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Sob a Luz da Ruína
Por um instante, ninguém se moveu. O nome do estranho — Maeron — ecoava nas paredes da caverna, reverberando como um presságio.
Lyra apertou os punhos. O instinto primal dentro dela gritava para atacar, para não confiar. Mas algo mais profundo — um sussurro vindo da própria maldição — a impelia a ouvir.
Caelum foi o primeiro a avançar, a lâmina brilhando ameaçadoramente sob o brilho tênue da lua que filtrava pelas fendas do teto.
— Fale. — Sua voz era baixa e cortante. — Por que deveríamos confiar em você?
Maeron inclinou levemente a cabeça, como se medisse o valor deles.
— Porque eu conheço o caminho para o Vale do Primeiro Sangue — disse ele. — E lá está a única chance de quebrar o ciclo.
Os olhos de Lyra se estreitaram.
O Vale do Primeiro Sangue... um nome que só existia em antigos sussurros, em histórias contadas pelos anciãos na escuridão.
— Isso é uma armadilha? — perguntou Eira Blackthorn, que agora se erguia ao lado de Lyra, seu rosto marcado pela desconfiança.
Maeron soltou um sorriso amargo.
— Se fosse uma armadilha, já estariam mortos.
O silêncio que se seguiu foi pesado.
Até que um rugido cortou a noite.
Eles chegaram.
As paredes da caverna tremeram quando os Caçadores da Lua Nova desceram a montanha. Ecoaram gritos, o som seco de bestas sendo carregadas, o relinchar de cavalos de guerra.
— Preparem-se! — bradou Caelum, girando para o clã. — Sem hesitação!
Lyra sentiu o sangue ferver.
Seu lobo interno despertou como um raio, atravessando suas veias com pura fúria.
Ao lado dela, os outros também começaram a mudar — olhos brilhando em tons dourados e vermelhos, dentes se alongando, garras estalando dos dedos.
Maeron recuou para as sombras, observando.
A entrada da caverna explodiu em poeira e pedra quando o primeiro grupo de caçadores irrompeu, lanças em punho.
Lyra nem pensou.
Avançou.
A batalha era selvagem e brutal.
Ela se movia com a graça de uma tempestade, desviando de golpes, atacando com precisão letal.
O gosto de sangue — metálico e quente — explodiu em sua boca quando seus dentes rasgaram a garganta de um inimigo.
Ao seu lado, Caelum era pura fúria — uma dança letal de lâminas e garras.
Mas eram muitos.
Mais do que podiam enfrentar.
— Caelum! — gritou ela, esquivando-se por pouco de uma lança que cortou seu ombro.
Ele a ouviu, mas seus olhos já estavam focados no inevitável: estavam cercados.
Era o fim.
Até que Maeron se moveu.
Do fundo da caverna, ele ergueu ambas as mãos, murmurando palavras em uma língua esquecida. O ar estalou, pesado com magia.
Um círculo de luz cinzenta surgiu ao redor do clã.
E então — como se a própria realidade se dobrasse — eles desapareceram.
Transportados.
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Quando Lyra abriu os olhos, estava deitada sobre pedras negras e grama prateada.
O céu acima era diferente — um vermelho profundo, como se o sol tivesse sido assassinado.
O grupo havia sido lançado em outro lugar.
E à frente deles, a visão era impressionante: um vale profundo, cercado por montanhas que pareciam tocar o céu, e no centro dele, uma árvore imensa — antiga, de galhos retorcidos e um tronco negro como obsidiana.
O Vale do Primeiro Sangue.
Maeron os observava à distância, sua expressão grave.
— Aqui — disse ele — é onde tudo começou.
E onde tudo pode terminar.
Lyra sentiu o peso das palavras.
Seu destino, e o de todos os seus irmãos, seria decidido naquele solo amaldiçoado.
Mas o que ela ainda não sabia...
É que o Vale guardava mais do que respostas.
Guardava o verdadeiro inimigo.
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Atualizado até capítulo 72
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