O peso da espera

Cont...

O tempo acompanhou seu curso, e a rotina de Laura e Rafael foi se ajustando, como se uma dança invisível tomasse conta dos dois. Eles continuavam se encontrando, mas algo em Rafael havia mudado. Ele estava mais aberto, mas ainda havia uma barreira, uma linha tênue entre eles que Laura sentia, mesmo nas conversas mais profundas. Ele ainda não estava pronto para se entregar completamente, e isso fazia questionar a cada dia se ela estava esperando por algo que talvez nunca acontecesse. Em um fim de semana, Laura decidiu sair de casa para passear por um parque perto da escola, tentando clarear a mente. A caminhada sempre a ajudou a encontrar a paz, a se afastar dos pensamentos que são pesados ​​demais. No caminho, ela encontrou um velho banco de madeira sob uma árvore, um lugar silencioso onde costumava se sentar quando queria pensar. Ela estava sozinha quando ouviu uma voz familiar.

— Achei que fosse me esquecer. — Rafael apareceu de repente, sentado no banco ao lado dela, como se estivesse esperando o momento certo para falar. Laura olhou surpresa. Ele raramente aparecia sem um motivo, mas algo em sua expressão era diferente. Havia uma tensão no ar, como se ele estivesse ali para finalmente resolver algo.

— Não, eu não te esquecerei... — Ela respondeu, hesitante. — Mas eu não sabia mais o que fazer. Eu não posso esperar por algo que você não está pronto para me dar.- Rafael olhou para ela por um longo momento, seus olhos refletindo uma confusão de insegurança e dor. Ele respirou fundo, como se estivesse tentando reunir forças para dizer algo importante.

— Eu sei que não é fácil, Laura. Não sou o tipo de pessoa que as pessoas esperam que eu seja. — Ele disse, com a voz falha. — Eu te machuco, mesmo sem querer. Eu carrego coisas, e elas me fazem evitar. Mas, com você, é diferente. Eu não quero te perder, mas também não sei como te dar o que você merece.- Laura sentiu um aperto no peito. As palavras de Rafael eram sinceras, mas também carregavam um peso que ela não sabia se estava disposta a carregar. Ela tinha suas próprias batalhas internacionais e, por mais que acumulasse a companhia dele, não sabia por quanto tempo conseguiria esperar por uma entrega que ele não poderia oferecer. Ela respirou fundo, olhando para ele com ternura, mas também com a clareza que a sua solidão lhe dava.

— Não estou pedindo perfeição, Rafael. Só... não me deixe esperando. — Ela fez uma pausa, tentando encontrar as palavras certas. — Não quero que você me force a dar algo que não pode. Mas, se não puder ser tudo, então me dê o que você pode. A gente pode ir devagar, sem pressa. Eu só não quero viver na esperança de algo que nunca vai acontecer.- Rafael a olhou como se aquelas palavras precisassem tocar uma parte dele que ele sempre tentava esconder. Ele pegou sua mão com especializações, como se fosse uma promessa silenciosa, e por um momento, Laura sentiu que finalmente havia uma conexão verdadeira entre eles, mesmo que frágil.

— Eu não sei o que o futuro nos reserva, Laura. Mas vou tentar. Porque, mesmo com todas as minhas falhas, eu não quero perder o que temos. — Ele disse, com um sorriso tímido, mas genuíno. Laura concedeu de volta, aliviada, sentindo um peso sendo tirado de seus ombros. Ela sabia que ainda havia muito a ser resolvido, que a estrada seria longa e cheia de desafios, mas pela primeira vez, ela sentiu que não estava sozinha nessa jornada. Eles tinham um outro, e isso já era mais do que ela imaginava que pudesse acontecer. Enquanto o sol começava a se pôr, Laura escreveu em seu diário:"Às vezes, o amor não exige que a porta se abra por completo. Às vezes, é suficiente saber que alguém está disposto a tentar."

Fim...

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