Não sei se é uma coisa que faz parte do meu dom, mas minha intuição nunca falha, e ela diz que hoje vai ser um dia daqueles.
Estamos voltando pra área de atendimento quando o auto falando anuncia meu nome, já sei que é uma emergência então saio correndo pra entrada de emergência.
Manu - O que houve? - Chego perguntando quando vejo uma garotinha de no máximo 4 anos deitada na maca, desacordada.
Socorrista - Criança 3 anos, vias aéreas inchadas, respiração fraca e batimentos lentos.
Manu começa a examinar a garotinha, que está com um uniforme de uma escolinha.
Manu - Ela tem alguma Alérgia?
Tia da creche - Sim ela tem alergia a castanhas e não percebemos, mas acho que ela comeu umas.
Nesse momento as máquinas começaram a apitar.
Enfermeira - Batimentos caindo, ela vai ter uma parada.
Manu - Vou entubar - tenho dificuldades de entubar por causa da garganta inchada. - Vamos lá... entrei. - Mandei a enfermeira aplicar uma medicação no sorro pra ver se ela reage. Olho pra ela e lembro de quando eu tive uma crise alérgica.
Manu - Cadê os pais dela? - pergunto pra funcionária da creche.
Tia da creche - Ela não tem a mãe e ligamos pro pai ele vai demorar um pouco, pois tinha ido na cidade vizinha a trabalho.
Manu - Ok.
Tia da creche - Como ela está, vai ficar bem né?
Manu - Ela vai ficar entubada por um tempo, aplicamos anti alérgicos e vamos ver como ela reage. Vamos colocar ela em um quarto, você pode ficar até o pai chegar.
Ela balança a cabeça que sim e acompanha a maca até o quarto, eu entro e vejo o monitor,tudo parece normal, agora só esperar ela reagir aos medicamentos.
É nítido que a funcionária da creche está preocupada com ela.
Antes de sair do quarto fico ali observando aquela garotinha, parece uma bonequinha, ela tem os cabelos compridos e rosto delicado.
Manu - Você me parece familiar - Passo a mão em seu rostinho - Jaja você estará melhor princesa. - falo baixinho pra ela, peço licença e saio do quarto.
Estou fazendo algumas anotações em meu caderno.
Eduardo - Ela esta bem? - ele pergunta apontando pro quarto.
Manu - Só o tempo vai dizer - Olho pra ele que dá um sorrisinho e sai.
Volto ao atendimento e de hora em hora passo no quarto pra ver como ela está.
A funcionária da creche teve que ir embora e o pai da menina ainda não chegou, o nome dela é Alana Soares, esse sobrenome não me é estranho.
Já no finalzinho de tarde estou no quarto atualizando seu prontuário, quando a porta se abre, não me viro e continuo a anotar.
.... - Como ela está? - eu paro de anotar e mesmo depois de muitos anos eu nunca esqueci aquela voz. Congelei, e meu coração acelerou.
Manu - Ela teve uma forte crise alérgica e tivemos que entubar para ela poder respirar, aplicamos anti alérgicos e ela está reagindo bem. - Eu falo ainda de cabeça baixa, ele está de frente pra mim, mas do outro lado da cama.
Igor - Oi minha pequena, papai está aqui. - ele fala com ela, agora sei porque ela me pareceu familiar, seu rosto tem traços do pai. - Ela vai ficar bem? - ele me olha por um tempo.
Manu - Sim, só mais um tempo e já tiraremos os tubos pra ela respirar sozinha.
Ele continua a me olhar, com a sobrancelha franzida, mas não disse nada.
Manu - Se me der licença.. - Eu saio da sala, e vou direto pro banheiro.
Preciso respirar parece que estou sem ar.
Chego no banheiro jogo água no rosto e lembranças da época do colégio vem em minha mente.
" Os melhores momentos da minha vida, quando me senti feliz e completa foi o ano que namoramos, até tudo desandar e cair um balde de água fria em cima de mim.
E foi aí que decidi me mudar, não queria ficar ali e acabar sofrendo com o que eu poderia ver no futuro, e me parece que fiz a escolha certa."
Carol entra no banheiro.
Carol - O que aconteceu Manu?
Manu - Eu sabia que algo aconteceria hoje, mas não esperava por isso.
Carol - Isso o que? Está me assustando.
Manu - Meu passado.. - Eu já tinha falado pra ela um pouco do porque vim morar e trabalhar aqui.
Carol - ohh minha amiga, não fica assim. - ela me abraça, O meu defeito .... ser sensível de mais.
Fico ali abraçada a ela até me acalmar um pouco.
Carol - Não vou perguntar agora, mas na hora da janta vamos conversar.
Manu - Tenho que voltar pro atendimento.
Carol - Até daqui a pouco.
Enxugo meu rosto e saio do banheiro. Volto pro atendimento e só tem mais 3 crianças pra atender.
É minha intuição mais uma vez estava certa, o meu dia realmente está nublado.
Já na lanchonete com a Carol.
Carol - Agora me conta, como foi?
Manu - Eu sei lá, eu o reconheci pela voz mesmo sem vê o rosto, que posso dizer que mudou muito. Mas quando ele me viu.... sei lá, não sei se me reconheceu.
Carol - Porque diz isso?
Manu - Ele só ficou ali me encarando, e não disse nada, me senti desconfortável e sai da sala.
Carol - Você sabia que a menina era filha dele?
Manu - Eu nem sabia que ele tinha filho, na verdade a última vez que fiquei sabendo dele...- paro por um momento relembrando.. - ele estava junto com uma menina que estudou com a gente , depois disso não quis mais ter notícia dele.
Carol - Entendi.... E o que sentiu quando viu ele? - Olho pra ela por um tempo.
Manu - O que eu achava que tinha passado, apenas estava adormecido... e agora acordou.
Ficamos 1 hora ali conversando.
" Esse plantão está sendo mais agitado que nunca"
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Atualizado até capítulo 33
Comments
Maria Helena Macedo e Silva
quando se foge do passado, o deixando mal resolvido, tende voltar fazendo estrago no presente🤔🌪⏳
2024-11-25
1
Laura da Silva
pelo jeito vai ser uma história e tanto
2024-09-26
4