Capítulo 9 – O Jantar da Verdade

O jantar com os Mancini estava marcado. Seria a primeira vez que Aurora veria o pai desde o casamento. Desde que fora entregue como moeda de paz.

Ela chegou ao salão de braços dados com Luca, com um vestido colado que revelava a gravidez. Sua postura era firme, seu olhar de guerra.

Don Alberto ergueu-se com um sorriso forçado.

— Você está… bela, filha.

Aurora respirou fundo.

— Estou sobrevivendo. Como sempre fiz.

O clima estava tenso. Mas foi quando Luca se levantou e encarou o sogro que o ar congelou.

— Se algo acontecer com Aurora ou com meu filho, não será apenas um rompimento de aliança. Será um massacre.

O Don ficou em silêncio, mas seus olhos revelavam orgulho… e medo.

Aurora sentiu o coração apertado. Pela primeira vez, Luca não falou por obrigação. Falou com fúria. Falou com verdade.

E ela soube: ele não era apenas seu carcereiro.

Era seu protetor.

Seu inferno… e, talvez, seu paraíso.

Capítulo 10 – O Don e o Pai

Luca sempre foi temido. Respeitado. Mas nunca vulnerável.

Até agora.

Aurora o encontrou no escritório, sozinho, debruçado sobre fotos e mapas. Havia uma garrafa de uísque quase vazia ao lado.

— Luca?

Ele ergueu os olhos. Estavam vermelhos.

— Estou tentando prever o próximo movimento do seu pai... e do meu. — Ele suspirou. — Nem todos estão satisfeitos com a trégua. E agora que há um filho em jogo…

— Você tem medo?

Luca a olhou por longos segundos. Então se aproximou e tocou a barriga dela com uma reverência inesperada.

— Tenho medo de perder vocês.

Aurora sentiu o coração apertar. Pela primeira vez, ele se despia da armadura.

Pela primeira vez… ela viu o homem por trás do Don.

Capítulo 11 – Os Primeiros Chutes

Aurora acordou no meio da noite com um sobressalto. Havia algo diferente.

Uma leve pressão.

Um toque interno.

Ela levou as mãos à barriga. Esperou. E então, ali estava. O primeiro chute.

— Luca! — chamou, quase sem fôlego.

Ele entrou no quarto com os olhos alerta.

— O que foi?

Ela pegou a mão dele e a colocou sobre a barriga.

— Sente...

Ele esperou. E quando o movimento veio, seus olhos se arregalaram.

— Santo Deus…

— Está vivo. Está crescendo.

Ele se ajoelhou diante dela. Tocou seu ventre com devoção. Um gesto puro. Forte. Intenso.

— Meu filho…

Aurora acariciou os cabelos dele, surpresa por ver aquele homem tão impenetrável, quebrado por um simples movimento de vida.

Ali, naquela madrugada silenciosa, algo mudou entre eles.

O ódio começava a ruir…

E o amor, ainda sem nome, dava seus primeiros passos.

Capítulo 12 – O Presente e a Promessa

Para seu aniversário, Aurora não esperava nada. Mas Luca apareceu no quarto com uma caixa envolta em seda escura.

— Feliz aniversário, moglie mia.

Ela abriu a caixa devagar. Dentro, havia uma pulseira antiga, com o brasão da família Moretti gravado. Mas o mais surpreendente era o que vinha junto: uma carta escrita à mão.

"Aurora,

Nunca fui de palavras. Muito menos de sentimentos.

Mas você me desafia a cada dia.

Me transforma, mesmo quando não percebo.

Obrigado por carregar meu filho.

E por me ensinar, com cada olhar, que talvez… eu ainda possa amar.

– Luca."

Ela leu com os olhos marejados. Quando levantou o olhar, Luca já estava diante dela, tenso, vulnerável.

— Você é o presente que eu não pedi… mas que não consigo mais viver sem.

Aurora o abraçou com força, sentindo-se, pela primeira vez, amada.

E então sussurrou em seu ouvido:

— Talvez você ainda aprenda a ser um homem bom, Luca Moretti.