O despertador toca às 6h30 em ponto. Izuku abre os olhos devagar, ainda envolto no calor do cobertor. O quarto está silencioso, exceto pelo som baixo que começa a sair dos fones grandes em suas orelhas. Uma melodia suave, instrumental, que ele escuta todos os dias para começar bem a manhã.
Ele encara o teto por alguns minutos, sem pensar em nada específico. Apenas deixa a música preencher os espaços vazios da sua mente.
Depois de alguns minutos, ele se levanta, troca o pijama por o uniforme escolar e vai até a cozinha.
𝘐𝘻𝘶𝘬𝘶 𝘔𝘪𝘥𝘰𝘳𝘪𝘺𝘢
Bom dia, mãe...
𝘐𝘯𝘬𝘰 𝘔𝘪𝘥𝘰𝘳𝘪𝘺𝘢
Bom dia, querido! Dormiu bem?
𝘐𝘻𝘶𝘬𝘶 𝘔𝘪𝘥𝘰𝘳𝘪𝘺𝘢
Uhum... Acordei com uma música boa. Isso ajuda.
Inko sorri enquanto serve o arroz e o misoshiru do café da manhã. Mesmo com a correria, ela sempre faz questão de preparar uma refeição simples, mas feita com carinho.
𝘐𝘯𝘬𝘰 𝘔𝘪𝘥𝘰𝘳𝘪𝘺𝘢
Não esquece o casaco, parece que vai esfriar hoje à tarde.
𝘐𝘻𝘶𝘬𝘶 𝘔𝘪𝘥𝘰𝘳𝘪𝘺𝘢
Pode deixar.
Os dois seguem juntos até a estação de metrô, como todos os dias. O caminho é cheio de pessoas apressadas, mas para Izuku, ao lado da mãe, o trajeto parece menos cansativo. Eles não falam muito, mas o silêncio entre os dois é confortável.
𝘐𝘯𝘬𝘰 𝘔𝘪𝘥𝘰𝘳𝘪𝘺𝘢
Boa aula, Izuku.
𝘐𝘻𝘶𝘬𝘶 𝘔𝘪𝘥𝘰𝘳𝘪𝘺𝘢
Obrigad—!
Antes que ele termine a frase, o sinal de fechamento das portas do metrô soa, e ele entra correndo, acenando pela janela.
Ao chegar na escola, a paz da manhã começa a se desfazer. Os corredores estão cheios de conversas altas, risadas forçadas e alunos apressados. Izuku caminha com o olhar baixo, tentando passar despercebido.
Mas isso nunca funciona por muito tempo.
𝘒𝘢𝘵𝘴𝘶𝘬𝘪 𝘉𝘢𝘬𝘶𝘨𝘰𝘶
(em voz alta, ao vê-lo entrar na sala):
Olha só quem chegou… o verdinho fracote.
Os colegas em volta riem, como se estivessem assistindo a um programa de comédia. Izuku força um sorriso e caminha até sua carteira, fingindo não ouvir.
𝘒𝘢𝘵𝘴𝘶𝘬𝘪 𝘉𝘢𝘬𝘶𝘨𝘰𝘶
(se aproximando):
Tá com fone de novo, Midoriya? Vai fugir do mundo ouvindo música agora?
𝘐𝘻𝘶𝘬𝘶 𝘔𝘪𝘥𝘰𝘳𝘪𝘺𝘢
(baixo):
Só… gosto de escutar no caminho. Me ajuda a relaxar.
𝘒𝘢𝘵𝘴𝘶𝘬𝘪 𝘉𝘢𝘬𝘶𝘨𝘰𝘶
(encarando com desdém):
Relaxa demais e esquece que vive num mundo real. Cresce, nerd.
Antes de se afastar, Bakugou dá um tapa leve na mochila de Izuku, que quase cai no chão. Os risos ecoam pela sala novamente. Ninguém diz nada. Ninguém nunca diz nada.
Izuku se senta, tentando disfarçar o desconforto. Puxa o caderno devagar, respira fundo e encara a página em branco à sua frente.
Comments