Capítulo 4

Hugo soltou um suspiro pesado, mas logo um sorriso malicioso surgiu em seus lábios.

Hugo: Eu vou sair primeiro, espera uns segundos e depois sai também. Melhor ninguém suspeitar.

Sabrina assentiu, mas antes que ele pudesse dar um passo, segurou o rosto dele e lhe deu um selinho rápido.

Sabrina: Vai logo antes que eu te arraste de volta pra essa bancada.

Hugo riu baixo, passando a língua nos lábios, claramente tentado a ignorar o próprio plano.

Hugo: Você me provoca demais, mulher…

Ele respirou fundo e se afastou, saindo da cozinha como se nada tivesse acontecido. Sabrina ficou parada por alguns segundos, mordendo o lábio, pensando em como faria para recuperar o domínio daquela festa. Ela não ia deixar Martha e Heitor tomarem conta de tudo, não mesmo.

Sabrina: (falando sozinha) Tá na hora de ativar o modo vadia.

Ela inspirou fundo, ajeitou os cabelos e saiu da cozinha com passos confiantes.

Assim que chegou à sala, encontrou Hugo conversando com Laura. Olhou para o sofá e viu Martha e Heitor brincando com Mateo, como se fossem a família perfeita. Sabrina revirou os olhos discretamente, mas logo sua atenção se voltou para algumas crianças brincando por perto.

Foi então que a ideia perfeita surgiu em sua mente.

Sabrina: (em voz alta) Quem quer brincar de pique-esconde?

Mateo, que até então estava no colo de Martha, arregalou os olhinhos e imediatamente se jogou para frente, saindo dos braços da mãe sem pensar duas vezes.

Mateo: ‘quelo! ‘quelo!

Sabrina segurou um sorriso de vitória ao ver a cara feia de Martha. Disfarçadamente, trocou olhares com Hugo, que assistia a cena com um sorriso satisfeito.

Ela se agachou perto de Mateo e olhou para as outras crianças.

Sabrina: Certo, pessoal! As regras são simples: ninguém pode se esconder nos quartos e nada de sair para o quintal, combinado?

As crianças assentiram animadas, já começando a correr para procurar esconderijos.

Do outro lado da sala, Jenna cruzou os braços e bufou, não perdendo a oportunidade de alfinetar.

Jenna: Nossa, Sabrina, sério? Brincando de pique-esconde? Quantos anos você tem, cinco?

Sabrina olhou diretamente nos olhos dela, sem perder a compostura, e deu um sorriso falso antes de responder com simplicidade:

Sabrina: Jenna, são crianças.

Jenna abriu a boca para responder, mas fechou rapidamente, sem ter o que dizer. Sabrina apenas piscou para ela e então se virou, começando a fingir que procurava as crianças enquanto Mateo ria e corria pela sala, completamente empolgado.

Hugo observava a cena de longe, segurando o riso. Sabrina definitivamente sabia como virar o jogo.

Sabrina começou a andar pela sala, fingindo não ver as crianças escondidas atrás dos móveis, das cortinas e até mesmo embaixo da mesa.

Sabrina: Hmm… onde será que essas crianças se meteram? Sumiram! Acho que vou ter que desistir…

Um risinho abafado veio de trás do sofá, e Sabrina se virou rapidamente, fingindo surpresa.

Sabrina: Ahá! Te encontrei!

A menininha que estava escondida ali soltou uma risada alta e correu para o lado, mas Sabrina foi rápida e tocou seu ombro.

Sabrina: Peguei você! Agora ajuda a procurar os outros!

A menina pulou animada e foi correndo procurar com ela. Pouco a pouco, foram achando as outras crianças, uma atrás da poltrona, outra atrás da cortina, e um menino esperto que tentou se esconder atrás das pernas da própria mãe.

Os pais que estavam na festa observavam a cena com sorrisos no rosto. Muitos deles até relaxaram um pouco mais, satisfeitos por verem seus filhos se divertindo tanto.

Pai de uma das crianças: Sabrina tem jeito com crianças, hein?

Mãe de outra criança: Pois é, olha só como eles estão felizes! Faz tempo que não vejo meu filho se soltar assim.

Hugo, que escutou os comentários, sentiu o peito se aquecer de orgulho. Ele sabia melhor do que ninguém o quanto Sabrina era especial. E olhando Mateo, rindo e correndo de um lado para o outro, ficou ainda mais claro para ele que seu filho simplesmente a adorava.

Enquanto isso, Martha assistia tudo de longe, segurando um copo de suco com força. Seu rosto estava fechado, os olhos fixos em Mateo, como se estivesse vendo algo que a incomodava profundamente.

Martha: (baixo para Heitor) Ele só quer saber dela…

Heitor: Deixa pra lá, Martha. Não faz cena agora.

Mas Martha não conseguiu desviar o olhar, sua expressão se tornando cada vez mais sombria enquanto via Mateo correndo diretamente para Sabrina, abraçando suas pernas e rindo alto.

O clima de animação tomou conta da festa quando as crianças, mesmo relutantes, foram convencidas a parar a brincadeira para o momento mais esperado: o parabéns para Mateo.

Todos começaram a se aproximar da mesa do bolo, formando um semicírculo animado ao redor dela. Hugo, com Mateo no colo, se posicionou atrás da mesa, bem de frente para os convidados. O menino estava empolgado, os olhinhos brilhando ao ver o bolo decorado com seus personagens favoritos.

No meio da movimentação, Martha começou a andar, se aproximando da mesa com um olhar determinado. Mas antes que pudesse chegar muito perto, Sabrina se colocou na frente dela, bloqueando sua passagem.

Sabrina virou o rosto ligeiramente para trás, sussurrando de forma afiada, porém discreta:

Sabrina: Esse momento não é seu.

Martha fechou a cara e tentou passar, mas Sabrina manteve a postura firme.

Martha: Sai da minha frente.

Sabrina: Já não acha pouco ter traído o Hugo? Agora quer se enfiar na vida dele de novo?

Martha apertou os lábios, seus olhos faiscando de raiva, mas antes que pudesse responder, os primeiros acordes da música de parabéns começaram e todos começaram a cantar. Percebendo que não era o momento certo para causar uma cena, Martha suspirou pesadamente e deu um passo para trás, voltando para perto de Heitor, ainda lançando olhares irritados para Sabrina.

O parabéns foi animado, com palmas e Mateo batendo as mãozinhas junto, rindo com a atenção voltada para ele. Hugo, segurando o filho com carinho, inclinou-o levemente para a frente e ajudou a apagar a velinha. Um coro de aplausos ecoou pela sala, e então Hugo pegou a faca, guiando a pequena mão de Mateo para cortar o primeiro pedaço do bolo.

Os olhares dos convidados se voltaram para o prato com o primeiro pedaço de bolo, e logo começaram os murmúrios.

Convidado 1: Vai ser pro Hugo, né?

Convidado 2: Acho que vai pra Martha, ela é a mãe dele.

Convidado 3: Ou pra vó!

Hugo apenas observava, enquanto Mateo olhava ao redor, os olhinhos passeando por cada rosto. Ele viu Martha, viu Laura, mas assim que seus olhos encontraram os de Sabrina, seu rosto se iluminou.

Mateo (gritando animado): TIA BINA!

O silêncio tomou conta da sala por um segundo, antes de ser quebrado por risadinhas e sussurros entre os convidados. Hugo abriu um sorriso, sem demonstrar nenhuma surpresa. Já Martha… bem, ela ficou rígida no lugar, o rosto assumindo uma expressão fechada.

Hugo pegou o prato com o pedaço de bolo e entregou a Sabrina.

Hugo: Parece que temos uma vencedora.

Sabrina pegou o prato com um sorriso, sentindo o olhar furioso de Martha perfurando suas costas. Mas, ao olhar para Mateo, que sorria orgulhoso para ela, não conseguiu se importar.

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