Capítulo 04

...Raquel Alencar...

Caio passou a semana inteira me evitando. Desde quando chegou de viagem que não tocou em mim e eu também não o procurei.

Sei que nós mulheres também temos que seduzir e procurar nossos maridos e eu sempre fiz isso.

Sempre compro lingeries novas, brinquedinhos sexuais, apareço na sala dele no meio da tarde e o chupo, depois transamos na mesa dele, todo semana o sequestro para nosso cantinho, temos um apartamento só para ir quando queremos ficar sem roupa o tempo todo e transar em todos os cômodos.

Estou sempre fazendo com que nosso casamento não caia na rotina e ele também faz o mesmo, sempre me presenteia, me arrasta para hotéis de luxo, cada um faz a sua maneira.

Só que desde quando chegou dessa bendita viagem não está agindo normal, nem em nosso dia a dia e nem em nossa cama.

Nossas conversas estão sendo bem robóticas e na cama é só mesmo para dormir, ele me dá um selinho ou outro.

Essa situação está me deixando extremamente nervosa e ao mesmo tempo triste. Eu amo esse homem e não quero que nosso casamento chegue ao fim.

Hoje é sexta-feira e posso dizer que estou esgotada disso e irei resolver essa situação de uma vez por todas, Caio vai ter que me contar o que está acontecendo, ficar nessa situação é que não vou.

Hoje não fui ao escritório, não estou com cabeça para nada, só para pensar no que está havendo com meu marido.

Meus filhos estão todos aqui na sala, menos Luíza que está com Ruan, agora ela fica mais no apartamento dele do que aqui em casa, e está tudo bem, ela tem que aproveitar mesmo e viver o amor dela.

Próximo da hora do Caio chegar em casa, meus celulares e os das meninas começam a tocar, olho o meu e vejo que há algumas mensagens de um número que não conheço.

Abro as mensagens e vão começando a aparecer várias e várias fotos de Caio com uma loira na cama, uma das estagiárias do escritório, mas que tem menos que a metade da idade dele, ela deve ter a idade das trigêmeas.

As meninas olham para mim e pelas carinhas delas receberam o mesmo que eu.

Agora está explicado porque ele está agindo assim comigo! O cretino tem uma amante e ainda por cima uma novinha.

— Letícia?

— Sim, mamãe.

— Arrume uma mochila para os seus irmãos e peça a alguém para levá-los para a casa da Liz, por favor.

— Sim, mamãe.

Tento me controlar ao máximo para não surtar na frente de Davi e Noah, pois eles têm apenas onze anos e não quero que eles presenciem a separação dos pais, pois eu não quero mais nem olhar para a cara daquele filho da mãe.

Mando uma mensagem para Liz avisando que os meninos estão indo e que depois explico para ela o que aconteceu.

Logo que eles saem, eu desabo, choro muito, eu não posso acreditar que ele jogou nosso casamento fora por um caso.

— Mamãe, fica calma, meu pai deve ter uma explicação. — Laura diz.

— É mãezinha, calma. — Letícia diz.

Vou até nosso quarto e coloco as roupas dele todas em malas e deixo na sala esperando por ele.

Logo que ele passa pela porta olha diretamente para mim, com a maior cara de culpa, a mesma cara que vem fazendo nos últimos dias.

— Então é por isso que está agindo estranho, não é seu cretino! — digo jogando meu celular nele com força e ele o segura.

Caio olha para o celular e fecha os olhos respirando fundo.

— Calma amor.

— Amor é o caralho! Meninas saiam, eu preciso falar com o pai de vocês.

— Eu não saio daqui! Não vou deixar vocês dois desse jeito aqui sozinhos. — Laura diz.

— Eu também não vou sair! — Letícia diz.

— Vão vocês duas. — digo para Clara e Cecília.

— Não! — as duas respondem juntas.

— Ok! Depois não digam que eu não avisei e pedi para saírem daqui, vão me ver xingar o pai de vocês. — digo e as quatro permanecem na sala. — Então é por isso que está agindo assim comigo não é? Está me enganando seu cretino! Eu não acredito que foi capaz de fazer isso comigo, não depois de quase vinte e dois anos de casamento.

Luíza e Ruan passam pela porta e ficam parados nos olhando.

Laura e Letícia estão entre Caio e eu e Clara e Cecília estão sentadas no sofá, estão chorando, tadinhas das minhas filhas.

— Vida pelo amor de Deus eu não fiz nada.

— Não me chame de vida! Como você joga quase vinte e dois anos de casamento no lixo por um caso qualquer, Caio?

— EU NÃO FIZ NADA! P*RRA RAQUEL, ACREDITA EM MIM!

— Suas malas estão prontas! Vá embora da minha casa, logo assinaremos o divórcio pra você ficar com sua novinha, ela tem idade de ser sua filha seu cretino.

— Amor, eu não fiz nada, nem sei como essa menina foi parar na minha cama.

— Tá! Conta outra. — parto para cima dele, quero bater nesse cretino, mas Laura se coloca entre nós.

— Calma! — Laura diz.

— Como essas fotos surgiram então? Vocês viajaram para o congresso semana passada e eu não pude ir pois estava ajudando a Bella com os trigêmeos, foi lá não é?

— Esse é o hotel que ficamos sim, mas eu não fiquei com ela, após o congresso tomamos um drink, todos nós do escritório, depois fiquei com sono e fui deitar, ela foi comigo até o quarto apenas pegar uns documentos que pediram na organização do evento e logo ela saiu e eu dormi. — ele desvia o olhar e com isso sabemos que ele não está contando tudo.

Eu sabia!

Esse cretino continua mentindo.

— Papai... conte tudo. — Luíza pede e Caio respira fundo e as lágrimas começam a rolar do rosto dele.

— Tá! O evento terminou, tomamos uns drinks, todos nós, Ruan também estava lá. — ele olha para Ruan que assente. — Ela passou o tempo todo me elogiando e eu a cortando o tempo todo, Ruan viu! — ele assente de novo. — Comecei a ficar com sono e fui para o quarto, um dos organizadores pediu esse documento e ela foi comigo buscar, pois o documento estava comigo e depois eu não lembro mais de nada, apenas de acordar no outro dia com ela ao meu lado sem roupa e eu também, segundo ela tivemos algo, mas eu não lembro.

— Papai... — Luíza diz.

— Estão vendo? E nem isso ele me contou! — tento partir para cima dele de novo e Laura se coloca no meio.

— Calma! Sem violência mamãe. — Laura diz.

— Vai embora Caio!

— Vida...

— Por que o senhor não contou para mamãe, papai? — Laura pergunta.

— Eu tive medo de ela julgar as coisas mal, eu não sei se tive algo com ela, infelizmente eu não sei, e isso está me matando desde semana passada, eu não tenho como dizer se fiz ou não fiz, mas se fiz eu estava bêbado, pois eu bebi umas a mais.

— Sem querer me meter, mas tio, o senhor nem bebeu tanto assim. — Ruan diz.

— Está vendo vida, Ruan está de prova.

— Se resolvam com o pai de vocês! Eu não quero mais olhar na cara dele! — digo subindo as escadas e Letícia vem comigo.

— Vida... — ele tenta vir atrás de mim, mas Laura e Luíza se colocam na frente dele.

Entro em meu quarto seguida por Letícia. Me jogo no chão e choro muito e Letícia me abraça.

— Vai ficar tudo bem mãezinha.

— Vai sim meu amor.

— Vamos tomar um banho? Eu te ajudo mãezinha.

— Lelê desculpa por isso minha princesa.

— A senhora não tem culpa mãezinha.

— Eu amo tanto seu pai Lelê.

— Eu sei mamãe e ele ama a senhora também.

— Quem ama não trai Lelê.

— Tem que haver uma explicação mamãe, é meu pai poxa! Se fosse outro homem eu nem duvidaria, mas é o meu pai! Ele te ama mamãe.

— Eu engordei depois da gravidez Lelê, estou enorme, olha o tamanho dos meus peitos, estão flácidos, meu quadril está enorme, a b*nda nem se fala! Nem vou comentar sobre as celulites e estrias. Por isso ele procurou uma novinha, que tem o corpo todo durinho.

— Mamãe, pode parar! A senhora é linda, não há quem diga que a senhora passou dos quarenta. A senhora não usa mais 38 ok, mas a senhora é uma mulher com curvas, uma mulher muito bonita e gostosa e meu pai é louco pela a senhora.

— Até achar outra loira mais nova e mais bonita.

— Ela nem é loira de verdade! A senhora é.

Após Letícia me ajudar com o banho, visto uma camiseta básica e uma calça de malha.

— Vamos lá embaixo? Eu faço um chá pra senhora.

— Obrigada Lelê.

— Por nada, te amo mamãe.

— Também te amo filha.

Nós descemos as escadas juntas e Caio ainda não foi embora.

— Raquel... Vamos conversar, só nós dois, por favor? — ele pede.

— Não há nada a conversar Caio, contra fatos não há argumentos. — digo.

— Então prefere acreditar nisso do que em mim, que sou seu marido?

— Você deixou de ser meu marido a partir do momento em que decidiu deixar outra mulher deitar na sua cama.

— Mas eu não deixei.

— Caio, eu queria muito acreditar, mas você acordou com ela no outro dia e nem para me contar, eu não vou conseguir conviver com isso. Nós iremos nos encontrar agora somente para assinar o divórcio.

— Vida... Por favor? Não faz isso.

— Já entrei em contato com o escritório. — minto, pois não entrei em contato com ninguém, na verdade nem tenho cabeça para isso agora. — eles vão providenciar o divórcio, infelizmente casamos com comunhão de bens e eu sou obrigada a ficar com metade de tudo que é seu, porque se não fosse assim, eu não queria nada.

— Por mim pode ficar com tudo! Se eu não tenho você eu não quero nada, pouco me importa o dinheiro, você é meu bem mais precioso, você e nossos filhos.

— Mamãe... Por favor? É o papai. — Clara pede chorando.

— Eu sei princesa, ele vai continuar sendo seu pai, jamais impedirei de vocês ter contato com ele, pode ficar tranquila.

— Não vai ser a mesma coisa. — Clara diz.

— Eu sinto muito filha, mas seu pai não vai mais morar aqui.

— Mamãe vai deixar aquela cretina ganhar de você? E levar seu marido? — Cecília pergunta.

— Ele é todo dela, eu não quero mais!

— Vida... Por favor? — Caio se ajoelha em minha frente e chora, não consigo me conter e choro também.

— Levanta Caio.

— Não! — ele diz ajoelhado abraçado a mim.

Isso faz meu coração doer, vê-lo assim sofrendo me faz sofrer o dobro, mas se ele não me queria mais era só ter me deixado, evitaria tanta coisa.

Se eu não o amasse tanto eu não estaria assim, mas nem todo o amor do mundo vai me fazer perdoar uma traição.

— Ruan, leva meu pai, se eu conseguir vou ficar com vocês. — Luíza diz.

— Lucas? — Laura chama.

— Oi.

— Ajuda o Ruan levar meu pai, por favor?

— Sim.

Ruan e Lucas praticamente arrastam Caio, Clara e Cecília levam as malas dele lá para fora.

Meu coração dói com isso.

Não pensei que a essa altura da vida fosse perder meu marido.

— Mamãe, eu tenho certeza que aquela lá dopou meu pai. — Cecília diz.

— Dopou nada filha! Seu pai bem quiser me trocar mesmo.

— Mamãe, o papai te ama, Ruan e eu estávamos falando justamente sobre isso quando chegaram as mensagens.

— Quem ama não trai.

— Vamos deixar esse assunto de lado, vamos fazer um brigadeiro, batata frita, e outras besteiras e vamos comer sem culpa. — Laura diz.

No final das contas sempre terei meus filhos, eu jamais me sentirei sozinha.

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