O Último Legado Prólogo

Prólogo

Essa história se passa há muitos séculos, em um mundo marcado pelo sangue e pela magia.

Movidos pela ambição, os humanos romperam o equilíbrio ancestral ao roubar a essência dos seres mágicos. Dragões foram caçados, elfos tiveram sua magia arrancada à força, e criaturas ancestrais foram reduzidas a meros instrumentos de poder. O que começou como um desejo por domínio logo se transformou em uma guerra brutal. Reinos caíram, terras foram consumidas pelo fogo, e o próprio céu parecia chorar diante da destruição sem fim. O mundo sangrou, e nenhum lado saiu ileso.

As batalhas tornaram-se intermináveis, um ciclo de vingança e desespero. As florestas, que antes eram o lar das mais antigas criaturas mágicas, foram devastadas, suas árvores ancestrais queimadas até os seus núcleos. O ar, antes perfumado pela magia, agora estava pesado, carregado de fumaça e ódio. A terra, rica em poder, foi dilacerada por magias que cortavam montanhas e afundavam cidades inteiras.

Mas foi nos últimos dias da guerra que o pior aconteceu: os humanos, já sem limites, roubaram a magia diretamente dos corações dos arquidragões, criaturas imortais que guardavam a essência primordial do mundo. Com isso, os céus se tornaram escarlates, e a terra tremeu sob o peso de um poder que jamais deveria ter sido tocado.

Foi nesse caos que a rainha Sylara, descendente de uma linhagem ancestral de elfos, se viu diante de uma escolha impossível. Para salvar o que restava, ela usou uma magia proibida, um poder tão devastador que não só erradicaria os exércitos inimigos, mas também sua própria vida.

Ela se sacrificou canalizando um poder que jamais nenhum ser mágico ousou tocar. Um furacão de fogo varreu a terra, consumindo tudo em seu caminho. As chamas, alimentadas por uma força primordial, se ergueram como uma tempestade infernal. Os exércitos humanos, em sua fuga desesperada, corriam como feras, mas as chamas os alcançaram, e eles foram consumidos, desaparecendo sob o calor abrasador. A guerra chegou ao fim, mas o preço foi terrível.

Quando a última faísca se apagou, a rainha Sylara caiu de joelhos, o corpo exaurido, o poder que ela havia canalizado drenando sua vida por completo. Suas mãos, já queimadas pela força do feitiço, tremiam enquanto ela se esforçava para olhar para o filho que estava diante dela. Eryon, jovem ainda, mas com olhos cheios de dor e confusão, se aproximou, sem entender a magnitude do que acabara de acontecer.

Com um último suspiro, ela tocou suavemente o rosto de Eryon, os olhos turvados pela exaustão, mas com um brilho de amor eterno. As palavras que ela disse foram as últimas que ele ouviu de sua mãe:

Sylara Astralis

Eu sempre amarei você... Eryon Astralis... +fecha os olhos com um sorriso tênue nos lábios+

Eryon Astralis

M-mamãe? +lágrimas escorrem+

E com essas palavras, ela desapareceu, transformando-se em pó, deixando para trás apenas a lembrança de um sacrifício que ecoaria nas gerações futuras. O mundo estava em silêncio, mas dentro de Eryon, a batalha estava apenas começando.

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