O sol estava forte no intervalo, e Valéria sentou-se em um banco no canto do pátio, comendo devagar o lanche que trouxe de casa. Suas novas amigas tinham se dispersado para conversar com outros colegas, deixando-a sozinha. Ela não se importava; preferia observar o ambiente a se forçar a interagir.
De repente, uma sombra cobriu sua visão, e ela levantou os olhos. Era Vinícius. Ele segurava uma bola de futebol e estava levemente ofegante, provavelmente vindo de uma partida improvisada com os amigos. Seu sorriso era descontraído, mas curioso.
“Ei, você é nova aqui, né?” perguntou ele, parando ao lado do banco.
Valéria engoliu em seco, surpresa com a aproximação. “Sim, sou.”
“Eu sou Vinícius,” disse ele, ajeitando a bola debaixo do braço. “Se precisar de ajuda com qualquer coisa, é só falar.”
Ela tentou responder, mas antes que pudesse, um grupo de amigos o chamou, acenando de longe. “Já vou!” ele gritou de volta, olhando para Valéria com um sorriso rápido. “Nos vemos por aí.”
E com isso, ele se afastou. Valéria permaneceu imóvel, processando o que acabara de acontecer. Foi uma interação breve, mas o suficiente para deixar seu coração acelerado.
Depois desse encontro, Valéria não conseguiu evitar prestar mais atenção em Vinícius. Ele parecia estar em todos os lugares: no corredor, conversando com a professora, no centro de uma roda de amigos no pátio. Sempre sorrindo, sempre interagindo.
No entanto, não era apenas a popularidade dele que chamava sua atenção. Valéria começou a notar os pequenos gestos de gentileza que ele fazia, quase imperceptíveis para quem não prestava atenção. Como naquela vez em que ele ajudou uma menina quieta da sala a carregar os livros na biblioteca. Ou quando ele ofereceu seu lanche a um garoto do primeiro ano que parecia nervoso e perdido.
Ele não fazia essas coisas para chamar atenção; parecia genuíno. Isso apenas reforçava o que ela já começava a sentir: ele era tudo o que ela admirava, tudo oq ela queria ser, mas também tudo o que ela achava impossível alcançar.
Na semana seguinte, enquanto esperava na fila do refeitório, Valéria percebeu Vinícius ao lado de um amigo. Ele ria de algo, mas, de repente, virou-se para ela. “Ei, Valéria, né?” perguntou, como se confirmasse que tinha acertado seu nome.
“Sim,” respondeu ela, surpresa por ele lembrar.
“Tá gostando da escola?” perguntou ele casualmente, pegando uma bandeja.
“ah , sim, é diferente,” respondeu ela, tentando soar natural.
“Se precisar de ajuda com as matérias ou com... sei lá, os grupos, pode falar diretamente comigo,” disse ele, com aquele sorriso fácil, lançando uma charmosa piscada. Antes que ela pudesse responder, ele acrescentou: “Mas acho que você tá se saindo bem. As meninas do seu lado da sala falam super bem de você.”
Valéria corou, mas Vinícius já estava indo embora, se despedindo com um gesto simples de mão. Ela olhou para a bandeja em suas mãos e sentiu um calor inexplicável no peito. Talvez, só talvez, ele tivesse prestado mais atenção nela do que ela imaginava.
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Atualizado até capítulo 21
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