A Batalha

        O país de Vergânia foi fundado pelas famílias que fugiram da perseguição contra os bruxos em Arion.No início era um povo nômade, acampavam em vários lugares para não serem encontrados pelos caçadores de bruxas.Moravam do outro lado da floresta Shiva no vale da caveira,uma extensão de terra árida,isolada e sem vida. Aos poucos se organizaram e com o tempo, se tornaram um país. Criaram a sociedade dos bruxos na tentativa de se protegerem contra a perseguição, onde os  sumos sacerdotes governam. Seu ponto mais forte é a escola de aprendiz de feiticeiros ,onde os jovens aprendem a lidar com sua magia e  tradições.Todo nascido de pais bruxos quando alcançam a maior idade,

desenvolve um dom e vão para esta escola.Mas os vergânios  são um povo reservado e só descendentes  podem morar na cidade.  

      A dinastia dos Ceronos durou muitos anos e  sempre atacavam Vergânia. Mesmo assim, algumas famílias  de bruxos preferiam viver no anonimato em Arion.Com a morte de Theos ,seu filho August foi coroado em seu lugar e a inimizade entre eles continuou. August foi implacável e criou um grupo de caçadores de bruxos que aterrorizavam os vilarejos de Vergânia. Então, a sociedade dos bruxos finalmente declarou guerra contra Arion.Por quase um ano, o exército de August tenta invadir o palácio de Vergânia, mas eles resistiam bravamente.Ambos os lados tiveram  muitas baixas,mas agora os bruxos estão em desvantagem numérica , o que deu um novo ânimo aos Arions de acreditarem na vitória,tomarem  a cidade e exterminarem todos os bruxos.

      Noite escura e nebulosa,no  Castelo de Vergânia,no salão principal os líderes estão reunidos. Um senhor de cabelos brancos toma a palavra:

_ Senhores, lamento informar que não temos como conter o avanço dos Arions. Estamos em desvantagem, tivemos muitas baixas.

Todos falam ao mesmo tempo,e o sumo sacerdote apenas observa.Em dado momento um ancião se levanta e declara:

_Nas circunstâncias atuais em que nos encontramos,não vejo outra alternativa senão de usarmos nossas habilidades mágicas.Ou seremos massacrados!

Outro mago se levanta de seu lugar e retruca:

_ Isto é muito perigoso.Temos um acordo com os Gunes de não usarmos magia! Não podemos quebrar esta aliança!

Neste momento a confusão é geral.Uns concordam, outros argumentam contra.O sumo sacerdote se levanta de seu trono, coloca seu chapéu ,pega seu cajado, levanta e todos se calam para ouví- lo:

_ Já perdemos bons homens e mulheres. Neste momento, não estamos em condições de defender nossa cidade.Tomei a iniciativa de proteger os idosos e crianças. Por isso, enviei um pedido de ajuda aos Gunes para receber nosso povo na cidade deles até que tudo isto termine! E estou aguardando resposta.Quanto antes forem, melhor.Ficarão salvos.

Olhando para a assembléia ele declara preocupado.

_Temos um acordo com o povo da floresta de não usarmos nossa magia para matar,mas não vejo outra saída. E pelo que vejo estamos num impasse. Portanto, vamos votar e conforme decidirem, será feito. Não temos muito tempo.

Neste momento, os homens começaram a sair um a um de seus lugares,caminhando até uma pira.Os que eram a favor cortavam a mão com um punhal e pingavam seu sangue num caldeirão e deixavam seu punhal manchado  ao lado.Os que eram contra, deixavam seu punhal limpo .Ao final da votação, um homem com túnica branca contou os punhais e declarou o veredicto final:

_ Ó venerável sumo sacerdote !!! conforme os votos,vamos usar nossa magia!

E se retirou, levando o caldeirão.O sumo sacerdote, olhou todos seriamente e deu a ordem:

_A sorte está lançada.Enviaremos o grupo à Cidade Cristal e que Deus nos ajude.Convoco todos a me acompanharem à sala do oráculo. Vamos resolver como faremos nossa defesa.

    Enquanto isto, acampados na Floresta Shiva que tem limite com Vergânia, o rei em sua barraca traça seu plano de ataque com seus oficiais.A chuva forte,castigava há dias.

_ A fortaleza deles fica numa montanha certo?Jefrey vai atacar os portões com as catapultas e os aríetes para arrombarem o portão,depois que os flecheiros derem cabo dos guardas do muro do portão.E ajudarão a escalarem. 

O rei toma sua adaga e aponta para as laterais do castelo desenhado num mapa em sua mesa e continua:

_ Vocês,Denius e Hector

Aponta para os dois oficiais a sua frente:

_Vão invadir pelas laterais e receberão ajuda do grupo de caçadores de bruxos.

_ Vamos atacar sem trégua!Esta noite o castelo de Vergânia será nosso!Vamos invadir e matar todos! 

    Ao toque dos tambores, as fileiras de milhares de guerreiros caminham em direção ao castelo de Vergânia.Seus estandartes tremulam ao vento.Alguns raios riscam o céu negro acompanhado de trovões anunciando a chegada de mais uma tempestade.Ao chegarem no vale da caveira a uns metros de Vergânia o pelotão interrompe a marcha.Os tambores páram de rufar.Na noite escura o silêncio é mortal.

   Da torre do castelo,o sumo sacerdote observa a manobra inimiga e aguarda.Os poucos  bruxos com armaduras negras, observam e esperam as ordens.Haviam evacuado idosos,mulheres e crianças para além dos portais, na floresta  Shiva,onde estariam protegidos pelos gunes,na Cidade Cristal.Um número reduzido de feiticeiros,bruxos, magos, homens e mulheres com condições de lutar, continuavam na fortaleza.Só um milagre poderia salvá- los!Seriam massacrados em pouco tempo

   Uma chuva grossa começa, acompanhada de raios e trovões.O clarão dos relâmpagos denuncia a posição do inimigo no campo a poucos metros do castelo.

   August galopa a frente de toda a extensão de sua tropa e grita a plenos pulmões:

__Hoje este dia será histórico! Nossa vitória será entoada em versos e contarão nossos feitos por gerações com orgulho! Não tenham medo,assim como nós,eles sangram e morrem ! Hoje vamos aniquilar esta raça e riscá-los do mapa para sempre!

August levanta a espada e  empinando seu cavalo grita :

_Morte aos bruxos! 

Ao ouvirem o brado, os homens batem suas espadas nos seus escudos e repetem encorajados.Morte aos bruxos!

As fileiras recomeçam a marcha.Param a uns metros e preparam suas catapultas com bolas de enxofre e fogo.Uma a uma são lançadas contra o castelo, destruindo telhados, e arrombando boa parte do castelo.O fogo se espalha formando silhuetas sinistras.Os bruxos também atacam com bolas incandescentes,destruindo algumas catapultas dos Ceronos. Uma chuva de flechas flamejantes é lançada e muitos homens e mulheres do castelo são atingidos.Numa correria desenfreada vários soldados carregam um aríete e batem repetidamente com toda força para destruir o portão principal do castelo.Do alto um caldeirão de óleo quente é derramado queimando os homens abaixo deles.Mas são muitos e os bruxos não conseguiriam impedir a invasão.Pela lateral os caçadores de bruxa começam a  escalar as paredes.Os poucos soldados tentam proteger Vergânia e impedir a escalada usando flechas e espadas mas a invasão parecia evidente.Então, o Sumo sacerdote levanta seu cajado que emite uma luz azul como um raio numa linha vertical para o céu.Todos os bruxos  se juntam a ele, levantando os braços entoando um mantra.Seus olhos se reviram e ficam totalmente brancos.De repente,começa um vento  impetuoso formando um redemoinho que envolve muitos guerreiros que são levados no turbilhão e lançados do alto a longa distância e muitos morrem com a queda.Raios caem sobre eles fulminando-os. August olha ao seu redor, seus homens estão confusos, e desorientados.Com seu escudo sobre a cabeça para se proteger dos raios, ele se desvia de um guerreiro desesperado com o corpo em chamas. Num misto de ira e  frustração  ele vê o caos à sua volta.Alguns  soldados  olham desesperados para o céu com medo dos raios.Assustados com os relâmpagos correm em várias direções e muitos caem fulminados ou com seus corpos queimados.Ele grita para recuar, mas na confusão ninguém o ouve devido aos trovões.Se esquiva de outro homem pegando fogo, quando é atingido por um raio que o lança violentamente a alguns metros e algum objeto cortante o fere ao ser lançado e  cai desacordado.

   Horas depois desperta numa carroça,sentindo muitas dores.

O médico ao seu lado tenta estancar a hemorragia:

_ O que aconteceu?ai...uhhh!

Gemia o rei.

_ majestade,o senhor foi ferido, estamos voltando para casa.Perdemos muitos homens.Foi uma catástrofe!Sinto muito.

August tenta falar, mas as dores o impedem.Fecha os olhos resignado.Em sua mente, a lembrança do caos o tortura.Fraco, desmaia novamente.

   

    No castelo de Vergânia, o sumo sacerdote e seus liderados prestam socorro aos feridos. Seus muros estavam danificados e havia incêndio por toda parte.

_ Levem os feridos para dentro, chame os curandeiros!

Ordenava o líder dos bruxos.Homens tentavam apagar as chamas e recolher os mortos dos escombros.

_ Senhor, nossos muros tem muitos buracos, se eles voltarem estaremos perdidos!

Salan olha em volta.Boa parte do muro estava em ruínas.As catapultas fizeram um bom estrago.Ele chama korá um feiticeiro responsável pela segurança do castelo.

_ Veja o estado desses muros, tem alguma idéia de como consertá- lo?

O homem responde desanimado:

_Mestre,temos poucos homens, mas vou tentar fazer uma barricada onde estiver destruído.Se eles voltarem a atacar não sei se vamos impedir a investida.

Salan assobia e uma águia aparece voando no céu e pousa em seus braços.Ele toma sua vara e faz um movimento em direção ao olho da ave que solta um pio e voa pelo campo de batalha.Enquanto sobrevoa, dá ao sumo sacerdote uma visão telepática por onde passa.Ele vê corpos carbonizados espalhados pelo campo.A cena é de morte e destruição.O campo está deserto e desolado,coberto por lama corpos e neblina.Salan assobia novamente e a águia retorna para sua mão.Ele afaga a cabeça da rapina, ergue o braço e a ave voa para o alto e desaparece no horizonte.Então ordena ao homem que aguarda suas ordens:

_ Façam o que puder, mas acho que assim como nós, estão em apuros e recuaram.Tão cedo conseguirão nos atacar.Há muitos mortos e não sei se o rei conseguiu sair com vida.

O homem reverencia o mestre e se afasta para cumprir suas ordens.

     Dois dias depois os muros estão sendo reconstruídos e Salan está na sala do oráculo quando Ava bate a porta.

_Salve mestre.

_ Entre Ava,quais as novidades?

Ela entra e fala :

_As obras estão indo bem senhor.Quanto aos feridos alguns não resistiram,mas muitos  se recuperam .Um mensageiro dos Gunes nos trouxe uma carta para o senhor.

Ele abre e lê alto:

" Convoco sua presença para tratarmos sobre a quebra de acordo.Até lá,seu povo continuará conosco", como refém.

A notícia faz com que Ava fique surpresa.O mago amassa o bilhete nas mãos irado,olha para a moça e a tranquiliza:

_ Não se preocupe.Eu vou resolver.Agora por favor, chame korá e não comente nada com ninguém para não alarmá- los.

Ava continua parada preocupada.Então Salan ordena: 

_ O que está esperando?Vá chamar Korá!

A moça então revela sua preocupação:

_ Mestre,gostaria de saber se iremos ver nossos familiares que foram para a Floresta Shiva.

Ele coloca as mãos para  trás e caminha até a moça.

__Não se preocupe. Logo estarão de volta.Eles estão  salvo lá.Vou resolver tudo,acalme- se.Chegou perto dela, pegou sua mão e falou carinhosamente:

_Em breve voltaremos a nossa normalidade.Tive notícias de que aquele rei arrogante e miserável voltou para casa gravemente ferido.

_Tomara que morra! Responde a garota.

Salan ri e concorda.

_ Eles tiveram o que mereceram.Mas ainda estão com nossas terras.Isto ainda está muito longe do fim minha cara.Ele é como uma erva daninha ,você arranca e ela cresce de novo.

A moça então beija a mão do líder respeitosamente e sai.

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