensa, encantadoramente manipuladora; sempre tem um comentário afiado pronto.
Gosta: Dança clássica, enigmas, provocar tensão, jogos mentais.
Não gosta: Ordens diretas, ser ignorada, vulnerabilidade emocional.
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