Depois que a ambulância levou o homem ferido, voltei ao hospital em silêncio, tentando processar o que havia acabado de acontecer. No fundo, me senti um pouco abalada. A imagem daquele homem idoso caído no asfalto e o olhar distante do motorista ainda estavam frescos em minha mente. Quem era ele? Por que parecia tão alheio a tudo? No hospital, a correria me ajudou a distrair, mas não consegui evitar que meus pensamentos voltassem àquela cena.
No meio da tarde, enquanto cuidava de um paciente na enfermaria, ouvi vozes mais altas vindo da recepção. Uma discussão. Me aproximei e reconheci uma das vozes. Era a do motorista do acidente. Ele estava ali, de pé na recepção, com uma postura rígida e olhos severos, discutindo com a recepcionista.
— Eu quero saber sobre o estado do homem que foi trazido hoje de manhã, após o acidente na avenida principal — ele dizia, a voz firme e sem paciência.
— Senhor, eu já expliquei — a recepcionista tentava manter a calma —, por questões de privacidade, não podemos fornecer informações sobre os pacientes...
— Eu sou Edgar Wolfe! — ele interrompeu, como se aquele nome fosse uma chave que abrisse qualquer porta. — Eu tenho o direito de saber.
Parei ao ouvir o nome dele. Edgar Wolfe. Claro, já tinha ouvido falar dele. Quem em Los Angeles não ouviu? Ele era o CEO da Wolfe Technologies, uma das empresas de tecnologia mais poderosas do país. Sempre estava nas capas das revistas, nos programas de TV. Sabia que ele era um homem importante, mas nada do que eu já havia ouvido falava sobre quem ele era realmente como pessoa. Agora, vendo-o ali, tão arrogante e insensível, entendi um pouco mais do porquê.
Decidi intervir antes que a situação saísse do controle.
— Ele está estável — disse, me aproximando. — O homem que você atropelou foi levado à sala de cirurgia e está se recuperando.
Edgar se virou para mim, surpreso por um instante. Seus olhos encontraram os meus, e por um momento, o hospital pareceu ficar em silêncio. Havia algo em seu olhar que misturava confusão e uma pontada de... vulnerabilidade? Não, eu devia estar imaginando. Logo, sua expressão mudou, voltando àquela máscara fria e controlada.
— Você é a enfermeira que estava lá, certo? — ele perguntou, a voz carregada de formalidade. — Eu não sei o que aconteceu. Ele apareceu do nada.
— Eu sei — respondi, tentando manter a calma. — Não estou aqui para julgar. Eu só queria que você soubesse que ele está sendo bem cuidado.
Ele assentiu, mas sua postura rígida não mudou. Parecia mais uma estátua do que um homem de carne e osso. Senti que ele estava acostumado a situações onde tinha total controle, e ali, diante de um acidente que escapou às suas mãos, ele se sentia completamente fora de lugar.
— Obrigado — disse ele, as palavras saindo como se fossem forçadas. — Eu... gostaria de cobrir as despesas médicas dele.
Era uma atitude esperada de alguém como ele. Uma forma de resolver tudo com dinheiro. Não pude evitar sentir um leve incômodo com isso. Ele estava tentando pagar sua saída daquela situação, como se tudo pudesse ser resolvido com uma transação financeira.
— Não se preocupe com isso agora — respondi, tentando ser profissional. — O importante é que ele vai ficar bem.
Ele ficou em silêncio por um momento, olhando para mim como se tentasse entender algo. Depois, ele suspirou e deu um passo para trás, parecendo finalmente se dar conta de onde estava.
— Você realmente se importa, não é? — ele murmurou, mais para si mesmo do que para mim. — Nunca conheci alguém como você.
Aquelas palavras me pegaram de surpresa. Ele me encarou por mais alguns segundos, e então, sem dizer mais nada, se virou e saiu do hospital. Fiquei ali, parada, olhando para a porta por onde ele havia saído. O que ele quis dizer com aquilo? “Nunca conheci alguém como você”? As palavras dele ecoaram na minha mente o resto do dia.
Mais tarde, enquanto voltava para casa, a cena do hospital continuava se repetindo em minha cabeça. O jeito como ele olhou para mim... havia algo naquele olhar que não combinava com a imagem fria e arrogante que ele parecia projetar. Parecia confuso, como se estivesse tentando decifrar algo que nunca havia experimentado antes.
Cheguei em casa exausta, mas não consegui esquecer. Minha mãe percebeu minha distração enquanto eu tentava preparar o jantar. Ela sempre foi muito perceptiva em relação aos meus sentimentos.
— Está tudo bem, querida? — ela perguntou com preocupação.
— Sim, mãe. Só um dia complicado — menti, não querendo envolvê-la na confusão dos meus pensamentos.
Enquanto me deitava naquela noite, sabia que algo havia mudado. Edgar Wolfe tinha cruzado meu caminho de um jeito que eu não esperava. O que isso significava, eu ainda não sabia, mas uma coisa era certa: ele não sairia da minha mente tão facilmente.
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Atualizado até capítulo 78
Comments
Fabiana Brum
já estou amando muito ler cada capítulo desta história maravilhosa e linda estou apaixonada por este livro.😍😍👏👏👏
2024-09-24
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Elaine Alvim de Souza
E nem você sairia da mente dele.
2024-09-18
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