𔘓 ﹏ Pétalas ao Vento ๑ ִֶָ
0.3
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Música: Summertime Sadness
O café esfriava na xícara entre os dedos de Elias. Ele estava sentado no sofá do pequeno apartamento de Nathaniel, observando o amigo revirar o armário em busca de uma roupa “decente” para se declarar a Sophia.
Nathaniel sempre foi assim: inquieto, impulsivo, com um brilho nos olhos que fazia tudo parecer mais vivo. Mas agora, para Elias, aquele brilho era um lembrete cruel do que ele nunca teria.
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Preto ou azul-marinho?
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Hã?
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*Revirando os olhos*
O blazer, Elias. Preto ou azul-marinho?
Elias fingiu pensar, mas no fundo não importava. Nada importava quando ele sabia que cada segundo ali fazia as flores dentro dele crescerem mais.
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Preto. Faz você parecer menos desesperado.
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*Rindo*
Ótimo, porque eu tô desesperado mesmo.
Elias forçou um sorriso, escondendo a dor que vinha junto com a risada do outro.
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Sério, cara… eu nunca senti isso antes. Você sabe, aquele tipo de amor que te deixa sem ar?
Sem ar. Elias riu por dentro. Sim, ele sabia. Sabia tão bem que seu próprio corpo estava literalmente sufocando com isso.
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*Baixando o olhar*
Sei.
Nathaniel jogou o blazer sobre a cama e sentou ao lado dele no sofá, pegando um cigarro do bolso.
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E você? Nunca se apaixonou?
Elias sentiu a garganta travar. Ele poderia contar naquele momento. Poderia abrir o peito e deixar tudo sair, como se rasgasse os espinhos que cresciam dentro dele.
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*Desviando o olhar*
Não. Acho que esse tipo de coisa não é pra mim.
Nathaniel soltou a fumaça devagar.
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Bom, você sempre foi meio fechado pra essas coisas.
Elias apenas riu, como se concordasse. Mas a verdade era outra: ele não era fechado. Ele só estava morrendo, e Nathaniel nem percebia.
Quando Elias voltou para casa, sentia o corpo pesado. O ar parecia mais denso, e sua respiração estava curta. Ele sabia o que estava por vir.
Entrou no banheiro, fechou a porta e se apoiou na pia. A tosse veio forte, violenta. Seu peito doía como se algo dentro dele se rasgasse.
Então, flores. Muitas flores.
Pétalas brancas e delicadas, sujas de sangue. Elas cobriam a pia, escorriam pelos dedos de Elias, que tremia, tentando conter o soluço que subia junto.
Ele caiu de joelhos no chão frio, a visão borrada pelas lágrimas que não queria derramar.
E Nathaniel nunca saberia.
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