Capítulo 4

A criada se comportava como dona da casa e os dois andares do lugar eram, entretanto, organizados por Lucia sem nenhuma reclamação, se era isso que Liam queria para ser feliz, isso ela lhe daria.

Lucia desceu depois de organizar os quartos do segundo andar, permanecia mais tempo no quarto que Liam ocupava para estar um pouco perto dele, o cheiro de sua loção era o mais próximo que teria de seu calor, sua roupa dobrada em seu lugar e tudo em seu posto, lhe fazia sentir essa sensação de família, com seu esposo.

Sentada à beira da cama, toca suavemente seus lençóis.

Lucia: - Por que você me esqueceu?

FLASHBACK

Quando Lucia tinha 8 anos, Sofía a acusou de ter trapaceado nos exames da escola, e por isso teve uma nota melhor que ela.

Sofía soluçando: - Mamãe, Lucia trapaceou e a nota do exame dela era a que me correspondia, mas o professor deu para ela. Ela é má, buu.

Lucia: - Não é verdade, eu estudei e por isso me dei bem no exame... (terminou quase em um sussurro)

Sofía: - Mamãe, eu não minto.

Yolanda: - Lucia, você deve aprender com sua irmãzinha e ser boa com ela, sabemos que o exame dela devia ser o melhor, entende (lhe fez um olhar de ódio), você deve dar sua pontuação para Sofí, ela é sua irmã pequena.

Lucia: - Por que você não acredita em mim? Saiu daquela casa, abatida, tudo o que Sofía queria, ela devia dar. Ao sair de casa correu sem rumo, mas algumas esquinas mais adiante viu um acidente de trânsito, um carro bateu em um menino de uns onze anos e saiu fugindo, deixando-o desmaiado, ela fez uso de suas forças e o levou para debaixo de um teto perto em um beco, curou suas feridas com água e com seu vestido desgastado fez uma venda para cobrir sua ferida e chorava pedindo que ele acordasse.

Não o deixou sozinho por medo de que não respirasse, mas por momentos saía para ver se podia pedir ajuda para ele, trazia uma garrafa de água e umedecia seus lábios, quando a noite chegou o cobriu com seu pequeno corpo, porque não tinha como mais cobri-lo para que não sentisse frio, ao amanhecer do dia seguinte o menino acordou e a olhou com um olhar tão doce, que pela primeira vez em sua vida se sentiu querida.

Menino: - Obrigado por cuidar de mim, como você se chama?

Lucia sussurra: - Lucia

Menino: - Te devo minha vida, se você não estivesse aqui teria morrido de frio, vou te compensar, quando for grande e tiver minha empresa voltarei por você para te fazer minha esposa, aceita?

Lucia: - Sim, diz ilusionada.

Menino: - Para selar essa promessa vou te dar meu amuleto, é único, meus pais fizeram para mim, por isso não esquecerei essa promessa, espero que me espere, será minha esposa no futuro, (coloca o colar no pescoço de Lucia e acaricia seu rosto com muito carinho, nesse momento ouvem um grito)

Mulher desesperada: - LIAM, filho, alguém viu meu filho?

Liam: - Aqui estou mamãe, olha essa menina me salvou ontem...

Ao virar para trás, Lucia já não estava, pois Sofía havia chegado ao lugar e ao vê-la sozinha, a arrastou de volta para a casa para que seu pai a repreendesse por ser melhor que ela.

FIM DO FLASHBACK

Lucia: - Por que você não me reconheceu?

Chora um pouco antes de sair dali, só quer vê-lo feliz, dar e ter um pouco de felicidade ao seu lado.

Nisso sobe a criada.

Alejandra: - Pensei que não terminaria de arrumar os quartos, a cozinha está uma bagunça, não se esqueça que o jovem mestre a trouxe aqui para trabalhar, não para descansar, então rápido para a cozinha e de passagem organize algo para comer, não sou de pau e estou com fome.

Lucia desceu para a cozinha, o que Alejandra pensava, que ela era?, que queria esses insultos ao seu ser?, mas era o que Liam queria, humilhá-la com tudo ao seu redor e se isso o fazia feliz, ela faria por sua felicidade.

Já não tinha nada, nem sequer um lugar a onde pertencer, alguém que zelasse por ela, só lhe resta esse tolo amor e lutará um pouco para fazer com que ele a ame nem que seja um pouco, não é muito pedir.

Nenhuma percebeu que nesse momento Liam havia voltado por uns documentos que ficaram em seu escritório, presenciou a maneira como a criada mandava na chefe e algo dentro dele ardeu com ira, quem era essa mulher para gritar com sua esposa?, podia odiá-la, mas só ele podia humilhá-la, não deveria um terceiro se meter em seus problemas.

Quando Lucia entrou na cozinha, Alejandra virou para ir à sala, mas ficou imóvel ao ver Liam justo atrás dela, o que tanto teria escutado?, seria o fim de seu trabalho nessa casa?, ela na verdade estava apaixonada por seu chefe e vê-lo odiar Lucia a fez pensar erroneamente, que ela também podia tratá-la sem nenhuma consequência, mas estava muito enganada, a aura fria que Liam emanava conseguia congelar até um deserto e mais ainda uma pequena mulher como ela.

Liam sibilando perto de seu ouvido: - Quem te autorizou a tratá-la dessa maneira?, já não quer a ajuda para seus filhos?

Assim como te recebi também posso te expulsar e não só dessa casa, estamos?

Alejandra: - Sim senhor, estamos.

Liam passou pela cozinha e uma dor como quando se belisca com um alfinete, sentiu em seu peito, não se aproximou, mas percebeu que havia se cortado talvez com a faca, mas fez como se não o afetasse e voltou ao seu escritório pelo documento e foi embora sem dedicar outro olhar à mulher que trabalhava concentrada em sua cozinha.

Lucia só suspirou resignada buscando o kit de primeiros socorros, para se curar e poder preparar comida para comer, porque ela também tinha fome, Alejandra desde o olhar do jovem mestre, decidiu melhor ajudar nas coisas e não se intrometer na vida de seu chefe e sua esposa pelo menos assim poderia vê-lo nem que fosse de longe.

Os dias passavam devagar nesse lugar tão só, Lucia estava se acostumando a essa classe de vida, mas como nem tudo pode ser paz para essa pobre mulher, Liam nesse dia teve muitas discussões por projetos na empresa e chegou feito uma fera e se trancou em seu escritório.

Lucia preocupada, decidiu levar um café para que relaxasse, mas quando entrou o encontrou cheio de ira e esse olhar diabólico que lhe dedicava com ódio a recebeu ao abrir a porta.

Liam: - Você se atreve a entrar no meu escritório, então atente-se às consequências.

Sem dar tempo a pegou pelos ombros e a arrastou para o sofá a jogou para sentar no lugar.

Liam: - Estou estressado do trabalho e só me ocorre uma maneira de relaxar.

A olha como uma besta à sua presa que logo vai ser devorada.

Desabotoou o cinto da calça e sem dizer uma palavra o colocou entre a pequena boca de Lucia e esta já não podia pronunciar palavra só abri-la e fechá-la, ele se pôs frente a ela e desabafou sua frustração em sua boca, sentindo uma descarga de raiva, coragem e desejo que nunca antes havia experimentado, ao terminar lhe tirou o cinto e se sentou frente a ela com uma risada demente desenhada em seu rosto.

Lucia não podia gemer, mas suas bochechas logo se encheram de lágrimas, havia engolido tudo o que Liam lhe deu e só pôde conter-se para não vomitar e que ele voltasse a repetir essa humilhação novamente.

Liam: - Isso está melhor, vaza que não quero te ver.

Lucia saiu correndo desse lugar, sua boca doía mas mais... Seu coração.

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Atualizado até capítulo 74

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