Entre o Pecado e o Amor

Entre o Pecado e o Amor

Prisão Invisível

Eleonor

Viver em Cedar Springs era como respirar dentro de uma caixa de vidro: você vê o mundo lá fora, mas não pode tocá-lo, eu era a filha perfeita. A única a que não podia errar. Meus pais sempre disseram que eu era um presente de Deus e, sinceramente, às vezes isso soava mais como uma maldição, filha do pastor mais respeitado da cidade, criada à sombra dos sermões e das aparências não me lembro de ter feito escolhas reais na vida elas vinham prontas, empacotadas com laços de “orgulho familiar” e “vontade divina”.

Faculdade de Administração? Escolha da minha mãe, Caleb, meu namorado desde os quinze? Escolha da igreja o meu futuro casamento? Uma combinação de tradição, fé e falta de opções. E eu…? Eu só seguia. Porque decepcionar meus pais era um tipo de dor que eu não sabia como suportar mas a verdade é que eu odiava tudo isso.

Odiava a rotina entediante, a pressão silenciosa, os olhares vigiando cada passo. Meus dias eram todos iguais, e meus sonhos aqueles que eu escondia até de mim mesma estavam sempre fora do alcance, até que eu decidi fazer algo só uma vez, nada grandioso, mas meu meu erro, se fosse o caso na próxima viagem da igreja, eu perderia a virgindade com Caleb sim, isso mesmo era para ser um presente uma surpresa. Ele vivia me pressionando, dizendo que já íamos nos casar mesmo, então qual era o problema? E, depois de muito pensar, cheguei à conclusão de que talvez fosse esse o meu único ato de liberdade: dar o que todos queriam tirar de mim. Só que por escolha minha eu só não fazia ideia de que, naquela noite, o que eu perderia não seria apenas a inocência, seria a vida que conheci até ali.

A chegada em Chicago foi como respirar ar de verdade pela primeira vez. A cidade era tudo o que Cedar Springs não era: viva, barulhenta, colorida. Enquanto o grupo da igreja fazia check-in no hotel, eu sorria para mim mesma, sentindo aquela faísca de liberdade queimando no peito. Pela primeira vez, eu me sentia bem com uma decisão minha. Meu plano era simples: Caleb, quarto de hotel um momento só nosso e talvez, quem sabe, o começo de algo diferente mas bastou um segundo para tudo desmoronar. Eu o vi quando virei o corredor de um dos andares do hotel, voltando antes do jantar para conversar com ele. A cena foi tão rápida quanto cruel: ele beijava minha melhor amiga contra a parede, rindo, os dois tão à vontade que nem perceberam que eu estava ali.

— Caleb! Calma e se a Eleonor aparecer?

— Ela nunca vai fazer nada — ouvi ele dizer, rindo. — Eleanor tem tanto medo de decepcionar os pais que nem coragem de me tocar ela tem.

Foi como se algo dentro de mim se rasgasse. Meu coração partiu em silêncio, como tudo que eu fazia, não chorei nem gritei, apenas saí sem rumo sem plano com a alma em ruínas. Andei por ruas que nem sei nomear as luzes de Chicago pareciam zombar de mim, todas piscando com uma intensidade que eu nunca soube que existia. E então, ali, no meio da calçada, parei em frente a um estúdio de tatuagem.

Respirei fundo.

"Ah… eles não sabem do que eu sou capaz", sussurrei para mim mesma.

E entrei.

O lugar tinha cheiro de tinta e desafio. O tatuador levantou os olhos, surpreso com a minha expressão firme ou talvez com meu vestido de menina da igreja.

— Na virilha — falei, antes que eu mesma voltasse atrás. — Algo pequeno, delicado, mas marcante.

A tatuadora entendeu rapidamente o que eu queria, e ainda bem que era uma mulher que faria isso eu não sei se ficará confortável com um desconhecido tão perto de uma parte íntima minha. Antes da agulha começar, aceitei uma cerveja que me ofereceram, minha primeira o gosto era amargo, forte, estranho. Como tudo o que eu estava me tornando naquela noite. Me enchi de orgulho quando vi a tatuagem marcada na minha pele e me senti viva.

Quando saí de lá, uma pequena tatuagem queimando na pele e a cabeça girando, eu sorri. Pela primeira vez, de verdade, mas ainda não era o suficiente, eu queria mais, queria me perder de vez e não entre lágrimas, mas entre luzes, música e esquecimento. Foi assim que conheci Sasha e Riley, duas desconhecidas que pareciam ter saído direto de uma revista, ou de uma vida que eu sempre quis viver. Não demorou muito para estarmos rindo como velhas amigas, com copos demais nas mãos e brilho demais nos olhos elas me puxaram para dentro de uma boate como se eu já pertencesse àquilo, como se o mundo real não importasse e naquela noite, eu me entreguei à minha rebeldia de verdade.

— Então você viu o idiota beijando sua melhor amiga? — Sasha perguntou, indignada, enquanto jogava o cabelo vermelho para trás.

Assenti, ainda meio atordoada com tudo a música vibrava nas paredes, o chão tremia sob meus pés, e o gosto da bebida doce ainda ardia na minha garganta.

— E ele ainda falou aquilo? Que você nunca teria coragem? — Riley completou, me olhando como se eu fosse uma guerreira sobrevivente de guerra santa.

— Pois hoje você vai mostrar pra esse idiota o que é coragem — Sasha concluiu, entregando-me mais um copo.

O líquido queimou na descida, mas eu nem liguei o álcool já corria solto no meu corpo eu me sentia leve errada, sim, mas leve e viva tão viva.

— Sabe o que eu acho? — comecei, com a voz embargada, mas firme. — Que eu vou escolher o cara mais bonito dessa boate e vou beijar ele. Na frente de todo mundo.

— Ah é? — Sasha ergueu uma sobrancelha.

— Você? — Riley zombou, sorrindo. — A princesa do grupo da igreja?

— A ex-princesa — respondi, rindo. — Esperem e vejam.

Me virei e deixei os olhos correrem pelo salão luzes coloridas dançavam no ambiente, e corpos se moviam no ritmo da batida grave da música até que meus olhos pararam.

Ele estava encostado no balcão, de costas parcialmente viradas para mim, conversando com uma garota que parecia estar mais focada nele do que ele nela. Alto, imponente, vestindo preto, com a barba bem feita e ombros largos demais para serem ignorados o seu rosto era sério, quase entediado, como se aquele lugar não fosse digno da presença dele. E, de algum modo, isso o fazia ainda mais irresistível.

— Aquele. — Apontei com o que restava da minha coragem.

— Qual? — Sasha apertou os olhos.

— O deus grego no canto.

— Você tá brincando! — Riley riu. — Esse homem não é nem desse plano astral.

— É ele. — Virei meu copo, sentindo o líquido me incendiar por dentro sem pensar, caminhei até ele. Meus passos eram determinados ou pelo menos pareciam, mesmo com a tontura dançando ao meu redor.

Toquei seu braço.

Ele se virou devagar, como se não esperasse ser interrompido e então nossos olhos se encontraram, azuis intensos, confusos.

Eu me aproximei mais e fiz sinal para que ele se abaixasse por um segundo, achei que ele fosse recusar mas, por alguma razão, ele se curvou, curioso. Seu rosto estava a centímetros do meu, e mesmo com a música alta, parecia que o mundo ficou em silêncio.

Olhei bem dentro dos olhos dele.

E perguntei, sem vacilar:

— Você passaria a noite comigo?

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Comments

Lorrainecristinioliveira Oliveira

Lorrainecristinioliveira Oliveira

aí sim vai fundo se liberta e vai ser feliz mesmo q terá consequências

2025-06-04

3

Carmilurdes Gadelha

Carmilurdes Gadelha

Eitaaaaa....

2025-06-07

1

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