Continuando a partir do ponto onde os alfas decidem intervir e levar Aurora com eles:
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Capítulo 1: O Tratado e o Encontro (continuação)
O silêncio que se seguiu era quase sufocante. Os aldeões, que haviam observado a cena em silêncio tenso, agora recuavam, com medo de atrair a atenção dos três alfas. Dante, sempre calculista, sabia que aquela intervenção poderia quebrar a frágil paz entre os humanos e seus irmãos, mas, ao olhar novamente para Aurora, a visão de sua fragilidade e dos olhos desesperados fizeram algo dentro dele se quebrar.
"Ela vem conosco," disse Dante, sua voz firme e sem margem para discussões.
Cael lançou um olhar rápido para Dante, surpreso com a decisão, mas sem questionar. "Finalmente, ele está vendo as coisas do meu jeito," pensou, enquanto um sorriso satisfeito se formava em seus lábios. Ele puxou Aurora com gentileza, surpreendendo-se com o quanto ela parecia leve em seus braços.
Tristan, no entanto, permaneceu quieto, observando os aldeões. Sabia que aquele movimento não passaria despercebido. "O que eles vão pensar? Eles sempre nos respeitaram por manter distância dos assuntos pessoais," refletiu, enquanto sentia um leve peso no peito. Ainda assim, ele também não poderia negar o que sentia — algo estava diferente em relação a essa garota. E o mistério a envolvendo o incomodava.
Aurora, sentindo a confusão e o alívio misturados em seu peito, olhou para os três irmãos que agora a escoltavam. Ela sabia que algo grande havia mudado em sua vida naquele momento, mas não tinha certeza se isso era uma benção ou uma maldição. Os olhos de Cael, quentes e selvagens, a intrigavam, mas a forma como Dante mantinha uma postura fria a fazia questionar se realmente estaria segura com eles.
"Por que... por que estão fazendo isso?" Aurora sussurrou, sua voz fraca e quebrada pelo medo. Ela sabia que não deveria questionar esses homens — eles eram alfas, poderosos e temidos. Mas o que os motivava? Ela era só uma camponesa, uma garota comum, ou ao menos assim pensava.
Cael, sempre o mais impulsivo, respondeu primeiro. "Porque ninguém deveria ser tratado assim," disse ele, sem hesitar. "Se dependesse de mim, esse seu padrasto nunca mais colocaria as mãos em ninguém."
"Cael," Dante o interrompeu, seu tom de voz duro. "Não estamos aqui para provocar mais problemas. Fizemos uma escolha, agora é só seguir em frente."
Aurora olhou para Dante, que até então parecia o mais distante emocionalmente. Seus olhos dourados brilharam sob a luz da lua, e por um momento, ela viu algo mais ali — uma faísca de compaixão, escondida sob a fachada rígida de alfa.
"Por que me levar com vocês? Eu... eu não sou nada," disse ela, a voz quase se apagando no final da frase. O medo de ser rejeitada pelos alfas a consumia, mesmo que a alternativa fosse retornar ao inferno que era sua vida com o padrasto.
Tristan finalmente quebrou seu silêncio. "Você não é 'nada'," ele disse em voz baixa, porém clara, seus olhos azuis perfurando os dela. "Se fosse, nós não a teríamos levado. Agora, não questione mais. Você está sob nossa proteção."
As palavras de Tristan foram como um bálsamo para o coração de Aurora. Havia algo naquela simplicidade direta que a fez sentir-se, pela primeira vez em muito tempo, valorizada. Ela abaixou a cabeça, aceitando a ajuda, embora sua mente ainda estivesse tomada por dúvidas e confusões.
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Enquanto os quatro caminhavam em direção à floresta, onde a morada dos alfas ficava escondida entre as árvores densas, os pensamentos de cada irmão estavam agitados. Dante, embora rígido em suas convicções, lutava com as razões por trás de sua decisão. "Isso não faz sentido," pensou ele. "Por que eu senti que não poderia deixá-la para trás? Ela é só uma garota comum, não faz parte de nossa missão."
Cael, por outro lado, estava completamente satisfeito com a reviravolta da noite. "Finalmente, algo interessante," ele pensou, com um brilho malicioso nos olhos. "Essa garota... ela vai trazer algo novo para nossas vidas, algo que estávamos precisando há muito tempo. Talvez ela até consiga quebrar a monotonia desses dias enfadonhos."
Já Tristan, o mais reflexivo, mantinha-se em silêncio, seu olhar perdido na escuridão da floresta. "Ela carrega algo dentro de si," ele ponderava, tentando decifrar o que o inquietava. "Não é só uma questão de resgate. Há mais nessa jovem do que os olhos podem ver. Precisamos descobrir o que é."
Quando finalmente chegaram à residência dos alfas — uma antiga fortaleza de pedra escondida nas profundezas da floresta —, Aurora foi tomada pela grandiosidade do lugar. Era quase um castelo, construído com paredes grossas e janelas estreitas, como se estivesse preparado para resistir a qualquer invasão. A aura do lugar era ao mesmo tempo intimidadora e protetora.
"É aqui que você vai ficar," disse Dante, já abrindo a pesada porta de madeira, sem dar muita atenção à expressão de choque no rosto de Aurora. "Aqui, você estará segura."
Cael observava com interesse enquanto Aurora entrava, seus olhos examinando cada detalhe da sala. Ele sentiu um impulso de suavidade, algo incomum para ele. "Acalme-se," disse ele com um sorriso mais gentil, "nós não mordemos... pelo menos, não sem permissão."
Tristan rolou os olhos, ignorando a provocação de Cael, enquanto Dante mantinha sua seriedade. "Precisamos conversar," disse Dante, lançando um olhar para os irmãos, sinalizando que o assunto não estava encerrado.
E assim, enquanto Aurora tentava se acomodar no que parecia ser um novo começo para sua vida, os três irmãos se retiraram para discutir o que viria a seguir. Havia mais naquela garota do que eles haviam imaginado, e cada um deles, de formas diferentes, começava a sentir que suas vidas estavam prestes a mudar para sempre.
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Atualizado até capítulo 43
Comments
Sheila Pedro
Estou amando
2024-10-29
3
Marcia Soares Conceiçao
estou 😃
2024-09-17
2