Algo que não sabemos nomear
Noah acordou no meio da noite, com o corpo quente demais e o coração acelerado, como se tivesse corrido sem parar
O quarto estava silencioso, exceto pelo crepitar suave da lareira, que lançava sombras inquietas pelas paredes da cabana
Noah Thornwood
*virou-se na cama e viu Lucas sentado à beira da lareira, o olhar perdido no fogo*
A postura dele era, como sempre, firme, mas havia algo naquela cena (uma tensão discreta, uma presença densa) que fazia Noah sentir-se inquieto, como se algo invisível puxasse seus sentidos para aquele homem
Noah Thornwood
Não consegue dormir? *perguntou, a voz rouca quebrando o silêncio*
Lucas Aurelian
*ergueu os olhos lentamente, como se fosse arrancado de um pensamento distante*
Lucas Aurelian
Achei que você estivesse dormindo
Noah Thornwood
*encolheu os ombros sob as mantas*
Noah Thornwood
Não consigo
Lucas Aurelian
*assentiu, como se compreendesse sem precisar de explicações*
Lucas Aurelian
*Não disse nada, apenas ficou ali, com a mão apoiada no joelho e o rosto iluminado pelo fogo, os olhos âmbar fixos nas chamas*
O silêncio entre eles era espesso, mas não hostil
Pelo contrário, havia um conforto estranho naquela presença silenciosa, como se bastasse saber que o outro estava ali
Noah Thornwood
Eu… *hesitou, franzindo o cenho*
Noah Thornwood
Eu tive um sonho
Lucas Aurelian
*não respondeu de imediato, apenas virou levemente o rosto na direção dele, atento*
Noah Thornwood
Era estranho…
Noah Thornwood
Uma floresta cheia de névoa…
Noah Thornwood
E alguém me chamava
Noah Thornwood
*soltou uma risada fraca, envergonhado, e levou a mão à nuca*
Noah Thornwood
Que coisa idiota, né?
Lucas Aurelian
*não sorriu nem zombou, apenas inclinou a cabeça, como se considerasse cada palavra*
Lucas Aurelian
Não parece idiota
Noah Thornwood
*o encarou por um segundo, surpreso com a seriedade da resposta*
Noah Thornwood
E você? *arriscou perguntar*
Noah Thornwood
Está sempre aí…
Noah Thornwood
Olhando para o fogo
Noah Thornwood
No que pensa?
Lucas Aurelian
*desviou o olhar por um instante, como se a pergunta fosse mais íntima do que deveria ser*
Lucas Aurelian
No que sempre penso
Lucas Aurelian
Sobre como o fogo consome tudo…
Lucas Aurelian
E sobra só o que é forte o bastante
Noah não soube o que responder. Apenas ficou ali, encarando-o no silêncio cortado pelo estalar das chamas
Depois de um tempo, Lucas se levantou, caminhando até ele com passos pesados e firmes
Lucas Aurelian
*puxou a manta que cobria Noah, ajeitando-a sobre seus ombros*
O toque foi breve, mas quente, e fez Noah prender a respiração sem perceber
Lucas Aurelian
Você precisa descansar *murmurou, a voz baixa demais*
Noah Thornwood
*assentiu, mas não fechou os olhos*
Lucas Aurelian
*se afastou, voltando para a cadeira ao lado da lareira*
E Noah ficou ali, deitado, ouvindo o fogo, o vento lá fora…
E aquele estranho compasso que parecia nascer entre os dois
Na manhã seguinte, Noah se surpreendeu ao acordar e perceber que Lucas estava ao lado da cama, deixando uma caneca de chá no criado-mudo
Lucas Aurelian
Está se sentindo melhor? *perguntou, sem alterar o tom sempre contido*
Noah Thornwood
*assentiu, esfregando os olhos*
Noah Thornwood
Acho que sim
Lucas se virou para sair, mas Noah o chamou
Noah Thornwood
Você está fazendo isso?
Lucas Aurelian
*parou, de costas para ele*
Lucas Aurelian
Fazendo o quê?
Noah Thornwood
Me ajudando
Noah Thornwood
Cuidando de mim
Lucas Aurelian
*ficou em silêncio por um momento, e então respondeu*
Lucas Aurelian
Talvez porque você precise.
Noah Thornwood
*encarando a porta fechada, com o peito apertado por algo que não sabia nomear*
Nos dias que se seguiram, essa sensação só aumentou
Pequenos gestos, Lucas deixando lenha seca do lado da cama, reparando a janela para que o frio não entrasse, trazendo raízes medicinais da floresta…
Mas, ao mesmo tempo, mantinha-se sempre a uma distância segura, como alguém que sabia que, se se aproximasse demais, não conseguiria mais se afastar
Noah percebia isso, mesmo sem entender
E, quando à noite fechava os olhos, o sonho voltava: a floresta, a névoa, a mão estendida…
E o estranho aperto no peito, como se estivesse sendo puxado para algo ou alguém…
Sem perceber, passava os dedos pelo pulso, onde, às vezes, sentia uma leve ardência
Como se algo invisível estivesse ali, apertando suavemente sua pele
Porque não podia ser nada
Só cansaço, só o trauma da fuga…
Do lado de fora, o vento atravessava as árvores, assobiando pelas fendas da cabana como um aviso antigo, um sussurro que nenhum deles ainda sabia escutar
Mas que, cedo ou tarde, se tornaria impossível de ignorar
Comments
꧁♡٭Luna ٭♥︎💅 ꧂Luna~
É fascinante cada pequeno diálogo
2025-05-29
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