Ele veio até mim

...Depois de chorar e mais uma vez tentar expulsar a dor, escuto um barulho que pela primeira vez me causa medo. Devagar vou me aproximando da porta estou com um pedaço de madeira nas mãos o primeiro que entrar aqui eu acerto. Alguém entra e eu ataco.

_Nossa Henry! Será que o matei? 

...Pego água passo em seu rosto e tento acorda-lo... E olhando aqui tão perto o vejo como realmente ele é lindo... Pela primeira vez sinto vontade de beijar um garoto... Ele tem um cheiro tão bom... Me perco o olhando... Lhe sentindo tão próximo...

_Você quase me mata Mel!

_Oh... é ... Você entrou e nunca ninguém veio aqui além de mim

_Eu á vi entrando algumas vezes e nunca tive coragem de vim falar com você, porém fiquei uns dias fora e estava com saudade 

_Saudade de mim?

_Sim! Não sentiu minha falta nem um pouquinho?

_É...eu…eu…vi que você sumiu...

_Assume que sentiu tanta falta como eu

_Você é ousado garoto! 

_Só digo o que seus próprios olhos me dizem 

_E você pode ler meus olhos agora é?

_Sempre... 

_Henry o que faz aqui?

_Como eu disse estava com saudade e vim lhe ver!

_Porque não me encontrou na rua? Como sabia que eu estava aqui? Me seguiu?

_Cheguei de viagem agora a pouco e sim lhe segui algumas vezes e sabia que estaria aqui.

_ Cínico você! Como ousa a me seguir? Está me vigiando por acaso?

_Calma garota! É sério nunca lhe vigiei só sabia que vinha para cá é a primeira vez que entro e como eu disse para matar a saudade

_Tudo bem Henry, já me viu pode ir embora tenho que estudar

_Está cedo ainda, me deixa ficar um pouco? Quer ajuda nos estudos?

_Não, mas se ficar, quero que não faça barulho 

_Prometo ficar quietinho

...Assim ele o fez, ficou quietinho, mas sempre me olhava às vezes sorria de rabo de olho eu conseguia ver quando me encarava... 

...Todos os dias Henry passou a me visitar no esconderijo e nos tornamos amigos. Às vezes levávamos lanche e passávamos a tarde comendo e ouvindo música em seu MP3, descobrimos o mesmo gosto musical e muitas semelhanças. Ele tem 17 anos, já está na faculdade é inteligente e fala muito bem em várias lingias, era tão fácil a conversa com ele sempre tínhamos assunto.

...Adorava estar perto dele, mas às vezes precisava de dinheiro e saia na madrugada e quando Henry me via com os machucados tentava saber o porquê e eu nunca falava. Muitas vezes até brigávamos e eu o expulsava, ele ia triste, mas sempre voltava no outro dia. A única coisa que lhe contei foi sobre a tragédia do incêndio e desde então descobri o que é a verdadeira solidariedade, ele não tinha dó de mim como as outras pessoas ele partilhava da minha dor.

...Por diversas vezes ele secou minhas lágrimas e me fez curativos e parou de me questionar. Passou a ser muito mais que carinhoso comigo e estava a espera de quando confiasse o suficiente para me abrir. Sempre soube que uma dor cura outra, mas Henry insistia em me ensinar que amor e carinho curavam qualquer dor... Beijava todos meus machucados, dizia que tinha amor suficiente para me curar. Passei a ter sensações com tanto carinho... Arrepios e frio na barriga pareciam borboletas voando.

...Um dia ele beijou minha boca e mesmo sem saber o que fazer correspondi... foi tão terno e gostoso que passei a descobrir que tem partes do meu corpo que reagem ao nosso contato. Por diversas vezes ele parava nosso beijo, pois se dependesse de mim iríamos longe. Ele me pediu em namoro e assim nos tornamos inseparáveis. Ele me acompanhava em todos os lugares quando era possível, mas a maior parte passávamos no esconderijo onde nos intitulamos de nossa casa. Passei a ter uma vida nova onde senti que tinha possibilidades de ser feliz, a rotina mudou e minhas 24hs eram divididas entre Carol e Henry. Confesso que passava mais tempo com Henry já que Carol estudava em tempo integral.

Já estávamos namorando há 3 meses quando tio Rai ficou doente e eu tive que conseguir dinheiro e como se tratava de muito sumi por três dias, nem levava Carol para escola. No quarto dia fui à nossa casa e lá encontrei alguns bilhetes de Henry e ao ler chorei.

Minha Mel hoje não lhe vi e sinto dor em meu coração, preciso sentir você, lhe abraçar forte!

...Love, Henry...

Minha Mel, dois dias sem te ver e a dor está insuportável, o que aconteceu meu amor? porque não vem me ver.... sempre estarei a sua espera...

...Love, Henry ...

Agora o desespero está batendo forte, não posso ficar sem você, sem ter você... o que aconteceu minha mel? Imploro que não me abandone jamais... volte para mim!

...Love, Henry ...

...Passo a chorar muito sei que o feri, e ele nem imagina o quanto sofri por essa distância em três meses, nunca ficamos um dia sem nos ver. Com os bilhetes de Henry na mão ali encolhida cheia de dores e lágrimas pego no sono. 

...‘’Você chora como se a sua dor...

...Fosse sair junto com as lagrimas...

...Mas não sai’’...

***Esta obra está sob contrato com a NovelToon, e a pirataria, como a reimpressão sem permissão, é estritamente proibida.***

***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***