Cheguei.
A casa é simples. Pé direito alto. Cheiro de madeira antiga.
Tem uma rede na varanda. Achei poético demais. Quase me irritei.
Clara Ribeiro
Irritou porque gostou.
Você só não tá acostumado a gostar das coisas logo de cara.
Leonardo Almeida
Talvez.
Tem uma cafeteira velha e duas canecas rachadas.
Sinto que essa casa e eu vamos nos entender.
[Notas no celular de Leo – “Início do Exílio Voluntário]
• Tem cheiro de mato e tempo.
• A água da torneira faz barulho estranho.
• A cama é dura, mas justa.
• Tive que matar uma aranha no banheiro. Chamei ela de Jorge. RIP Jorge.
• Tem uma janela que dá pra uma floricultura.
• Um homem estava lá agora há pouco. Alto. Camisa de linho.
Mexia nas flores como se fosse parte delas.
Fiquei observando. Sem querer.
Mentira. Foi querendo.
Leonardo Almeida
*Mensagem de voz*
Tem uma floricultura em frente à casa.
O nome é ‘Raiz & Flor’.
Achei meio conceitual demais pro interior.
Mas aí vi o cara que trabalha lá...
Ou mora lá, não sei.
E ele… é diferente.
Quieto, mas intenso.
Nem me viu. Mas fiquei… curioso.
....
Isso é perigoso, né?
Clara Ribeiro
Talvez.
Ou talvez seja o começo do seu novo livro.
Dá um nome pra ele. Pro florista.
Leonardo Almeida
Não sei o nome dele ainda.
Mas as flores reagiam a ele.
Parecia que confiavam.
[Notas no celular de Leo – Título possível]
• Depois do Inverno
(Se ele for primavera... eu tô ferrado.)
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