2.Ele não me conheceu?

Não sei se é uma coisa que faz parte do meu dom, mas minha intuição nunca falha, e ela diz que hoje vai ser um dia daqueles.

Estamos voltando pra área de atendimento quando o auto falando anuncia meu nome, já sei que é uma emergência então saio correndo pra entrada de emergência.

Manu - O que houve? - Chego perguntando quando vejo uma garotinha de no máximo 4 anos deitada na maca, desacordada.

Socorrista - Criança 3 anos, vias aéreas inchadas, respiração fraca e batimentos lentos.

Manu começa a examinar a garotinha, que está com um uniforme de uma escolinha.

Manu - Ela tem alguma Alérgia?

Tia da creche - Sim ela tem alergia a castanhas e não percebemos, mas acho que ela comeu umas.

Nesse momento as máquinas começaram a apitar.

Enfermeira - Batimentos caindo, ela vai ter uma parada.

Manu - Vou entubar - tenho dificuldades de entubar por causa da garganta inchada. - Vamos lá... entrei. - Mandei a enfermeira aplicar uma medicação no sorro pra ver se ela reage. Olho pra ela e lembro de quando eu tive uma crise alérgica.

Manu - Cadê os pais dela? - pergunto pra funcionária da creche.

Tia da creche - Ela não tem a mãe e ligamos pro pai ele vai demorar um pouco, pois tinha ido na cidade vizinha a trabalho.

Manu - Ok.

Tia da creche - Como ela está, vai ficar bem né?

Manu - Ela vai ficar entubada por um tempo, aplicamos anti alérgicos e vamos ver como ela reage. Vamos colocar ela em um quarto, você pode ficar até o pai chegar.

Ela balança a cabeça que sim e acompanha a maca até o quarto, eu entro e vejo o monitor,tudo parece normal, agora só esperar ela reagir aos medicamentos.

É nítido que a funcionária da creche está preocupada com ela.

Antes de sair do quarto fico ali observando aquela garotinha, parece uma bonequinha, ela tem os cabelos compridos e rosto delicado.

Manu - Você me parece familiar - Passo a mão em seu rostinho - Jaja você estará melhor princesa. - falo baixinho pra ela, peço licença e saio do quarto.

Estou fazendo algumas anotações em meu caderno.

Eduardo - Ela esta bem? - ele pergunta apontando pro quarto.

Manu - Só o tempo vai dizer - Olho pra ele que dá um sorrisinho e sai.

Volto ao atendimento e de hora em hora passo no quarto pra ver como ela está.

A funcionária da creche teve que ir embora e o pai da menina ainda não chegou, o nome dela é Alana Soares, esse sobrenome não me é estranho.

Já no finalzinho de tarde estou no quarto atualizando seu prontuário, quando a porta se abre, não me viro e continuo a anotar.

.... - Como ela está? - eu paro de anotar e mesmo depois de muitos anos eu nunca esqueci aquela voz. Congelei, e meu coração acelerou.

Manu - Ela teve uma forte crise alérgica e tivemos que entubar para ela poder respirar, aplicamos anti alérgicos e ela está reagindo bem. - Eu falo ainda de cabeça baixa, ele está de frente pra mim, mas do outro lado da cama.

Igor - Oi minha pequena, papai está aqui. - ele fala com ela, agora sei porque ela me pareceu familiar, seu rosto tem traços do pai. - Ela vai ficar bem? - ele me olha por um tempo.

Manu - Sim, só mais um tempo e já tiraremos os tubos pra ela respirar sozinha.

Ele continua a me olhar, com a sobrancelha franzida, mas não disse nada.

Manu - Se me der licença.. - Eu saio da sala, e vou direto pro banheiro.

Preciso respirar parece que estou sem ar.

Chego no banheiro jogo água no rosto e lembranças da época do colégio vem em minha mente.

" Os melhores momentos da minha vida, quando me senti feliz e completa foi o ano que namoramos, até tudo desandar e cair um balde de água fria em cima de mim.

E foi aí que decidi me mudar, não queria ficar ali e acabar sofrendo com o que eu poderia ver no futuro, e me parece que fiz a escolha certa."

Carol entra no banheiro.

Carol - O que aconteceu Manu?

Manu - Eu sabia que algo aconteceria hoje, mas não esperava por isso.

Carol - Isso o que? Está me assustando.

Manu - Meu passado.. - Eu já tinha falado pra ela um pouco do porque vim morar e trabalhar aqui.

Carol - ohh minha amiga, não fica assim. - ela me abraça, O meu defeito .... ser sensível de mais.

Fico ali abraçada a ela até me acalmar um pouco.

Carol - Não vou perguntar agora, mas na hora da janta vamos conversar.

Manu - Tenho que voltar pro atendimento.

Carol - Até daqui a pouco.

Enxugo meu rosto e saio do banheiro. Volto pro atendimento e só tem mais 3 crianças pra atender.

É minha intuição mais uma vez estava certa, o meu dia realmente está nublado.

Já na lanchonete com a Carol.

Carol - Agora me conta, como foi?

Manu - Eu sei lá, eu o reconheci pela voz mesmo sem vê o rosto, que posso dizer que mudou muito. Mas quando ele me viu.... sei lá, não sei se me reconheceu.

Carol - Porque diz isso?

Manu - Ele só ficou ali me encarando, e não disse nada, me senti desconfortável e sai da sala.

Carol - Você sabia que a menina era filha dele?

Manu - Eu nem sabia que ele tinha filho, na verdade a última vez que fiquei sabendo dele...- paro por um momento relembrando.. - ele estava junto com uma menina que estudou com a gente , depois disso não quis mais ter notícia dele.

Carol - Entendi.... E o que sentiu quando viu ele? - Olho pra ela por um tempo.

Manu - O que eu achava que tinha passado, apenas estava adormecido... e agora acordou.

Ficamos 1 hora ali conversando.

" Esse plantão está sendo mais agitado que nunca"

Mais populares

Comments

Maria Helena Macedo e Silva

Maria Helena Macedo e Silva

quando se foge do passado, o deixando mal resolvido, tende voltar fazendo estrago no presente🤔🌪⏳

2024-11-25

1

Laura da Silva

Laura da Silva

pelo jeito vai ser uma história e tanto

2024-09-26

4

Ver todos

Baixar agora

Gostou dessa história? Baixe o APP para manter seu histórico de leitura
Baixar agora

Benefícios

Novos usuários que baixam o APP podem ler 10 capítulos gratuitamente

Receber
NovelToon
Um passo para um novo mundo!
Para mais, baixe o APP de MangaToon!