Não foi nada fácil lidar com meu pai durante esses dois dias, bem que passou sua crise de malcriação da semana. Chego bem cedo no bar e organizo tudo para noite. Meu Amigo Nick Falcone será o Bouncer desta noite, ele está precisando de uma grana extra, pois sua esposa daqui uns meses terá gêmeos.
Quando ele recebeu a notícia que ia ser pai Nick chorou feito criança e nós como seus bons amigos que somos o apelidamos de nenê, ele fica roxo de raiva quando o chamam assim. Depois da notícia que seriam gêmeos ele está trabalhando por quatro agora. Todos nós ajudaremos como for possível. Nick e Danna estão muito felizes e eu serei o padrinho.
Nick vai ser a sensação da noite, a mulherada vai ficar louca quando ver ele, brinco.
─ Tem certeza que Nick não prefere ser o GoGo boy da noite, ganha mais. Finjo seriedade o deixando nervoso.
─ Irmão quer me ver morto? A Danna arranca minhas bolas com certeza! Ela até queria vir, foi mega difícil convencê-la que eu ia só trabalhar, você sabe como ela é ciumenta! Minha sorte é que minhas irmãs também irão trabalhar comigo, aquele trio é barra pesada! Suspira um pouco aliviado.
Suas irmãs não demoram para chegar e sentam ao seu lado depois dos cumprimentos normais.
O trio da pesada as irmãs Falcone, Vanessa, Erica e Lydia; trabalham a anos como seguranças das mais badaladas casas de Los Angeles. Perigosas e armas como elas mesmas dizem; amam uma boa briga e noites como essas "Só pra garotas" as deixam empolgadas. Explico como vai ser as duas reuniões e peço para todos ficarem atentos com as regras do bar.
Cuidar dos possíveis encrenqueiros e bêbados, sempre com respeito e educação, mas se alguém teimar em sair da linha, todos tem carta branca para agir como achar melhor. Faltando poucas horas para o cair da noite e os primeiros clientes chegarem checo as armas escondidas no balcão e aviso ao Barman e Bartender para revezarem nos balcões.
Decidi que inicialmente o Nick ficara na porta junto com os montanhas, mais dois Bouncer que ficaram responsáveis pela verificação das identidades dos frequentadores para conferir idades, não quero ter problemas com menores consumindo álcool e nem drogas em meu bar. Eles deveriam confiscar tudo que acharem irregular, como revistar pessoas suspeitas. E sempre auxiliar os mais embriagados a pegarem um táxi, também não quero ninguém morto por passar por aqui. Cuidado nunca é demais. Quase tudo pronto...
Ligo minha jukebox e aumento o som ao máximo, Nick e as irmãs Falcone caem na gargalhada e gritam comigo: ─ Ficou Louco irmão? Começo a dançar e respondo.
─ Sempre fui! Eu preciso ser para sobreviver! Afirmou de modo estranho.
...Sessão de Fotos...
Meu dia começou assim entre uma pose e click da máquina fotografia da Jenna, de tanto ela insistir aceitei fazer algumas fotos para ajudá-la em seu curso de fotografia, mais já foi tantos click que estou ficando irritada.
Não sou modelo, estou fazendo apenas um favor para uma de minhas melhores amigas! Se arrependimento matasse estaria morta a pelo menos duas horas atrás.
─ Jenna já faz mais de duas horas que você me disse que estamos terminando. Estou atrasada para almoçar com minha família. Tento argumentar com ela que pela empolgação me deixaria de castigo, nem sei quantas horas mais.
─ Só mais esta quero aproveitar que hoje está bem vazio e a luz ambiente está nos favorecendo.
─ Beleza, então vamos logo com isso.
Ela para por um instante me encarando e pergunta: ─ Pelo jeito sua irmã estará presente nesse almoço? Vocês ainda estão nessa rivalidade idiota?
─ Você sabe que ela me odeia, implica com tudo que eu faço! A sorte é que minha mãe conhece bem a peça que ela é, se não estaria perdida. Respondo recolhendo minhas coisas e vestindo minhas roupas.
─ Vocês já passaram por mal pedaços por causa dela, e ela nem se toca disso, acho um absurdo. Mais fazer o que? A irmã não é minha mesmo! Afirma sorrindo.
─ Obrigado pelo apoio amiga.
─ Que isso amiga, estou sempre à disposição. Explica-me gargalhando.
─ Então pare de palhaçada ai e me dê uma mão aqui.
─ Sorte que vim de carro e não de moto, é muita coisa pra carregar de um lado para outro, afinal.
─ Verdade. E a despedida de solteiro da Rachel tudo ok? Pergunto fechando minha jaqueta.
─ Tudo. Espero que as garotas gostem do local, o bar Águia de Aço é bem concorrido para eventos desse tipo.
─ Você sabe que preferiria em outro lugar, mas já que foi feito votação e a maioria o escolheu, fazer o que, não é mesmo?
─ Não se preocupe demais, o bar está sob nova direção agora e faz meses que sua má fama foi totalmente alterada.
─ Se você está dizendo, eu confio. Se precisarem de algo mais, é só me avisar. Digo montando em minha moto e acendo para ela.
Estava pelo menos uns trinta minutos atrasada, bem que havia enviando mensagem para minha mãe comunicando que chegaria atrasada; Estou morrendo de saudades de minhas sobrinhas e de minha mãe, agora de minha irmã nem um pouco, nosso convívio a cada dia ficava mais e mais difícil.
Sou designer de modas na prática, pois uma das amigas da minha mãe acabou me ensinando o ofício nas minhas férias da faculdade que fazia anteriormente, precisava de algo que não me deixasse pilhada demais e tenho minha própria marca de roupas, voltada para as mulheres; faço estilos despojados e esportistas, mais também desenvolvo; crio e confecciono roupas femininas sofisticadas e originais, exclusivas. A famosa alta costura... Sou jovem na verdade, mas comecei cedo a batalhar pelo que eu queria, sempre foi incentivada pela minha mãe, mesmo quando tentei mudar o meu curso na faculdade faltando pouco tempo para me formar. Se sou um prodígio eu não sei mesmo, mas os conselhos da mulher que me deu a vida sempre foram bem-vindos, acabei fazendo a sua vontade. Terminei de me formar em psicologia, depois de especialização em psicanálise... Seguindo especialmente pela sexologia, na verdade seria a minha pós-graduação em Educação Sexual, Sexologia ou Terapia Sexual. Esse era os meus planos inicialmente, mas... As coisas e os desejos mudam conforme o tempo passa. Em todo o caso eu faria um estudo amplo do comportamento humano. E as pessoas são complexas. Digo isso, por mim mesma... Um dos muitos segredos que possuo! Mudar e me adequar às mudanças rapidamente. Uma característica herdada do meu pai.
Apaixonada por motos, tenho algumas. Adoro voar alto pelas ruas de Los Angeles, nasci no Brazil, mas vim para os Estados Unidos quando tinha 3 anos, depois da morte de meu pai, minha família ficaria mais segura aqui, pois as leis de lá são muito brandas.
O meu nome é Karolyny Morgado, 23 anos e pela minha foto podem ter uma ideia de como sou. Vou contar a minha história...!
A motociclista que me deu a vida
Começarei falando um pouco sobre minha mãe, por que para você conhecer alguém o melhor mesmo é conviver com ela. Carmen Luz Morgado é americana, nascida em Los Angeles, sempre foi apaixonada por quatro rodas e viajou quase o mundo todo em uma. Foi em uma destas viagens que ela conheceu meu pai, eles se conheceram no Brasil. Graças a um acidente de trânsito, ao ser fechada por um caminhão na Marginal Pinheiro derrapando em seguida, por pouco mesmo meu pai não passa por cima dela. Depois dos primeiros socorros, polícia, ambulância etc e tal. William Morgado juiz daquela comarca não conseguia tirar mais os olhos da bela mulher à sua frente.
Foi apenas um susto mas depois daquele dia não se separaram mais, minha mãe naquela época tinha 23 anos como eu e meu pai 28. Ela já me contou essa história diversas vezes e nunca me canso de ouvi-la.
Minha mãe sempre foi uma mulher à frente de seu tempo. Uma mulher do futuro. Ela parece ter várias mulheres em uma. Misteriosa, explosiva, atrativa e instável. Irreverente, não liga para moda, gosta de inventar, ser diferente, usando peças únicas. Seu prazer é inovar, surpreender e suas ideias muito avançadas causam grandes discussões... Ama a humanidade e trata a todos da mesma forma, não importa se é um ajudante geral ou um presidente. Acredito que foi isso que conquistou meu pai.
Como mãe? Bem, ela é única! Tenho muito orgulho dela. Mãe moderna, acima de tudo amiga e, como tal, é tolerante e compreensiva. Ela sempre enxergou suas filhas como companheiras, verdadeiras parceiras na tentativa de acertar, e as ensinou desde cedo a se virarem sozinhas. Ela queria que suas filhas fossem independentes e criativas. Pelo menos uma delas com certeza ela conseguiu sim passar esse conceito. Preza pela alegria do lar. Com ela aprendi a ser a mulher que sou hoje...
A paixão por motos como podem ver é de família, rara suas exceções, pois minha irmã é completamente diferente de nós. Minha mãe hoje tno seus 45 anos e se tornou uma bela mulher, realizada profissionalmente, mas ainda não encontrou um novo amor desde que tiraram meu pai de nós, ela se trancou para o amor. Torço para que isso mude, gostaria de vê-la realizada também no amor e como a mulher forte que ela é.
Agora meu pai quase não tem lembranças dele, única coisa que consigo lembrar são das suas mãos me elevando do chão quando ralei o joelho ao cair na calçada, nem sua voz e muito menos seu rosto consigo recordar. William Morgado também era apaixonado por moto, mas seu trabalho tomava mundo tempo, por isso, só nos finais de semana ou quando tinha um feriado.
Mas em suas férias era outra coisa, fazia a mochila e corria o mundo, fazendo rastro como ele mesmo falava, assim conta minha mãe. Como lhes contei ele era juiz íntegro e honesto, linha dura dentro de São Paulo, estava ficando famoso pois estava desvendando crimes do colarinho branco entre grandes políticos e empresas. Numa destas investigações descobriu o envolvimento do tráfico de influências e a prostituição infantil. Eu tinha 3 anos e minha irmã 5 anos quando ele foi executado a tiros em frente de nossa casa assim que voltava de uma de suas audiências. Tudo foi tão repentino e envolto em mistérios que ao passar do tempo acabou caído no esquecimento da maioria.
Todos ficaram abalados, minha mãe quase surtou, ela havia se formado em direito nos Estados Unidos, mais por causa do casamento e filhos que vieram praticamente um em cima do outro, deixou sua carreira de lado pra cuidar da família.
Meu pai era um homem bonito, suas fotos são as únicas lembranças que tenho! Tímido e educado, ele seguia sua vida sempre pensando no melhor para ele e sua família. As pessoas olhavam e achavam que ele era muito fechado. Quem não o conhecia direito, achava que ele era até mesmo egoísta, mas isso tudo acontecia porque não costuma se abrir com qualquer um.
Procurava não aparecer muito, ele era mais reservado. Justo e muito honesto. O meu pai era todo preocupado com a educação das suas filhas. Para ele, o futuro dos seus herdeiros era o que mais importava, pois, deseja que todos fossem bem sucedidos. Sabia que impor disciplina e exigia respeito em casa, mas acabou sendo ausente, pois vivia a concentrar seu trabalho para alimentar a sua ambição e poder. Ele faz muita falta e acredito que para minha irmã muito mais, pois Tessa é muito desmiolada.
...A desvairada...
Comunicativa, sensível, misteriosa, intelectual, racional, inteligente e egoísta. Era uma companheira agradável e uma amiga para todas as horas. Agia muitas vezes como menina, demonstrando timidez e inocência. Mas não se engane, porque é só aparência. Essa é minha irmã Tessa Morgado sabe usar artifícios para conseguir sempre o que quer. Muito sociável, fala com todo mundo naturalmente. Aliás, essa é sua principal característica: fala demais. É através de todo esse papo que ela demonstra o seu talento e criatividade.
Ela é uma caixinha de surpresas, em que aberta saem dois palhaços, um completamente alegre, e outro completamente depressivo. Quando Tessa fez seus 14 anos começou os problemas, não quis mais estudar, passava o dia todo de bobeira com suas amigas ou jogada no sofá resmungando, começou a beber descontroladamente e fugir para as festas de bares.
Se envolveu com os piores, cada dia era um namorado diferente e se orgulhava em ser chamada de Puta por eles.
Minha mãe tentou de tudo, conversas, conselhos, castigos e até surras, nada adiantava! Tudo era motivo para discussões e brigas, eu me mantive afastada ao máximo, até o dia que ela chegou fedendo a bebida barata e tentou agredir minha mãe, ai não, desci o braço nela fiquei toda roxa e com várias mordidas nos braços, a desgraçada me mordeu acreditam, mais não soltei seus cabelos por nada, sai com as mãos cheias. Se os empregados não separam nem sei o que teria acontecido, minha mãe bem que tentou mais sozinha ela nunca ia nos separar tamanha era nossa fúria naquele dia.
Descobrimos que Tessa estava usando drogas quando as coisas lá de casa começaram a desaparecer, teve outro dia que ela roubou todas as minhas roupas e vendeu em troca de cocaína, pura vingança! Esse dia minha mãe estava no fórum trabalhando, bati tanto nela que a deixei com um olho roxo. A gota d'água foi quando voltamos e toda a nossa casa havia sido roubada, vocês não vão acreditar ela e seus comparsas que teimava a chamar de amigos, alugaram um caminhão e esvaziaram nossa casa, os vizinhos acharam que íamos mudar, a descarada falou isso pra todos.
Minha mãe com seu coração enorme a perdoou e não quis dar queixa, como eu já era de maior a denunciei para a polícia, dias depois ela foi presa tentando vender nossas jóias, recuperamos o mais importante que foi as jóias de família e os álbuns com todas as fotos de meu pai. Brigamos feio dentro da delegacia, parti pra cima dela e dei uns bons tapas só depois os polícias interviram. Com certeza todos acreditaram que ela bem que merecia, novamente minha mãe pagou sua fiança e se responsabilizou pela peste, a internou diversas vezes e sem resultado algum.
Até que em uma noite de véspera do natal a louca fugiu sem deixar rastro. Lembro de minha mãe inconsolável chorando litros e litros por causa de sua primogênita desmiolada. Dois anos se passaram até que em um domingo Tessa bateu em nossa porta como se nada estivesse acontecido, estava casada com um cara mal encarado e muito suspeito por sinal. E sua barriga enorme, grávida de gêmeos, haviam sido despejados da espelunca em que moravam e um belo dia lembraram que tinha família. Os dias passaram e nossa convivência só piorava, ela vivia jogando na minha cara que eu estava tentando roubar seu homem, pra falar a verdade quem em sã consciência ia querer um traste daquele só mesmo a Tessa.
Em um jantar com alguns amigos advogados e juízes de minha mãe, o desgraçado do marido de minha irmã passou as mãos em minhas pernas por debaixo da mesa, eu já havia suportado suas gracinhas o dia inteiro, suas insinuações sujas, quando explodi e finquei o garfo em uma de suas pernas e antes dele conseguir reagir usei a faca de mesa em sua mão boba aos gritos contei para todos o que ele estava fazendo. O desgraçado negou tudo, mais um dos amigos de minha mãe que por sorte estava sentado do lado direito conseguiu ver toda a sua manobra e havia alertado aos outros amigos, ele me explicou que se eu não reagisse eles tomariam uma atitude.
Tessa fez um escândalo e ficou do lado de seu marido marginal saído de casa. Menos de quinze dias foi encontrada em seu apartamento com uma overdose, o que fez com suas filhas nascem prematuramente, mas sem nenhuma sequela. O bendito marido havia fugido a mais de um mês procurado pela polícia por tráfico de armas, drogas e assaltos feitos em quatro estados. Resistindo a prisão foi alvejado pela polícia dias depois. Tessa foi internada novamente e ficamos com as gêmeas, minha mãe com ajuda de sua influência entrou com uma medida cautelar de proteção e obteve a guarda de minhas sobrinhas, mas não deixou de cuidar de Tessa nunca. Como perceberam tanto minha mãe como eu, temos personalidades extremamente fortes, seguimos adiante sem muito pedir ou ouvir as pessoas. São raras as vezes que pedimos ajuda ou socorro.
Minha mãe me ensinou que uma mulher independente e forte, dona de si realmente, sabe do seu potencial e nunca se esquece de quais são os seus sonhos. Ela sabe como transformar seus desejos em realidade, não mede esforços para conquistar algo e é capaz de superar todos os obstáculos que o destino coloca em seu caminho.
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Atualizado até capítulo 62
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