Giovanna chegou na hora do almoço como prometido ao seu pai, eles não moravam na capital então ela teve que dirigir por duas horas até chegar à residência da família. O lugar da sua infância era lindo, mas abrigava terríveis lembranças que ela gostaria de esquecer, logo, ela não queria ficar nenhum momento a mais do que o necessário nesta casa.
A funcionária a levou até a sala, onde seu pai já estava esperando.
- Giovana\, sente-se. Seu pai estava sentado no sofá e disse sem nenhum outro cumprimento. Sempre foi assim.
- Eu vim logo\, confesso que estou curiosa sobre esse assunto. Onde está a mamãe?
- Não está se sentindo bem\, não vai almoçar conosco.
Não era nenhuma surpresa para ela, sua mãe constantemente tinha essas indisposições. Era um código para: Ela está dopada de remédios, os quais ela usa para fugir da sua realidade.
- O almoço está servido. Uma das funcionárias veio avisar
Giovana acompanhou seu pai até a sala de jantar. A mesa posta era chique, digna da mais nobre família. Talheres importados, louças que custavam uma fortuna, taças e uma infinidade de objetos de decoração. Giovana queria acreditar que era porque ela vinha almoçar, mas ela não era iludida, sabia que sua família pomposa sempre tinha esse comportamento. O simples não era algo que a família Ferrari admitia. Giovana almoçou apenas com o seu pai. A atmosfera fria da casa, a falta de calor humano e toda a cerimônia dos funcionários não era uma novidade para ela. Foi assim que ela foi criada e dessa forma a sua personalidade foi moldada.
- Bom\, acho que é melhor te explicar logo o que eu preciso. Disse seu pai quando a sobremesa foi servida.
- Eu combinei o seu casamento com o filho mais velho dos Arantes. Em quatro meses vocês se casarão.
Giovana estava sem palavras, o choque tomou conta do seu rosto, mas logo ela recuperou a voz
- Mas não era a Amanda que iria casar com ele?
- Sim\, seria eu\, mas eles resolveram me sabotar. Amanda entrou na sala debochando. Ela estava com raiva e foi se aproximando de seu pai.
- Cale-se!. Ordenou seu pai. Você sabe muito bem que seu comportamento vulgar e desavergonhado foi que causou isso. Você nos envergonha\, é uma sorte que o Marco não quis cancelar todo o contrato e concordou com a troca de esposa.
- Me divertir e curtir a vida agora é uma vergonha papai? O que posso fazer se você é um velho careta?
Pah
O som do tapa ecoou na sala.
- Você.. Amanda rosnou de raiva. A força do tapa em seu rosto a lançou no chão.
- Saia da minha frente\, agora. Luigi vociferou com sua filha mais velha. Giovana não se levantou da cadeira\, ela observou sua irmã se levantar e sair. Ela sabia que sua irmã rejeitaria a sua ajuda\, afinal não foi o primeiro nem o segundo tapa que seu pai lhe deu.
- Bom\, voltando ao assunto\, sua irmã não está qualificada para esse casamento\, então será você.
- Eu não tenho interesse em me casar. Eu estou terminando a minha residência e um casamento só vai tirar meu foco da minha carreira
- O casamento é uma mera conveniência\, você já conhece os termos\, são os mesmo que eram da sua irmã\, você poderá se divorciar em dois anos de casamento\, claro que\, sob algumas condições e se não houver uma criança.
Giovana já sabia disso, ela leu o contrato quando sua irmã se casaria, mas ela já esteve em uma prisão antes e não gostaria de entrar em outra.
- Eu não o conheço\, não estou interessada nele\, logo\, não vou me casar.
- Giovana. Seu pai lhe chamou com aquele tom de gelar o coração. Você irá se casar sim\, não lute contra isso porque você vai perder. Ele falou isso olhando bem no fundo dos seus olhos\, seus olhos azuis como os dela eram um poço de gelo\, ela sabia que seu pai não estava com paciência para discussão.
- De qualquer forma\, vocês se encontrarão em breve\, então poderão se conhecer melhor. Ele disse falando como se não houvesse feito aquela cara assustadora de antes. - Eu vou me retirar\, fique a vontade.
Ela se viu sozinha na sala de jantar pensando sobre toda essa reviravolta. Ela sabia que seu pai não iria facilitar para ela, caso ela dissesse não. Seu pai poderia obrigar alguém a fazer o que ele queria sem usar a força física. Giovanna se sentia em uma encruzilhada. Ela se dirigiu até o quarto da mãe para checá-la.
- Mamãe? Chamou quando entrou no quarto. Ela foi até a lateral da cama e viu sua mãe em um sono profundo.
- Ah\, mamãe\, Giovana murmurou. Encontrar sua mãe assim não era uma novidade. Ao longo da sua infância e juventude episódios como esses eram muito comuns. Sua mãe se refugiava nos remédios para fugir das angústias e tristezas da sua vida.
Giovana verificou seus sinais vitais e constatou que sua mãe estava bem. Então se retirou do quarto.
- Verifique a senhora Ferrari de tempo em tempo para saber se ela está bem. Pediu a uma das funcionárias quando saiu.
- Sim\, senhora. Não se preocupe\, daqui a pouco eu vou vê-la
- Obrigada.
Então foi ao quarto da sua irmã. A relação das duas não era de amizade. Devido a tantas coisas nessa família a personalidade séria e fria de Giovana contrastava com a vivacidade e rebeldia de Amanda.
- Entre. Disse Amanda ao ouvir alguém bater na porta.
Giovana encontrou sua irmã deitada na cama digitando algo em seu celular. Amanda era loira igual a ela, mas diferente de Giovana ela tinha muitas tatuagens e piercing em seu corpo.
- Eu acabei de saber que vou me casar. Nunca tive a intenção de usurpar o seu lugar. Lamento se você ficou chateada.
- Ahaha\, eu sei maninha\, não estou chateada\, nunca desejei de fato esse casamento\, mas não podia aceitar sem fazer meu pequeno show.
- Fico aliviada por saber.
- Você sempre foi avessa ao casamento e eu acredito em você\, afinal quem trocaria uma prisão por outra quando já teve a chance de liberdade? Elas duas compartilharam um olhar significativo\, elas entendiam uma à outra\, afinal elas compartilharam a vida desta família disfuncional.
- Mas você aceitou sem problemas\, disse Giovana
- Apenas porque não sou como você. Você é leal a tudo nessa vida Giovanna\, sua carreira\, amizade até mesmo a essa família de merda. Não seria diferente com esse casamento\, mesmo por conveniência. Mas eu não\, mesmo casada eu posso muito bem continuar a minha vida rebelde e desregrada. Não ligo para o que os outros pensam.
- Eu sei\, mas até toda a sua liberdade e rebeldia precisa ter limites Amanda. Eu não gostaria de ver nosso pai perdendo a paciência com você.
- Pois eu não ligo\, o que ele mais pode fazer comigo? O que mais ele pode me tirar. Ela falou com a voz embargada. As duas sabiam a que Amanda se referia\, mas apenas compartilharam um olhar que dizia muito.
- Bem\, de qualquer forma procure se precisar de alguma coisa. Adeus. Giovanna se despediu
- Adeus maninha\, e se cuide também. Giovana! Amanda chamou mais uma vez
- Sim?
- Tome cuidado com o Miguel\, ele também não é um homem fácil de se lidar. Eu sei que no final você acabará fazendo a vontade do nosso pai e casará com ele. Mas não se deixe enganar\, para ele esse casamento só será um mero contrato.
- Como você sabe que aceitarei?
- Porque eu percebi em você coisas que talvez nem você mesma percebeu.
Giovana não entendeu o que sua irmã disse
- Vá\, o que eu puder fazer para deixar o caminho livre para você\, eu farei. Adeus e de nada maninha.
Giovana foi embora com o cenho franzido, tentando entender o que sua irmã quis dizer com tudo aquilo. Entrando no carro deu um suspiro de alívio, ela se sentia sufocada naquela mansão. Giovana pôs o carro em movimento com destino ao hospital. Hoje ela teria um plantão de 24 horas e foi com satisfação que ela deixou aquele lugar para trás.
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Atualizado até capítulo 70
Comments
Cleidilene Silva
será que Miguel vai continuar com Catarina, será que uma boa pessoa?
2025-03-30
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Ana Lúcia De Oliveira
Catarina parece uma boa pessoa
2025-03-22
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