“Amara”
Estou eu aqui de novo, não sei porque meu chefe insiste em me mandar nesses simpósios, acho que é para me tirar um pouco do hospital, depois que meu noivo faleceu eu me dediquei única e exclusivamente a minha profissão, continuo com medo de voar e agora estou prestes a subir em um avião para voltar a minha cidade e para meu apartamento solitário.
Sentei-me na poltrona, peguei o papel do bombom que Arthur me deu na minha última vez que voamos. Tentei relaxar, estou esperando começar meu tormento. Fechei os olhos um pouco e senti alguém sentando na poltrona ao lado, abri meus olhos e não acredito no que vejo.
O homem que me roubou o papel há dois anos, espero que ele não lembre de mim.
Quando ele vira me cumprimentar, vi o sorriso de reconhecimento nos lábios dele.
— Moça do bombom, quanto tempo!
— Oi! Parece que a sua sina é me suportar com meu papel de bombom.
— Se me lembro bem, fiz você parar.
— Você roubou meu papel, isso sim.
— Mas te acalmei e viajamos tranquilos.
— Mas hoje vou viajar com meu papel e você não vai poder fazer nada.
— Tudo bem, vou colocar meus fones e você pode amassar seu papel o tanto que você quiser.
— Você está diferente, parece mais moreno.
— Mudei algumas coisas na minha rotina.
O vi colocando os fones e fiquei incomodada, não sei por quê, mas queria continuar conversando, mas já que ele não quer, não vou insistir.
Fazia uma hora que estávamos voando e ele continua com os olhos fechados, eu preciso ir fazer xixi, fui obrigada a cutucar nele.
Bati a primeira vez devagar, nada dele se mexer. Cutuquei de novo, ele abriu os olhos e eu quase esqueço o que tenho a dizer, o verde dos olhos dele me lembra o mar.
— Você quer algo ou é só para me acordar?
— Preciso levantar, você pode me dar licença?
Ele virou de lado e eu fui para passar por ele, o avião deu uma sacudida repentina e eu caí sentada no colo dele com minha mão em cima do seu coração.
Fiquei paralisada, depois que Arthur morreu não senti atração física por mais ninguém, mas agora sentindo o coração dele bater bem na direção da minha mão é como se meu corpo reconhecesse os batimentos, o coração do Arthur tinha uma arritmia, mas investigamos e vimos que todos os irmãos dele também tinham, então não era um problema era um diferencial, três batidas longas, uma curta e uma paradinha, e assim faz de novo.
Deu trabalho para eu me concentrar e conseguir sair do colo dele. Porque aquelas batidas me chamam.
— Você tem problema de coração?
— Não, mas você parece ter algum distúrbio mental. Não que eu esteja achando ruim, mas você está sentada no meu colo e apertando meu peito, acho que seu namorado não vai gostar.
Levantei rapidamente e fui ao banheiro sem dizer mais nada, Amara a família inteira do Arthur tem essa batida diferente do coração.
Voltei, ele desviou as pernas e eu vi no bolso da camisa dele meu papel do bombom.
— Me devolve o embrulho, por favor.
— Você deixou cair, eu só peguei, não seria melhor você comprar um bombom novo a cada viagem? Esse papel está desmanchando.
— Quem me deu esse bombom não tem como me dar outro, me devolve, por favor.
Tirei o papel do bolso e devolvi.
“José”
Lá vou eu de novo para Rio Preto, minha rotina médica ainda é contínua, vou todo mês aqui na PUC fazer os exames e uma vez no ano tenho que ir ao HB também fazer os exames de controle porque o meu médico é daqui.
Subi no avião com o papel que aquela moça loira estava usando, ele virou meu amuleto e foi a partir daquele dia que consegui minha saúde de volta.
E agora estou com ela ao meu lado, parece mais magra, tem o olhar triste, mas continua cheirosa e muito bonita e agora não vou morrer. Acho que posso jogar minha isca, não que eu ache que uma mulher linda e culta daria bola para um cara xucro e sem estudo como eu, mas vai que dá certo.
Resolvi colocar os fones e dar um tempo para ver como ela reage, vi que ficou incomodada, mas não me falou nada, de repente me cutucou olhei e me perdi olhando tanta beleza, me pediu para deixá-la passar, virei minhas pernas para que ela passasse o avião deu um solavanco ela desequilibrou e caiu sentada em meu colo, colocou a mão bem em cima do meu coração que disparou de um jeito que quase não consegui controlar.
Ficou parada, parece assustada, apertando meu peito, comecei a ter umas ideias, tipo tirar os cabelos que estão caindo para a frente e colocar atrás da orelha, ou fazer um carinho nos lábios só para ver se são macios.
Quando achei que não poderia ficar mais esquisito, ela me perguntou.
— Você tem algum problema cardíaco?
Eu não saio contando para todo mundo que operei o coração, neguei e resolvi fazer uma brincadeira para ver se alivia a sensação que estou tendo de que agora ela está no lugar certo, só falta eu levar a mão no quadril dela e trazê-la para meu peito.
— Não, mas você parece ter algum problema mental. Não que eu esteja achando ruim, mas você está sentada em meu colo e apertando meu peito.
Ela levantou sem nem dizer nada e parece que meu coração errou uma batida, sentindo falta do contato com ela.
Comecei a rir sozinho, até parece que estou apaixonado por ela, isso é muito esquisito.
Quando a vi voltando, não consegui controlar a alegria que sinto em meu peito, parece que meu coração acha que ela é a peça que estava faltando para nós dois.
Dei espaço para ela sentar e me agradeceu, fechou os olhos e começou a amassar o papel.
— Você poderia tentar só respirar ao invés de querer enlouquecer seu vizinho do lado amassando esse papel.
— Coloque seus fones e me deixe amassar meu papel.
— Eu não quero colocar meus fones, conversa comigo, como você se chama?
— Eu não sei se quero falar meu nome para você.
— O meu nome é José.
Virei para ela e estendi a mão, esperando-a apertar, ficou olhando, achei que ia recusar, mas pegou.
Senti uma corrente elétrica correr pelo meu corpo.
— Muito prazer, José, eu me chamo Amarantha, mas pode me chamar de Amara.
Eu não sei porque virei a mão dela para cima e beijei o pulso, vi-a mudar a respiração.
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Atualizado até capítulo 35
Comments
Amélia Rabelo
oh comédia esses 2
2025-04-28
2