MORRO DO VIDIGAL
Todos me chamam de Ceifador. Sou o chefe do vidigal. Claro que foram anos nessa vida pra conseguir ter esse vulgo e o respeito que tenho hoje.
Aos meus 22 anos fui obrigado a assumir o comando, e claro não tive escolha. O comando manda e nós obedece. Não respeitar uma ordem direta do comando e considerado traição.
Nem sempre morei no morro, sou formado em direito e administração, mais o destino tem dessas coisas.
Sou moleque solto, depois de anos nessa vida decidi que o amor não é pra mim. Hoje o único amor que tenho é por minha irmã Camilla e por minha mãe Irene, que graças as loucuras do meu pai que o capeta lhe tenha no inferno, está internada numa clínica psiquiátrica.
Dedico minha vida a elas, afinal são as únicas que me apoiou quando eu mais precisei e preciso.
Minha irmã esta se graduando em direito criminal. Se liga nessa ideia, eu bandido e minha irmãzinha advogada.
Camilla sempre foi uma menina esforçada, falo menina mais ele é apenas 2 anos mais nova que eu.
Minha mãe tirou nos do morro, mais o morro não saiu de nós.
Nosso querido pai fez questão de até na sua morte nos arrastar pra cá.
Mesmo no comando do morro eu ainda estudei e me formei. Sou igual camaleão, vou me adaptando a tudo. Uso meu nome de advogado pra me infiltrar e colher informações. Os mesmo cara que tenta me derrubar, me passa as informações.
Hoje em dia e mais tranquilo, mais isso aqui já foi um verdadeiro inferno.
O sr. Morte, arrancava tudo do pessoal da comunidade, é eu hoje luto pra eles ter mais.
Não sou o príncipe encantado e nem o Salvador. Sou o temido ceifador, o cara que hoje passa por cima de qualquer um pra proteger seu morro e quem ama.
Mais agora preciso resolver umas coisas, já que todo dia na favela é uma bagulho doido.
- Fala seus puto, como tá as coisas por aqui? Deve tá suave demais né não!? Tão até tricotando igual marica.
Já cheguei no barracão colocando espanto. Diguinho e JP estavam lá no maior papo. Eles são meus companheiros desde o tempo do asfalto, largaram tudo conforto de playboy pra viver no morro.
- Que isso chefe. Só estávamos conversando sobre o baile da futura advogada do morro. Satisfação ver a Camilinha pronta pra advogar. Mina esforçada, merece demais.
- Hiiii ala Diguinho, tá de quatro pela patroinha.
Tirei a arma da cintura e coloquei sobre a mesa, fazendo maior barulho.
- Po ceifador, desse jeito tu mata nós do coração.
- Calma JP isso aqui é só pra camarada folgado. Odeio esses gavião de olho na minha irmã.
JP começou a rir da cara do Diguinho e eu me segurando pra não rir também.
O clima já estava tranquilo quando o tsunami Camila entra.
- Ceifador, preciso falar contigo.
Pela cara lá vem bronca. Olhei e os meninos foram saindo.
- Fala
- Nossa que Grosso.
- Vamos que tô sem tempo.
- Irmão eu tô pensando em ir morar no asfalto. Meu apartamento ficou pronto, daqui uns dias me formo oficialmente e quero seguir minha vida. Já tenho 31 anos e está na hora de voar.
Olhei pra ela e nem acreditei.
- Porra, não dava pra esperar eu chegar em casa?
Esse assunto me fazia mal. Da última vez que ela saiu de perto de mim, os rival do SP fizeram ela refém e bateram demais nela. Me sinto culpado até hoje. E agora ela me mete essa.
- Aqui é mais fácil, já que você nunca está em casa. Ou é aqui ou na casa de uma das suas cadela, sendo assim preferi vim aqui.
Ela tem razão, eu nem fico mais em casa. Agora é só aqui na boca ou com alguma marmita.
- Tá bom Camilla. Vamos fazer assim, tu pega seu escritório e vaza do morro.
Ela nem me respondeu nada e saiu.
Abri uma gaveta e aí foi carreira atrás de carreira.
Adriele uma das marmita entrou toda cheia de si. Mina novinha cara, 19 aninhos e ama senta aqui pro bandido. Como não sou mane já coloquei pra conferi, meti sem do mesmo.
Mina chorou no colo do pai.
- Aiiii amor, vai devagar. Com carinho vida.
Essas mina acha que vai ter carinho? Que nada. O modo bandido ativa na hora que elas chega de conversinha. Odeio esse mina querer tirar bandido de mane.
- Que porra de amor. Cala a boca e geme pro bandido.
Estava quase acabando quando batem na porta.
Nem liguei e continuei. Tava doido de tanto pó e whisky.
Peguei pesado mesmo. Terminei e mandei vaza.
- Amorzinho, preciso de dinheiro pra comprar roupa nova pro baile.
Olhei e nem acreditei. Joguei umas notas na mesa e ela saiu rindo. Nem parece a vadi@ que estava chorando momentos atrás.
Quando fui me vesti que percebi a merda que acabei de fazer. Nem deu tempo de pensar e Diguinho entrou.
- Desculpe ceifador entrar assim. Mais o assunto e sério. Pegaram nossos caras e estão querendo mandar pra cadeia dos rivais. Se isso acontecer é guerra parceiro. Cadê aquele advogado de merda, ele é bem pago pra proteger os caras lá dentro. Nós cuida da segurança e ele das burocracia.
Bati a mão na mesa puto de ódio. Se aquele dotorzinho acha que pode comigo, vou lhe mostra o caos.
Sai dali e fui pra casa. Troquei de roupa e fui pro asfalto.
Cheguei na porta do prédio e quando ia entrar alguém esbarrou em mim.
Aquele olhar eu reconheço. Coração do bandido bateu maior forte.
Balancei a cabeça e entrei no prédio sem ser anunciado.
💭 Devo estar doido ainda. Aquela não pode ser ela.
Entrei na sala do dr. e me sentei esperando ele voltar. Velho chegou com uns negócios na mão e levou maior susto ao me ver.
- Senhor Meireles, faz oque por aqui?
Ele guardou as coisas no armário e se sentou.
- Resolve essa merda de transferência hoje ou meu cliente vai destruir você e a mim. Eu só aceitei essa parceria entre nossos escritórios pois você é o maior do país. Resolva essa merda ou farei algumas ligações que acabaram com todo seu prestígio.
Antes dele responder ela entrou. Sim, é ela. Sua voz não é mais tão doce, mais sim, é ela. Me mantive de costas, jamais teria coragem de a olhar nos olhos. Meu anjo, minha Angel.
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Comments
Família Soares
autora, li com a respiração presa.
2025-05-13
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