Meu Coração Pertence a um Gângster
05. Violetas
O cheiro de terra molhada, sol da manhã e folhas vivas deveria ser reconfortante. Mas ali, no jardim da mansão Mancini, até a natureza parecia observar em silêncio.
Já se passaram algumas manhãs que Maddox acordava naquela casa, e como sua função era cuidar do jardim…estava ajoelhado diante de um canteiro de violetas, segurando uma pequena pá com dedos ainda pouco acostumados ao trabalho. A terra cedia sob suas mãos, leve, como se não soubesse do sangue que já fora derramado naquela casa.
Do outro lado do jardim, lírios negros cresciam entre os poucos raios de sol que haviam sob as sombras das árvores. Rosas brancas absurdamente perfeitas preenchiam um canteiro circular perto da fonte. E, entre pequenas fileiras de margaridas, havia algo que o surpreendeu: parreiras.
Parreiras enormes, com cachos já formados, cobriam um arco de ferro e davam sombra a uma mesa de pedra. Oliveiras velhas contornavam os limites do jardim como sentinelas.
Troy Maddox
Pelo visto o inferno também tem paisagismo
Troy Maddox
“murmura passando a mão num galho de oliveira”
Voltou para as violetas e continuou o trabalho, mas sua mente vagava.
Repassava, como um disco arranhado, o momento em que Dante o obrigou a arrumar seu quarto e o que ele mesmo o disse depois.
Troy riu sozinho, quase sujando o rosto com terra ao abaixar a cabeça.
Troy Maddox
Espero não ser enterrado nesse jardim
No andar de cima, atrás da janela entreaberta do escritório, Mancini não apenas lembrava das palavras. Ele as sentia ressoar no peito como uma nota dissonante.
Repetia cada sílaba mentalmente, em silêncio, enquanto observava o garoto lá embaixo. Joelhos sujos, cabelos desgrenhados, boca atrevida
Dante Mancini
“Eu não tenho medo de você.”
Dante Mancini
Talvez eu deva fazer você me temer…não?
Murmurava ao observar o mais novo cuidar da fileira de violetas
A ousadia o irritava.
O desdém… o instigava
Maddox era um garoto problema. Um espinho cravado sob a pele, daqueles bem difíceis de tirar. Tantas outras pessoas quebraram com um único olhar seu.
Mas ele? Ele olhava de volta. E sorria.
Dante Mancini
“Cara mal lavada…”
Dante Mancini
Hm! Logo a minha?
O insulto ecoou como uma ironia deliciosa.
Dante, que cultivava a própria imagem com tanto rigor, que nunca aparecia publicamente sem estar impecável… ter sido desafiado assim?
Absurdo. Inadmissível
Mas havia uma faísca em Troy que o impedia de puni-lo como fazia com os outros.
Como se… já tivesse se acostumado a ver aquele fogo de longe, esperando o momento certo para se aproximar.
Troy Maddox
“Limpa o suor da testa”
Troy Maddox
Oh trabalhinho chato…
Troy Maddox
“Olha pra cima”
Troy Maddox
~esse cuzao não cansa de me olhar não?~
Troy Maddox
~eu sei que sou lindo…mas isso aí já é demais~
Troy Maddox
“Cerra os olhos irritado”
Troy Maddox
Vai continuar me encarando?!
Troy Maddox
Ou eu posso terminar meu trabalho em paz?!
Dante Mancini
“Arqueia uma sobrancelha e ri sem humor”
Dante Mancini
“Não responde e apenas desvia o olhar”
Troy Maddox
~ele deve tá achando que me encarar vai me dar medo~
Troy Maddox
~Boa sorte com isso, Mancini~
Troy voltou ao trabalho e mergulhou as mãos na terra mais uma vez, agora diante das margaridas. E mesmo ali, entre as flores, sentia o peso do olhar de Dante como um sol incômodo demais para o início da manhã.
Mas ele não desviaria.
Nunca desviaria.
“Ação” (uso aspas pois no meu teclado é mais perto e mais rápido de escrever, O * é um pouco mais demorado.)
💭 Pensamento
~Sussurro ou murmuro~
Interrompid-
Gemido~~
G-gaguejando
GRITO
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