Capítulo 4

Quando Apolo chegou ao hospital, a atmosfera estava carregada de tensão. Kimberly, que o aguardava ansiosamente, correu até ele assim que percebeu a sua presença.

O olhar dela imediatamente se fixou nas marcas no pescoço dele, evidências de uma intimidade recente. Com um misto de desaprovação, ela questionou:

— Deveria esconder essas marcas no seu pescoço, Apolo!

A resposta dele foi rápida e impaciente.

— Esconder de quem? Eu e minha esposa não precisamos esconder nada de ninguém.

A sinceridade nas palavras dele apenas alimentou a inquietação de Kimberly, que insistiu:

— Desculpe, achei que não gostava daquela mulher.

A troca de palavras entre os dois estava longe de ser amigável.

Apolo virou-se para ela, com um olhar firme.

— Kim, eu só estou aqui por causa da Hazel. E acho que já está na hora de você arrumar um namorado. Eu não tenho obrigação nenhuma de cuidar de você, apenas da Hazel. É por ela que eu vim. - Aquela declaração atingiu Kimberly como um soco no estômago; as palavras dele eram duras e diretas.

— Você prometeu cuidar da gente. - Ela retrucou, a voz tremendo com a emoção reprimida: — Não esqueça que se o Tom não tivesse salvo sua vida, ele estaria aqui e não você!

A menção a Tom fez com que Apolo se irritasse ainda mais.

— Então lembre disso. - Ele respondeu com frieza: — Eu não sou o Tom. E evite dizer para Hazel fazer comentários sobre meu amor pela minha Alyssa.

As palavras dele deixaram Kimberly em silêncio por um momento, mas ela não se deixou abater facilmente.

Fingindo mágoa, ela disse:

— Sua esposa está mentindo!

O riso desdenhoso de Apolo ecoou pelo corredor do hospital.

— Eu não convivo com ela, mas sei que mentir não é algo que ela faria. Eu não tenho interesse romântico em você. Lembre disso. - Com isso, ele se afastou dela, buscando o médico para obter notícias sobre a menina.

A tensão entre eles era palpável, cheia de ressentimentos e sentimentos não resolvidos.

Enquanto Apolo aguardava ansiosamente por notícias sobre Hazel, Kimberly ficou ali parada, refletindo sobre tudo o que havia sido dito e faria o possível para ele ver que ela era a mulher certa para ele .

Quando o médico finalmente saiu da sala, Apolo estava ansioso, mal conseguindo conter a expectativa. Ele aproximou-se rapidamente, perguntando:

— Como ela está, Dr.?

O médico, que estava concentrado em ler o histórico médico da menina, levantou os olhos e, após um breve momento de hesitação, voltou-se para Apolo e Kimberly.

— Ela teve um ataque leve. - Começou o médico com uma voz calma: — É um problema cardíaco que já conhecemos. A boa notícia é que ela está estável agora. Os sintomas podem ser assustadores, mas o tratamento dela tem sido eficaz e estamos monitorando-a de perto. A recuperação pode levar algum tempo, mas com cuidados adequados e acompanhamento médico, a maioria das crianças com essa condição leva uma vida normal.

Apolo ouviu cada palavra com atenção, seu coração apertado pela preocupação.

— Posso vê-la? - Perguntou ele, a ansiedade transparecendo em seu tom.

O médico hesitou por um instante e perguntou:

— É o pai dela?

— Não. - Apolo negou rapidamente.

Mas Kimberly, que estava se aproximando, disse simultaneamente:

— Sim.

A confusão na sala aumentou.

— Não sou o pai dela. - Apolo reiterou firme: — Apenas um guardião da menina.

O médico olhou entre os dois, percebendo a tensão no ar.

— Sugiro que evitem discussões ou clima tenso diante da menina. - Ele disse com um olhar sério. Apolo assentiu em compreensão e entrou na sala.

Enquanto isso, Kimberly ficou conversando em particular com o médico. Não era possível ouvir o que eles discutiam, mas a expressão corporal do médico era tensa e preocupada. Ele parecia estar lidando com algo mais do que apenas a condição médica de Hazel.

No quarto do hospital, a pequena ruiva estava dormindo profundamente. O seu rosto pálido e e a suaorma magra eram evidentes sob as cobertas. Apolo não pôde deixar de lembrar das palavras do seu amigo Tom:

"Minha filha é tudo pra mim. Você deveria ser mais presente na vida da sua filha, meu amigo. Quando elas crescerem, você perderá muita coisa."

Aquelas palavras ecoavam em sua mente enquanto ele olhava para a menina adormecida.

Sentindo-se angustiado e impotente, Apolo pegou seu celular e tentou ligar para Catherine. Mas ela não atendeu; na verdade, desligou o celular logo em seguida. Ele sabia que ela estava furiosa e se sentiu humilhada por ter sido deixada pelo próprio marido para buscar outra família.

Por um momento, ele considerou contar a Catherine sobre seu segredo com Tom e tudo que envolvia o pedido do amigo falecido para ele cuidar de Hazel. No entanto, decidiu guardar isso para si mesmo; talvez segredos fossem melhor mantidos ocultos.

Enquanto observava a menina na maca, Apolo ficou em silêncio, perdido nos seus pensamentos.

Nesse momento de vulnerabilidade, Kimberly entrou no hospital com um copo de destilado nas mãos e entregou a ele:

— Beba um pouco. - Ele aceitou agradecido e tomou um gole.

Sentando-se no sofá próximo à cama da menina, uma forte sonolência tomou conta dele até que finalmente adormeceu ali mesmo. Enquanto isso, Kimberly olhava para ele com um brilho lascivo nos olhos.

Com cautela, ela retirou a blusa branca do uniforme dele, deixando-o apenas com a parte de baixo. Em seguida, trancou a porta do quarto e ficou nua até se deitar lentamente sobre ele.

Com um sorriso travesso nos lábios, ela tirou uma foto deles juntos e enviou para Catherine com a legenda: "Amar não é deixar ir; é te abandonar para vir até mim." A mensagem carregava uma provocação sutil e uma intenção clara de criar ainda mais tumulto na vida já complicada dos dois.

............

A luz suave do amanhecer filtrava-se pelas janelas da cozinha, pintando o ambiente com tons quentes de laranja e amarelo. Catherine e Alyssa estavam sentadas à mesa, o aroma do café fresco preenchendo o ar. Alyssa, com seu jeito animado, falava sobre a aula do dia, seus olhos brilhando ao mencionar as profissões dos pais. Para a garotinha, cada profissão parecia mágica, cheia de possibilidades e aventuras.

Enquanto ouvia a filha, Catherine se perdeu em pensamentos. O casamento que sempre foi seu foco agora parecia uma prisão. A ideia de nunca ter buscado um sonho próprio a incomodava. Ela se lembrava das promessas que fez a si mesma na juventude: ser independente, ter sua própria cafeteria onde pudesse criar não apenas receitas, mas também um espaço acolhedor para as pessoas. A imagem de um lugar onde poderia servir cafés especiais e ouvir as histórias dos clientes começou a tomar forma em sua mente.

Alyssa terminou de falar sobre a professora que iria explicar sobre as várias profissões e como ela estava ansiosa para compartilhar o que seus pais faziam. Catherine sorriu para a filha, mas seu coração estava pesado com a realidade de sua vida. Se um dia decidisse se separar de Apolo, como poderia sustentar Alyssa? Era hora de agir.

Após o café da manhã, Catherine pegou seu smartphone e notou uma mensagem de um número desconhecido, que ela sabia quem era. Um frio na barriga a fez hesitar. O impulso inicial foi excluir imediatamente, mas a curiosidade foi mais forte. Ao abrir a mensagem, seu coração disparou ao ver a foto íntima de Apolo com Kimberly. A legenda provocativa ecoava em sua mente: "Amar não é deixar ir, é te abandonar para vir até mim."

Catherine sentiu uma onda de raiva, mas também uma estranha sensação de despreocupação. Se ele queria traí-la, que assim fosse. Ela já não se importava mais com o que Apolo fazia ou deixava de fazer.

A decisão estava tomada: ela iria em frente com seus planos.

Com determinação renovada, Catherine chamou Alyssa para o carro e partiram rumo à escola da menina.

O sol já brilhava alto no céu, depois de entregar Alyssa aos cuidados da professora, Catherine partiu em direção à Lan house, ansiosa pela busca pelo seu primeiro emprego.

O estabelecimento, situado numa rua movimentada, parecia promissor. Catherine fez uma pausa em frente à porta, colocando as mãos sobre as costuras finas do casaco, fazendo uma pausa para recuperar a confiança antes de entrar.

Apesar da falta de experiência, seu sorriso determinado foi um lembrete de que sua boa vontade compensava sua inexperiência.

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