— Não é que ele não tenha se banhado, jovem mestre — tentou explicar a senhora Rosa a Cassian —. O nome dele é Elliot. Tem a mesma idade que você… e o sangue dele é negro.
— Negro? — murmurou Cassian, franzindo a testa com incredulidade.
— Por favor, aceite Elliot como seu novo servo pessoal, jovem mestre. Nesta mansão já não restam mais candidatos — pediu a senhora Rosa com seriedade.
Cassian exalou com frustração. Não tinha paciência para lidar com servos incompetentes, mas também não queria complicar as coisas para Rosa, então, a contragosto, aceitou.
— Está bem — disse com desinteresse.
— Obrigado, jovem mestre — respondeu a senhora Rosa, dando um tapinha no ombro de Elliot como quem diz para ele trabalhar bem.
Elliot não disse nada, apenas assentiu em silêncio, sentindo o olhar do alfa sobre ele.
A senhora Rosa se retirou, deixando-os sozinhos na enorme biblioteca.
— Há algo que o jovem mestre precise? — atreveu-se a perguntar Elliot, mantendo a cabeça baixa.
Cassian voltou a se concentrar em sua leitura, folheando um grosso livro de negócios.
— Nossa, parece que você sabe falar — comentou com um toque de zombaria.
Elliot apertou os lábios, incomodado.
— Então ficarei calado.
Cassian arqueou uma sobrancelha.
— Sente-se. Essa é sua primeira tarefa.
Elliot obedeceu de imediato e sentou-se em uma cadeira perto dele, atento a qualquer instrução. No entanto, o esgotamento o venceu. Não havia comido nem dormido bem em dias e, antes que percebesse, acabou adormecendo, seu corpo incapaz de resistir mais.
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Passaram-se várias horas. Quando Elliot acordou, sentiu algo macio sob seu corpo. Piscou várias vezes, confuso. Já não estava na cadeira de antes, mas sim em um sofá da biblioteca.
— Jovem mestre…? — chamou em voz baixa, mas Cassian já não estava.
O pânico se apoderou dele.
— Será que me meti em problemas por adormecer? Será que me despedirá? —
Assustado, decidiu procurar a senhora Rosa para explicar o sucedido, mas a mansão era demasiado grande e acabou se perdendo nos intermináveis corredores.
— Como volto para a zona dos servos? — murmurou para si mesmo, sentindo-se como se estivesse em um labirinto.
Enquanto isso, a senhora Rosa, ao notar sua ausência, revisou as câmeras de segurança para localizá-lo.
— Elliot… — suspirou a mulher ao encontrá-lo. Ele havia terminado em um corredor pouco transitado, perto do armazém.
Quando Elliot a viu, correu até ela.
— Senhora… acho que cometi um erro. Certamente o jovem mestre me despedirá!
— Quem te disse isso? O jovem mestre não disse nada — respondeu Rosa com calma —. Vamos, volte para o seu quarto. Deve se preparar para o jantar.
Elliot assentiu e começou a se afastar.
Na família Lancaster, era tradição que todos os membros se reunissem para jantar.
— É suposto que eu o alimente? — murmurou Elliot, ainda sem entender completamente seu papel como assistente pessoal.
"De qualquer forma, devo me desculpar por ter adormecido", pensou Elliot, decidido a não se render.
Em seu quarto, encontrou um uniforme de servo e algumas peças de roupa de reserva. Trocou de roupa, agradecido pela ajuda de Rosa, e prometeu fazer o seu melhor.
Quando chegou a hora do jantar, Elliot recebeu sua primeira tarefa: ir buscar o jovem mestre.
Outro servo o guiou até o quarto de Cassian.
— Bata na porta e anuncie-se — indicou o companheiro.
— Obrigado — respondeu Elliot com um leve aceno.
Respirou fundo e bateu na porta.
— Jovem mestre, sou eu…
— Entre.
A voz de Cassian ressoou desde o interior, grave e autoritária.
Elliot abriu a porta com cautela.
O quarto era amplo e luxuoso, com um design europeu clássico que o lembrava dos palácios da realeza que havia visto na televisão.
Cassian estava aplicando perfume após ter saído do banho e trocado de roupa.
Elliot lembrou-se do sucedido na biblioteca e baixou a cabeça.
— Perdoe-me, prometo que não voltarei a adormecer — disse com humildade.
Cassian observou-o com indiferença.
— Não importa. Embora eu tenha pedido que você se sentasse, acabou adormecendo — comentou sem dar muita importância.
O Alfa aproximou-se e parou mesmo em frente a ele, seu aroma impregnando o ar.
Elliot engoliu em seco, sentindo-se algo intimidado pela presença dominante de Cassian.
— Sinto muito, jovem mestre. Por favor, não me demita.
Cassian olhou-o fixamente.
— Não tenho intenção de demiti-lo porque você tem uma qualidade especial.
Elliot ergueu o olhar com surpresa.
— Uma qualidade…?
Cassian inclinou-se levemente para ele, seus olhos escuros brilhando com um vislumbre de diversão.
— Sua única qualidade é que você é feio, ômega.
Elliot piscou, confuso.
— Ah? Isso é um elogio ou um insulto, jovem mestre? — Disse enquanto inclinava a cabeça.
...
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Atualizado até capítulo 42
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