O solidário

A pedido do médico que garantiu uma situação estabilizada, deixaram a sala para preencherem a ficha entregue por uma auxiliar.

— Jacqueline? — Noah soltou os cantos da boca erguidos, atento ao que ela escrevia no papel.

— Pode me chamar de Jack! — Soltou com um tímido sorriso.

— Tipo... Jack Black? — Brincou.

— Tipo, Jack Sparrow! — Abriram um sorriso. — Meu Deus! — Soltou, desmanchando aquele sorriso no exato momento em que se deparou com o valor no fim do papel.

— Está tudo bem? — Noah perguntou assustado.

— Ah Noah... — Ela se sentou tocando a testa, quase começando a suar frio. — Eu te disse que não poderia pagar pelo atendimento dessa clínica. — Declarou preocupada. — A conta é o equivalente ao meu salário inteiro de seis meses! Não dá, estou perdida! Perdida! — Recostou sua cabeça na parede, perdida em como poderia ser capaz de resolver aquilo.

— Essa parte... — Ele ia pegando a ficha da mão dela. — Faço questão que deixe comigo.

— O quê? — Ela desencostou sua cabeça da parede de imediato e de cenho franzido, olhava-o com estranheza. — O que está dizendo?

— Eu posso pagar por isso, Jack! — Declarou.

— Não! — Ela pegou a ficha da mão dele, colocando-se de pé. — Pode, mas não eu não posso deixa-lo fazer isso de forma alguma!

— Por favor, isso não será nada extraordinário! — Colocou-se de pé. — Não irá me fazer falta, então deixe-me fazer isso!

— Pois para mim é extraordinário demais! — Disse orgulhosa. — Por mais que pague isso, permanecerei em dívida, mas com você!

— E se quiser me pagar, aceitarei que faça isso depois, mais tarde, ano que vem... Só preciso que aceite a ajuda que estou te oferecendo!

— ... — Jack olhou a ficha em sua mão e o valor exorbitante, sabendo que não havia outro jeito. — Ok, mas eu juro que irei te pagar! Entendeu? — Fitou fixamente aqueles olhos azuis.

— Tudo bem! — Ele curvou os lábios num sorriso sereno, olhando-a com afeição e depois desviando com certa vergonha.

— Obrigada! — Ela disse e num impulso o abraçou de uma só vez. — Tudo isso que você fez... — Ela dizia emocionada. — Salvou a vida dele!

— ... — Sem jeito e surpreso com o abraço, logo ele aceitou, colocando a mão nas costas dela respeitosamente. — Já estou sendo recompensado por ajuda-lo!

— Eu nem sei como te agradecer! — Disse ela desvinculando-se dele, secando a própria bochecha.

— Bom... — Ele afundou a mão nos bolsos, enchendo o pulmão de ar. — Eu posso sugerir uma forma de agradecimento...

— ... — Ela o olhava a espera de suas próximas falas.

— Se por acaso não estiver ocupada em uma dessas noites, adoraria pegá-la para um jantar algo do tipo...

— Ah... — Ela tentou compreender o pedido dele e por um triz, não se beliscou. — Sairmos juntos? Quer dizer... Sair eu e você para jantar? — Por pouco não gaguejou.

— É... Como amigos! — Declarou. — Estou com algum tempo vago na agenda e acho que posso te levar a alguns lugares legais...

— Não que eu ache que você tenha interesse em levar alguém como eu em um restaurante chique, mas... — Ela ia explicando, mas ele a interrompeu sutilmente.

— Como assim eu não pensaria em te levar a um restaurante chique? — Olhava-a. — Eu adoraria leva-la ao melhor lugar da cidade!

— ... — Ela recolheu os lábios, desviando o olhar por um instante sem conseguir esconder sua reação ao lisonjeio.

— Mas podemos fazer aquilo que se sentir mais à vontade!

— Gosto de lugares divertidos, pizza e cerveja! — Brincou.

— Cerveja? — Quase soltou uma gargalhada. — Como irlandês, conheço ótimos lugares para bebidas de qualidade! — Disse e logo o celular dele tocou, dando-se conta de que estava extremamente atrasado para o que estava indo fazer. — Minha nossa, eu vou ter que ir... — Declarou mantendo o celular na mão e indo até a recepcionista com a ficha. — Por favor, gostaria de realizar o pagamento. — Disse indicando a mulher que logo pegou a ficha e lhe colocou a frente de uma máquina, tal que Noah aproximou o celular para fazer a transação. — Obrigado! — Disse entregando o recibo a Jack que mal podia acreditar que ele havia feito aquilo com tamanha naturalidade.

— Eu preciso de agradecer novamente e também me desculpar pelo seu atraso. — Disse engolindo seco em seguida, balançando o recibo na mão um tanto sem jeito.

— Não se preocupe! — Declarou soltando um sorriso singelo. — Cada segundo de atraso valeu á pena! — Novamente ele havia sido amável, fazendo Jack sorrir perante a ternura. — Eu preciso correr... — Disse com certa lamentação.

— ... — Ela ia andando com ele para o lado de fora da clínica e então ela se deu conta. — Ah céus, como irei levar esses cachorros de volta? — Passou a mão na testa, lembrando que apenas Ken permaneceria na clínica.

— Eu posso te ajudar uma última vez antes de ir... — Declarou indo para a ponta da calçada e sinalizando o primeiro taxi que viu. — Por favor, preciso que espere por aquela moça ali e a leve para onde ela desejar junto a dois cachorros.

— Lamento senhor, mas eu não carrego cacho... — O homem ia dizendo, mas Noah ia retirando o dinheiro da carteira.

— Sorte a sua que hoje resolvi sair com uma boa quantia na carteira! — Declarou.

— Vendo por esse lado, não vejo problema algum em levar os cães! — Disse o motorista estendendo a mão para pegar as notas altas.

— Não, não... Vou deixar com essa bela moça de cabelos enrolados e só irá receber no instante em que ela chegar ao... — Noah disse voltando-se para Jack. — Onde ele pode te deixar?

— Little Paws! — Respondeu e ele logo pegou em sua mão.

— É lá que eu também posso te encontrar? — Perguntou olhando-a nos olhos a fazendo curvar os lábios e assentir a cabeça. — Perfeito! — Disse com um sorriso singelo, colocando as notas sobre a mão dela e indo inicialmente de costas até seu carro. — Leva ela hein — Disse para o motorista, entrando em seu carro branco e dando partida quase que no mesmo instante.

Jack sábia que uma pessoa poderia ser gentil com outra, mas tudo o que aquele homem havia feito por ela sem nem a conhecer, foi uma das maiores gentilezas que já havia visto em todos os seus vinte e seis anos. Olhou para todas aquelas notas altas em sua mão e a nota do outro lado, tentando entender que tipo de pessoa seria tão bondosa assim para uma completa desconhecida? Aliás, tudo o que havia lhe acontecido na última hora parecia uma imensa loucura! Certamente se contasse isso em uma roda de conversa, achariam que era puro delírio!

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Comments

Eliza Castro / Beth

Eliza Castro / Beth

menino já sou sua fã, mim diz o local do show que vou..
esse subiu no meu ibop

2025-01-14

2

Eliza Castro / Beth

Eliza Castro / Beth

que lindoooooooo, como um acidente pode resulta em algo tão bonito, uma amizade está à surgir em meio a diferença social....
ter dinheiro resolver muitas coisas, tipo esse pagamento que Noah fez agora...Mas uma verdadeira amizade dinheiro nenhum pode comprar...

2025-01-14

2

Eliza Castro / Beth

Eliza Castro / Beth

parabéns menina Brenda..
amandooooo cada parágrafo, tem muita emoção..
já fiquei viciada kkkk
muitooooooo obrigadaaaaaaaaaa por tudo.

2025-01-14

2

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