Clara e Isabela saíram do hospital após uma bateria de exames. Mesmo sendo uma forte possível candidata a ser internada numa clínica psiquiátrica, a amiga de Clara se preocupa muito com a saúde.
Clara dormiu a tarde inteira e só acordou quando Isabela a chamou, ainda assim permanecia com sono suficiente para dormir até amanhã. Depois de sair do hospital, elas foram para o shopping, compraram um ingresso de cinema e ficaram perambulando pelo lugar até dá a hora do filme.
_O que acha desse batom? Ele combina comigo?_ Isabela perguntou enquanto provava qual tom ficaria melhor nela, pegando um ela colocou ao lado do rosto da amiga, avaliando _Esse ficaria perfeito. Vermelho fica ótimo em você. Vamos comprar_ um flash de memória invadiu a mente de Clara
"Vermelho fica ótimo em você, o que acha? Você não está linda?" Aquela voz repugnante assoprou nos seus ouvidos, a mera lembrança daquele sorriso perverso a fez tremer. Ao longe a voz de Isabela a chamava para a realidade, mas ela estava imersa demais em lembranças passadas para escutar. Se forçando a continuar no presente, ela repetia para si mesma "Ele não pode te pegar, você está segura. Só esqueça tudo o que aconteceu, não importa mais, ele está longe demais"
_Clara!? Você está bem? Está tremendo, o que aconteceu? Quer voltar ao hospital? A gente pode… _ Clara a interrompe dizendo que estava bem e foi só um mal-estar passageiro, sem muita certeza que a amiga falava-lhe a verdade, Isabela assentiu perguntando _Tem certeza? Se preferir podemos voltar outro dia_ Clara negou _Eu estou bem, já passou. Vamos o filme vai começar_ Isabela pegou a sua pequena cesta com as maquiagens que iria comprar
_Você vai levar o batom?_ perguntou, Clara negou firmemente _Não, detesto vermelho_ elas pagaram, e dirigiram-se em direção ao cinema.
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O filme foi bom, mas Clara não estava exatamente prestando a atenção, a sua mente a levava em lugares perigosos e sombrios.
_Terra chamando Clara, amiga você está mesmo se sentindo bem?_ Isabela perguntou, visivelmente preocupada pela amiga está tão distraída _Estou sim, depois de dormir eu vou ficar melhor, vamos terminar aqui logo, tudo bem?_ Isa confirmou.
Chegando em casa Clara, se deitou dormindo quase que imediatamente.
Clara estava lavando as louças na pia, quando a porta se abriu revelando a pessoa que ela menos queria ver nesse momento, o homem caminhou na sua direção com um olhar perverso, refletindo pura maldade, o sorriso cruel nos seus lábios dizia que aquela seria uma longa noite. Ele não se importava em apressar os seus passos, nem quando Clara correu, nem quando ela foi em direção a porta. Ele sabia que ela não podia fugir, e ela também sabia; ela não poderia escapar, mesmo que tentasse; ela não receberia ajuda, mesmo que gritasse; nada mudaria o seu destino, nada mudaria o que já aconteceu. Ele a alcançou, como em todas as outras noites; ele arrastou-a para dentro pelos cabelos, como sempre fazia; a história se repete de novo e de novo. Ela grita. Ele a bate. Ela corre. Ele a pega. Ela tenta pedir socorro, mas o socorro nunca chega. Ele coloca a faca no corpo dela, pronto para fazer mais um corte, cuja a cicatriz a lembrará para sempre daquele dia. E em meio aquele desespero, ela acorda gritando, de dor, de agonia e de medo.
Após acordar de mais um dos seus pesadelos recorrentes, ela não consegue mais dormir, apenas fica observando as estrelas brilhantes no céu e a calmaria das ruas, "A noite está linda hoje. Está tudo tão calmo, tão diferente de como eu estou por dentro". Clara pensava sobre os últimos dias. Se fosse alguns meses atrás ela nunca imaginaria que estaria agora, finalmente livre daquele monstro, mas ainda assim, presa a ele.
Não muito tempo depois o dia clareia com o nascer do sol. Ela arruma-se para mais um dia de trabalho, a típica rotina monótona com a qual ela sonhou por anos.
Após se vestir, ela desceu indo para a padaria, algum tempo depois um burburinho formou-se entre os clientes, desde de que ela começou o trabalho tem reparado que todos sempre falam de um homem, mas até o momento não teve a oportunidade conhecê-lo.
_Isa, de quem eles estão falando? Hoje parece estar um pouco mais agitado_ ela perguntou puxando a amiga _Ah, é o delegado gatinho. Você ainda não o conheceu porque ele estava numa viagem de investigação, mas parece que ele chegou hoje_ Clara balançou a cabeça entendendo _Ele parece famoso por aqui, as pessoas falam muito dele_ Isabela fez a cara de uma criança que acabou de ganhar doce.
_Famoso? Ele é simplesmente o homem mais lindo dessa cidade, e um delegado respeitado que resolveu mais casos em dois anos, desde que assumiu o cargo, do que o anterior que ficou aqui por mais de uma década e mal resolveu 5 ou 6 casos de assassinato. Não que aqui aconteça muitos assassinatos, mas ele nunca resolvia nenhum caso, e o nosso delegado gatinho, até resolveu casos de outras cidades da região, todo mundo reconhece que ele é o melhor do estado, não tem discussão. Além disso, ele é gentil com idosos, ama crianças e é um cavalheiro. Quer mais garota? Ele é o futuro marido perfeito_ Isabela tagarelava sem parar.
_Então, você é afim dele?_ Clara perguntou e ela fez cara de quem acabou de ouvir o maior absurdo da vida _O quê? Não. Sério, ele é um gato e muito fofo, mas ele não é o meu tipo, eu gosto de caras um pouco mais... Exótico_ Clara não entendeu a linha de raciocínio da amiga, mas pela cara de apaixonada que ela estava fazendo, parecia ter alguém em mente.
_Tipo, quem?_ o suspiro seguido de um sorriso safado, confirmou que Clara estava certa, ela com certeza tinha alguém em mente _Tipo, o melhor amigo do Diogo. Mikael é um investigador renomado, tatuado, galanteador, engraçado, com pose de badboy, mas por incrível que pareça, ele não é mulherengo e tem um jeito meigo de ser. Ele é o meu futuro marido_ disse Isabela com plena convicção.
_Aliás, eu acho que o Diogo combina com você, se quiser posso apresentá-lo para você, ele vem sempre aqui_ Clara nega firmemente
_Não. Obrigada, mas eu não estou interessada em relacionamentos.
_Vocês não precisam ter uma relação amorosa logo de cara, pode ser só uma amizade.
_Deixe-me reformular a frase. Eu não tenho a intenção de ter nenhum tipo de relacionamento, com nenhum homem.
_Tudo bem. Se você quer assim_ Isabela foi continuar o seu trabalho, mas não sem antes dar um sorrisinho convencido, de quem sabe que o futuro é imprevisível. Mas Clara também estava convicta de que sua opinião não mudaria.
"Não posso me dar ao luxo de me envolver com alguém, e ter mais problemas, não preciso de mais pesadelos me impedindo de dormir"
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Atualizado até capítulo 28
Comments
Patrícia Peixoto
tô amando o livro
2025-03-26
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