O Tempo que nos Une
O primeiro dia de aula sempre trazia uma mistura de excitação e ansiedade, e Stella sentia isso com intensidade. Ao atravessar os portões da escola, o som do burburinho de alunos, o cheiro de pastas e cadernos novos e o brilho do sol refletido nos vidros dos prédios a deixavam ainda mais nervosa. Ela sabia que seria um ano de mudanças, mas não sabia por onde começar. Tudo parecia tão grande, tão diferente.
Era seu primeiro dia no Ensino Médio, e a pressão para se encaixar, para fazer amigos, para ser “alguém” parecia esmagadora. O pior de tudo era que ela não conhecia ninguém. Por mais que tivesse tentado se preparar, a escola parecia imensa, cheia de rostos desconhecidos. Além disso, com apenas 15 anos e recém-chegada, o medo de ser deixada de lado a acompanhava.
Stella ajustou a mochila nos ombros e seguiu em direção à sala 103, seu novo espaço no universo desconhecido que era o ensino médio. Enquanto caminhava pelos corredores, olhava de soslaio para os alunos mais velhos, em sua maioria do último ano, que pareciam tão confiantes, tão certos de quem eram e do que queriam.
Com o coração acelerado, ela chegou à sala. A porta estava aberta, e uma brisa suave entrava pelas janelas. Dentro, uma conversa animada acontecia. Ela se sentiu deslocada, como se tivesse invadido um mundo onde não pertencia. Respirou fundo, ajeitou a blusa e entrou.
O barulho da porta ecoou, e todas as cabeças se viraram instantaneamente. Stella não conseguia evitar o rubor que subia pelo pescoço. Ela se forçou a não olhar para o chão. Tentou, sem sucesso, disfarçar o nervosismo. Não era exatamente o que ela queria — ser o centro das atenções logo de cara — mas não tinha jeito.
— Você deve ser a Stella, certo? — uma voz feminina soou de algum lugar à sua direita.
Ela se virou e viu uma garota de cabelos curtos e escuros, que sorria de maneira amigável. Ela usava uma camiseta simples e jeans, mas seu sorriso transmitia um acolhimento imediato.
— Sim, sou eu! — Stella respondeu um pouco surpresa. — E você é?
— Eu sou a Luiza. Você é do primeiro ano, certo? Eu sou da sala também. — Ela apontou para o banco ao lado dela, que estava livre. — Pode se sentar aqui, se quiser. Vai ser bom ter alguém novo por perto.
Stella sentiu um alívio imediato. A gentileza de Luiza foi como um bálsamo para a tensão que estava se acumulando em seu peito. Ela agradeceu com um sorriso tímido e se sentou ao lado da garota, que parecia ser bem mais à vontade.
— Então, como foi o primeiro dia até agora? — Luiza perguntou, tirando alguns cadernos da mochila e organizando-os sobre a mesa.
— Ah... meio nervoso. Nunca foi fácil para mim me encaixar em novos lugares. — Stella confessou, tentando se sentir mais confortável.
Luiza deu uma risadinha compreensiva. — Eu sei como é. A primeira semana é sempre estranha, mas logo você vai pegar o ritmo. Não se preocupa.
A conversa fluiu naturalmente entre elas, e Stella começou a se sentir menos desconectada. Luiza tinha um jeito espontâneo de falar, e parecia genuinamente interessada nela. À medida que as aulas começavam, Stella sentia que, apesar da nova escola ser um grande desafio, talvez ela não estivesse sozinha.
Durante o intervalo, Luiza convidou Stella para almoçar com ela e suas amigas, o que foi uma oportunidade de conhecer mais algumas pessoas e se afastar um pouco da sensação de estar perdida. Quando estavam se dirigindo à cantina, Stella não pôde deixar de notar que, no pátio ao lado, um grupo de garotos estava jogando basquete.
Por um momento, ela se distraiu, observando os movimentos rápidos, a energia do jogo e a competitividade dos atletas. No meio da jogada, ela avistou um garoto alto, de cabelos castanhos escuros e postura confiante. Ele estava dando passes precisos, driblando com habilidade e dominando a quadra. Ele parecia tão à vontade ali, tão imerso na ação, que Stella não pôde deixar de olhar para ele.
— Você está olhando para o Jack? — Luiza perguntou, puxando-a de volta à realidade.
Stella, um pouco surpresa, desviou o olhar e olhou para a amiga. — Quem é Jack?
Luiza riu. — O capitão do time de basquete. Ele está no último ano. Todo mundo o conhece. Não é difícil perceber porque, né? Ele é bom em tudo o que faz.
Stella olhou novamente para o campo, onde o tal Jack parecia comandar o jogo com naturalidade. Ele era imponente, e sua presença parecia magnetizar a atenção de todos ao redor. Ela não sabia o que era, mas algo nele a fez se interessar. Não era apenas a habilidade no basquete — era o jeito dele, tranquilo e concentrado.
— Acho que entendi… — Stella murmurou, um pouco desconcertada. Ela não queria parecer estranha, mas o garoto a havia capturado de alguma forma. Algo em sua postura, no jeito como ele parecia comandar a atenção sem se esforçar para isso.
— Ele é um cara legal, mas... sabe como é, né? Todo mundo tem um segredo. — Luiza fez uma expressão enigmática, como se soubesse mais sobre Jack do que estava disposta a revelar. — Mas deixa pra lá. Foca no que importa agora. Eu sei que o começo pode ser difícil, mas você vai ver, Stella, as coisas vão melhorar.
Stella deu um sorriso pequeno, mas não pôde deixar de se perguntar o que Luiza queria dizer com aquela frase. Talvez fosse só uma impressão dela, mas o jeito de Luiza ao falar sobre Jack a deixou curiosa. Havia algo no ar, algo que não estava totalmente claro, mas que parecia bem mais interessante do que ela imaginava.
Quando o intervalo terminou, Luiza e Stella voltaram à sala. O dia ainda estava só começando, e, apesar de todas as incertezas, Stella se sentia um pouco mais preparada para enfrentar o que viria. A escola não era apenas um lugar de desafios. Era também um lugar de novas oportunidades, novas amizades e, talvez, até mesmo de algo mais.
Ela não sabia o que o futuro reservava, mas uma coisa ela já sabia: o primeiro dia não havia sido tão ruim assim. E Jack, de alguma forma, havia se tornado uma presença enigmática em sua mente.
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Atualizado até capítulo 25
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