3 - Esfolamento
Após um noite mal dormida, Yen Jie levantou para preparar o café da manhã dele. Ao abrir a geladeira e ver que as únicas coisas que ele poderia usar para fazer algo para comer eram ovos, ele suspirou. Ele realmente precisava fazer compras depois do trabalho.
Jie pegou dois ovos da geladeira e a fechou, logo após indo até o armário da cozinha. Ao abrir o móvel ele pega a frigideira que estava com ele a alguns anos, e urgentemente precisava ser posta de lado.
Yen Jie
(Tomara que o cabo não caia enquanto eu frito os ovos.)
Yen Jie
(Aí sim, meu dia vai tá uma merda.)
Após a frigideira quase deixar de ser útil, ele consegue fazer ovos mexidos para comer com pão. Após isso, ele esquenta leite para ele tomar com achocolatado.
Enquanto ele tomava café, o celular dele vibra e quando ele olha quem era, ver que era Morgan.
Morgan
— Não encontrei nada. A pessoa parece ter usado um número não rastreável.
Morgan
— Não consegui nada com o cartão também.
Yen Jie
(Então não tinha nada? Eu vou ter que tentar a sorte com as câmeras de segurança.)
Yen Jie
(Acho que quem tá trabalhando hoje é o Joseph. Assim facilita demais conseguir ver as câmeras.)
Após tomar o seu café da manhã, Jie fez suas higienes pessoais e colocou uma roupa que o mantivesse aquecido nesse começo de inverno enquanto ele trabalhava.
Antes de ir para o trabalho, Jie conversa com o segurança do condomínio e explica a situação de maneira vaga. Dizendo que alguém deixou um buquê e ele não sabia quem era, e que ele estava achando isso estranho.
O guarda, sendo um conhecido de Jie, aceita mostrar as gravações das câmeras de segurança, e o leva até a sala onde era possível analizar-las.
Joseph
Foi dia 11 que o buquê foi deixado na frente do seu apartamento, certo?
Joseph
Alguma idéia de horário que ele possa ter sido colocada lá?
Saber um horário era meio complicado, mas ele podia dizer com certeza que não foi pelos horários de 5 ou 6 horas da manhã, já que ele ainda estava em casa nesses horários.
Yen Jie
Apartir de umas 6 e 10 mais ou menos. Eu não tava em casa, então não posso ter uma certeza.
Joseph deu uma mexida no computador e começou a procurar pelas gravações feitas no dia 11 de fevereiro, apartir das 06:10 da manhã.
Nesse horário o buquê de flores não no local ainda. E em determinado momento, a filmagem pula de 11:30 pra 11:55. Indicando que alguém cortou o sistema de câmeras nesses 25 minutos. E após esse corte, o buquê de flores estava na frente da porta.
Joseph
Parece que alguém deu um jeito de parar as câmeras.
Joseph
Essa pessoa não deve querer que você descubra quem ela é mesmo.
Yen Jie
(Isso dificulta muito a situação.)
Yen Jie
(Certeza que a mesma pessoa que botou o buquê que colocou a foto, então com certeza devem ter feito a mesma coisa com as filmagens.)
Yen Jie
(Mas pra alguém fazer isso com tanta facilidade tem que ter conexões e experiência. Não tem como alguém sem um dos dois ter feito isso.)
Joseph, vendo que Jie parecia preocupado, suspirou.
Joseph
Se estiver com medo dessa pessoa tentar algo, eu posso falar com o dono do condomínio pra tentar botar uma segurança maior no seu apartamento, tá bom?
Jie estava distraído, mas ao ouvir a voz de Joseph é arrancado de sua concentração. Ele assente, sabendo que o melhor era aumentar a segurança dele para caso algo acontecesse.
Joseph
De nada, e se algo assim acontecer de novo é só me falar, tá bom?
Após conversar por mais alguns minutos com o segurança, Jie sai do condomínio. Enquanto ele andava até o ponto de ônibus, ele passou por uma floricultura, e na vitrine estava um buquê com a flor favorita da mãe dele.
Ele ficou a olhar para o buquê, e após alguns segundos decidiu comprar.
Já fazia um tempo desde a última vez que ele deixou flores no túmulo dos pais dele.
Yen Jie
(Eu sai cedo hoje, então eu não vou chegar atrasado mesmo que vá ao cemitério.)
Após andar alguns quarteirões, ele chegou no cemitério da cidade. A vibe do lugar era tristeza e dor. Era possível ouvir parentes chorando por suas perdas enquanto deixavam flores nos túmulos. Por isso ele não gostava de visitar cemitérios. Era doloroso.
Não demorou para ele chegar até o túmulo de seus pais. Mesmo seus pais sendo ricos, tudo foi feito tão simples. Isso sempre foi o desejo deles. Serem enterrados sem tanto luxo, mas como qualquer pessoa. Afinal, depois que se perde a vida, você não se torna nada além de uma casca vazia sem valor qualquer para o mundo.
Quando ele iria colocar as flores no túmulo, ver um buquê de flores em cada um. Eram lírios-brancos, as flores favoritas de Jie.
Yen Jie
(Sempre que eu venho, tem lírios aqui.)
Yen Jie
(Eu me pergunto quem os coloca aqui)
Ele coloca as flores que trouxe na frente dos túmulos e começou a ir em direção da saída.
Antes ele sempre chorava quando visitava o túmulo dos pais, mas com o passar dos anos, ele percebeu que chorar não adiantava. Eles morreram e não iriam mais voltar.
Enquanto ele andava em direção a saída do cemitério, o celular dele vibra.
Yen Jie
(Quem tá me mandando mensagem tão cedo da manhã?)
Ao abrir a notificação, ele resmunga um pouco.
Zak
— Você não veio semana passada para a consulta.
Yen Jie
— Eu tava trabalhando.
Zak
— Não mente pra mim. Eu te conheço desde que você tem 20 anos.
Yen Jie
— Eu não fui porque achava que não precisava mais do acompanhamento.
Zak
— Então teve outra crise?
Yen Jie
— Quando eu vi uma foto dos meus pais.
Zak
— Por isso que eu digo pra você fazer o acompanhamento toda semana, Jie.
Zak
— Você ainda está em fase de recuperação.
Zak
— Eu sei que é chato olhar pra cara do meu psicológico rabugento por 4 anos, mas é necessário.
Yen Jie
— Eu vou essa semana, não precisa ficar dando lição de moral.
Zak
— Vou ficar esperando.
Jie desligou o celular e continuou andando até a saída do cemitério.
Talvez ele não devesse ter parado de ir para a terapia. Assim, ele não teria passado por aquelas dores de cabeça e flashbacks de novo, sempre que eles voltavam ele se lembrava de que a cada crise a imagem do corpo dos pais dele sem vida ficava mais viva, e isso o deixava sem saber o que fazer.
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Megan
Bom dia galera, a rainha chegou!
Yen Jie
Só se for rainha do atraso, né? Era pra ter chegado a horas.
Megan
Tá precisando de um cházinho de camomila pra acalmar os nervos. Se quiser eu faço pra você bem rapidinho.
Megan estava agindo como sempre, tirando sarro da cara de Jie. Era como se fosse o hobby favorito dela.
Yen Jie
Vai levar bronca da Morgan se continuar chegando tarde assim, tu sabe disso né?
Megan
Quem me dera levar bronca daquela gostosa, eu acho que até latia pra ela
Jie não consegue segurar a cara de desgosto, por mais que ele sempre conseguisse manter a neutralidade em outras situações, sempre que envolvia a Megan e toda frase que ela falava que envolvia a Morgan, ele perdia a compostura.
Enquanto eles conversavam, ou melhor, Megan irritava Jie, um cliente entra na floricultura.
Megan
Bom dia, senhor! No que podemos lhe ajudar?
Jie decidiu deixar Megan atender esse cliente, e ficou quietinho atrás do balcão de caixa.
Yen Jie
(Pelo menos quando ela vem, eu tenho um pouco mais de paz.)
Megan
Você vai querer o de sempre, certo? Já vou preparar rapidinho.
Yen Jie
(Então ele é um cliente regular. Que estranho, eu não lembro de ter visto ele nenhuma vez.)
Megan
Aqui, seus lírios-brancos. Como vai ser a forma de pagamento?
Cliente
Em dinheiro mesmo.
Megan
Certo, pode ir naquele caixa alí, é o único funcionando agora pela manhã.
Jie suspira ao perceber que teria que atender outro cliente. Por mais que ele tenha trabalhado como caixa nessa floricultura pelos últimos dois anos, ele não se acostumou ainda com a quantidade de clientes absurda que tinha o ano todo.
Podia ser inverno, verão, primavera ou outono, sempre teria uma quantidade absurda de clientes.
Yen Jie
(Isso prova que as flores são de qualidade, eu acho?)
Yen Jie
O valor é R$69,86.
Após o cliente pagar pelas flores, ele saiu. Deixando Jie e Megan conversando novamente.
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Yen Jie
(Finalmente o dia acabou. Eu não aguentava mais.)
Jie esticou os braços acima da cabeça, sentindo os ossos doloridos após ficar o dia todo em pé trabalhando. Ele observa Megan ensaiar uma cantada para Morgan, e não consegue controlar o desgosto que começa a tornar conta do rosto dele.
E assim que Morgan entrou na loja para fechar o estabelecimento, Megan já meteu um grito.
Megan
Ooo caminhoneira vem fazer vrumvrum aqui na minha cama sua linda!!
Jie sente como se o cérebro dele tivesse sendo martelado.
Yen Jie
(Que cantada esquisita da porra. Quem ensina essas coisas pra ela?)
Morgan
Essa foi uma das melhores cantadas dessa semana.
Yen Jie
(Se essa foi uma das melhores, prefiro nunca ouvir as piores.)
Morgan
Ignorando a loucura da Megan, amanhã não precisam vir trabalhar. A loja vai fechar.
Megan
Essa semana não é a que mais dá lucro nesse período?
Morgan
Eu vou precisar fechar por motivo pessoais.
Yen Jie
(Pelo menos vou ter uma folga.)
Yen Jie
(Eu posso aproveitar e passar no consultório do Zak amanhã.)
Jie sai da loja, deixando Morgan e Megan para trás, começando a fazer o caminho dele para o apartamento. Estava escuro, ele havia saído mais tarde do que ontem.
Eram aproximadamente 18:46 da noite, o movimento nas ruas animado como sempre. Após andar alguns quarteirões, ele chega no apartamento, mas na entrada estava cheio de policiais.
Yen Jie
(.... Policiais? Aconteceu alguma briga?)
Ele se aproximou e tentou entender um pouco do que estava acontecendo, perto de alguns vizinhos tinha uma mulher aos prantos enquanto era inutilmente confortada por aqueles perto dela.
Ele ouve uma voz familiar, e ao se virar na direção de onde ela vinha, ver que era Wei, seu primo, que estava junto de Joseph.
Yen Wei
Ainda bem que você chegou. Eu estava ficando preocupado.
As mãos de Wei estavam trêmulas, e a expressão no rosto dele gritava alívio. O que poderia ter acontecido para Wei está nesse estado?
Ele questionou, se aproximando de Wei e segurando a mão trêmula dele. Ele parecia pálido, como se tivesse visto um fantasma.
Joseph
Houve um assassinato no condomínio.
Joseph
Ninguém sabe quando ou quem morreu.
Joseph
Uma moradora nova achou um corpo esfolado no apartamento que ela tinha acabado de alugar.
Joseph
E o Wei foi ajudar ela porque ela tinha desmaiado, e ele viu o corpo.
Ao ouvir a palavra esfolado, Jie sente a cabeça dele doer, e a visão dele começa a embaçar. Ele leva uma mão para a cabeça, tentando se manter em pé e não ser afetado pela tontura.
Yen Jie
(Mas que droga... De novo essa porcaria.)
A mente de Jie já não consegue compreender as palavras das pessoas ao redor dele, e não muito depois ele sente a consciência dele se esvair do corpo dele.
Antes dele cair contra o chão ele sente alguém o segurar por trás. Mas após isso, tudo fica escuro.
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Apresentação de personagens:
Joseph
27 anos
Trabalha como segurança no condomínio que Yen Jie mora
Zak
28 anos
Psicólogo que acompanha Yen Jie a 4 anos.
Megan
30 anos
Lésbica
Colega de trabalho de Yen Jie
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Os personagens que não possuem sua sexualidade dita na apresentação é porque não tem ela citada em nenhum momento até agora ou não demonstrou interesse romântico em ninguém para ter ela confirmada.
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Com o passar do tempo, o perfil dos personagens vão atualizar com novas informações que forem reveladas nos capítulos posteriores.
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Por favor digam suas opiniões sobre a obra, ou no que vocês acham que eu preciso melhor. Qualquer sugestão é bem vinda! 💗
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