Capítulo 4: Um Nome e Uma Imagem

Thalor tinha prometido a si mesmo que não abriria mais nenhuma mensagem de Sombra. Passara a maior parte do dia tentando focar nos estudos mas era como se o hacker tivesse tomado residência em sua mente. Cada notificação no computador ou no celular fazia seu coração disparar.

Finalmente já perto da meia-noite uma nova mensagem apareceu na tela. Sem conseguir resistir Thalor clicou.

Sombra...Lian.

Thalor franziu a testa. Um nome? Era isso? Antes que pudesse pensar em como responder outra mensagem chegou. Dessa vez era uma imagem.

Ao abrir o arquivo ele viu um torso masculino bem definido com traços sutis de cicatrizes nos ombros e nos braços.

A cabeça estava fora do enquadramento mas o impacto da foto foi imediato.

Thalor (pensando)...Ele está brincando comigo. É só mais um truque.

Mas não conseguia desviar o olhar. Algo na imagem parecia íntimo demais como se fosse um convite perigoso.

Sombra...Agora sabe algo sobre mim Thalor. Seu movimento.

A raiva de Thalor explodiu misturada a algo que ele não queria nomear.

Thalor...Você acha que isso é alguma prova de confiança? Mandar uma foto sem rosto e um nome que pode nem ser real?

Sombra...Eu poderia dizer o mesmo sobre você. Você é só um nome em uma tela para mim. Mas isso está mudando não está?

Thalor tentou formular uma resposta mas nenhuma parecia certa. Ele digitou e apagou várias vezes enquanto o cursor piscava como um lembrete irritante de sua indecisão.

Thalor...Por que você está fazendo isso? Qual é o seu objetivo?

Sombra...Entender você. E talvez ajudar você a se entender também.

Thalor...Você não me conhece. Não sabe nada sobre mim.

Sombra...Se eu não soubesse nada você não estaria tão preso a isso.

Thalor jogou a cabeça para trás frustrado e fechou o laptop com força. Ele precisava de espaço precisava respirar. Mas mesmo depois de se afastar a imagem permanecia em sua mente cada cicatriz cada detalhe parecia gravado em sua memória.

Confrontando a Verdade

No dia seguinte Thalor tentou voltar à sua rotina mas tudo parecia diferente. As aulas pareciam mais longas os sons ao redor mais abafados, e cada rosto que ele via era como um borrão.

Ele passou o intervalo no refeitório encarando o celular sem saber se queria ou não abrir o chat.

Thalor (pensando)... Ele não pode ter esse poder sobre mim. Não pode.

Finalmente, reuniu coragem e digitou uma mensagem curta e direta.

Thalor...Isso precisa parar.

A resposta veio quase imediatamente como se Sombra estivesse esperando.

Sombra...Por que Thalor? Porque estou te mostrando algo que você nunca teve coragem de enfrentar?

Thalor...Porque isso não é real. É só um jogo. Você quer me manipular.

Sombra...E se não for? E se isso for o mais real que você já sentiu?

As palavras de Sombra perfuraram algo dentro de Thalor algo que ele tentava esconder até de si mesmo. Ele jogou o celular na mesa irritado consigo mesmo por sequer considerar as possibilidades que as palavras de Sombra insinuavam.

Thalor (murmurando)...Eu não gosto de homens. Eu sei quem eu sou.

Mas no fundo as palavras soavam cada vez menos convincentes.

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