Bianca:
Cheguei em casa correndo para o quarto, nervosa e pensando o quanto eu tive sorte de ter um momento de sanidade, se tivesse deixado me levar por mais uns segundos eu poderia ter me arrependido amargamente ...ou talvez não, mas eu acho q era melhor assim. Eu teria me arriscado por alguém que eu mal conheço! E além do mais, ele é meu professor! Nada pode acontecer entre nós. Mas aquele cara...Ele é muito misterioso, não consigo entende-lo.Preciso descobrir mais informações. Se pelo menos o David tivesee aq! Ele saberia exatamente o que fazer!
No outro dia
A universidade parecia o mesmo de sempre, mas para mim, cada passo no corredor era como andar em terreno minado.
Entrei na sala com a mochila pendurada em um ombro, tentando parecer calma, neutra, normal. Vestia um look mais discreto que o habitual - uma saia plissada preta e uma camisa branca folgada - como se tentasse, com a roupa, esconder o que sentia por dentro.
Quando o sinal bateu, ocupei meu lugar na segunda fileira e puxei o caderno com rapidez, como se a concentração extrema pudesse apagar a noite anterior da memória.
Mas então ele entrou.
Cassian.
O ar da sala mudou imediatamente. Alguns alunos comentaram algo sobre o cabelo dele estar mais bagunçado, ou a camisa estar mais justa. fingi estar muito ocupada rabiscando a borda do caderno.
- Bom dia - ele disse, sua voz firme, cortando o burburinho.
Os olhos dele passaram pela sala... e pararam em mim. Por um segundo longo demais.
Não olhei de volta.
- Abram na página 47 - ele disse, caminhando até a mesa. - Hoje vamos falar sobre tragédias inevitáveis.
Meu coração afundou no peito.
Cassian falava com a classe inteira, mas parecia estar se dirigindo só a mim. A voz dele era calma, o tom levemente provocativo, como se estivesse jogando com as palavras.
- O mais interessante nas tragédias, é que os personagens sempre sabem que vai dar errado... mas continuam mesmo assim.
Apertei o lápis entre os dedos. Queria gritar. Ou rir. Ou chorar.
Me forçei a manter a cabeça baixa, a escrever qualquer coisa - qualquer coisa que não fosse o nome dele no canto da página.
Mas a presença dele era esmagadora. E quando ele passou por trás da minha cadeira, senti o perfume que ainda estava preso na memória da noite anterior.
Cassian parou ao lado, fingindo olhar os cadernos.
Se abaixou levemente, o suficiente para sussurrar sem que ninguém percebesse:
- Achei que fosse fugir pra sempre, Bianca.
Eu o ignorei. Fingi que não ouviu.
Mas a pele queimava. O coração corria. E a guerra dentro de mim começava de novo.
(QDT)
Cruzava o pátio em silêncio, tentando fingir que não sentia os olhares - ou talvez imaginando eles. Desde o episódio com Cassian, o mundo parecia mais pesado. Mas não havia tempo pra drama hoje. Só queria passar despercebida.
- Ei! - uma voz conhecida soou atrás de mim.
Virei devagar e vi um rosto que fez meu estômago dar um pulo.
- David?!
O garoto ergueu as mãos como quem se entregava.
- Achei que fosse me ignorar pra sempre.
Corri até ele e o abracei forte. Por um momento, senti como se tivesse voltado pra casa.
- Como assim você tá aqui? - Perguntei, os olhos brilhando. - Achei que você tivesse ficado.
- Meus pais mudaram por causa do trabalho da minha mãe. Nem sabia que você tava nessa universidade também. E pelo visto... você tá diferente. - Ele me olhou de cima a baixo, com um sorrisinho provocador. - Saia curta, cabelo mais curto ainda... quem diria, hein?
- Cala a boca, David.
- Brincadeira... você tá linda. Sério. - Ele sorriu, agora mais sincero. - Mas tá com cara de quem tá escondendo alguma coisa.
Apenas ri, desviando o olhar.
- Você sempre acha que eu tô escondendo alguma coisa.
- Porque você sempre tá.
Antes que eu respondesse, uma figura surgiu ao lado dos dois com um copo de café na mão e uma expressão curiosa no rosto.
- Vocês vão ficar flertando aí na minha frente ou posso interromper?
Pisquei surpresa. Era uma menina ruiva, com sardas no rosto, batom vermelho impecável e um uniforme customizado que deixava claro que regras de moda não se aplicavam a ela.
- Eu sou a Lívia - disse ela, direto. - Te vi ontem. Você tava com cara de quem ia chorar ou matar alguém.
- Eu... ah, não era nada disso. - gaguejei, tentando sorrir.
- Relaxa, todo mundo tem um colapso interno no primeiro mês. Menos eu, claro. Eu sou o colapso dos outros. - Lívia tomou um gole do café e apontou pro David - Namorado?
- Credo, não! - Respondi na hora, fazendo David rir.
- Obrigado, hein? - ele resmungou.
- Melhor amiga, então? - Lívia continuou. - Porque eu tô aceitando o cargo. A gente tem que conversar... sobre aquele professor.
Gelei.
- Que professor?
- Você sabe qual.
Lívia piscou.
David cruzou os braços.
- Eu não gosto dela, mas ela é esperta. A gente devia mesmo conversar sobre esse tal "professor".
Soltei um suspiro pesado e olhei pros dois.
- Vocês dois vão me dar trabalho.
- E você vai amar cada segundo - Lívia respondeu com um sorriso cúmplice.
E assim, sem perceber, começava a construir meu pequeno círculo... o tipo de aliança que, mais cedo ou mais tarde, eu perceberia ser essencial.
Principalmente quando se está apaixonada por um professor... e ele é chefe da máfia.
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 31
Comments