Além do Olhar

Além do Olhar

Capítulo 01

Selena:

- Acordo assustada. As vezes sonhava com aquele acidente que não só tirou a vida dos meus pais como minha visão. ( Os últimos segundos, que vem sempre em minha mente: eles seguram minhas mãos quando o nosso carro bate em outro, e somos jogados para fora da estrada capotando várias vezes).

- O maior desafio na vida para pessoas como eu, e aceitar o que houve e seguir em frente, no começo não foi fácil, mas com tempo aprendemos a lidar com que a vida nos dá, reclamando menos e agradecendo  por está viva, a escuridão em meus olhos não dita o que sou, apenas me mostra que terei mais desafios que os demais, eu não sei por que fui a única que sobrevivi naquele acidente, porém  sempre farei  o meu melhor para honrar a memória  dos meus pais, aqueles que me deram tanto amor. Assim começa o meu dia, seguindo em frente.

- Sinto a brisa da manhã no meu rosto, respiro fundo e sinto cheiro das pequenas flores que minha tia plantou nos canteiros da nossa casa. - Seguro o meu bastão e firmo bem, para descer os pequenos degraus da minha casa, aqueles mesmo degraus que  corria quando estava atrasada para escola e meu pai me esperando no carro, enquanto  minha mãe colocava o lanche na  mochila e a erguia para eu pega-la, me dando um beijo desejando  boa aula.

- Momentos que jamais voltara. Coloco minhas mãos nas flores apenas para senti-las antes do longo dia de trabalho

-Morar em Denton, uma cidadezinha do Texas, era algo que nunca me incomodou,uma cidade pacata a onde  conhecia todos. Com o tempo, compreendi que minha condição me tornou um pessoa forte e não frágil, como a maioria das pessoas  pensam de uma pessoa como eu. Aqui todos estavam acostumados com meu jeito Alegre, mesmo depois de tudo o que houve comigo a anos.

- Eu contava os passos para chegar ao trabalho, pois  fazia o trajeto todos os dias, eu trabalhava numa loja da cidade, da senhora Laura Jonson, meio período, depois ia para pet da cidade do meu amigo Henrique Manson, e por fim ajudava o senhor Airton na floricultura. Apesar de ser cega, meus sentidos eram muito apurados, depois do acidente eu escutava  os barulhos com mais intensidade, não sei se isso tem haver apenas porque quando enxergamos não prestamos atenção nos ruídos,mesmo sendo cega eu conseguia me virar bem

- Após o dia cansativo, tomei um belo banho  quando escuto minha tia bater na porta.

- Posso entrar?

- Sim!- Falei terminando de me vestir.

- Selena! Precisamos conversar, meu bem.

- Se for sobre o imóvel, prefiro não tia.

- Meu amor,estamos nos matando de trabalhar e não precisamos de um casa tão grande, além do mais o valor e muito alto, e seus pais não fizeram o seguro dela, quando seus pais estavam vivos era diferente,ambos tinham carreiras bem sucedidas, e sobrou para mim, essa tia maluca que nem a faculdade terminou.

- Entendo o que diz tia, mas e a única coisa que tenho deles, eu não quero me desfazer deste imóvel, aqui consigo me apegar as  lembranças que a memória falha, sinto ainda cheiro deles em cada cantinho. - falo chorando.

- Filha, precisamos ainda ver sobre você voltar a enxergar, sabemos que há uma possibilidade, e se conseguirmos o dinheiro meu amor, você tem uma chance de ver de novo.

- Não vou usar essa casa para isso, eu tô trabalhando 3 empregos e daqui a pouco vai dar tudo certo, eu tenho fé.

- Sinto  sua respiração ofegante. Havia algo que ela não havia falado.

- O que você está escondendo de mim, tia Clarice? - Pergunto, não gostava de rodeios.

-Ela me abraça e me senta na cama.- Por conta do trabalho,eu estou com muitas dores nas costas e meu ritmo não está mais mesmo.-Minha tia era mais velha que minha mãe apenas 2 ano, ela tinha 49 anos.

- Toco em seu rosto e falo:

Tudo bem, tia. - Tento dar um sorriso.

- Você sempre faz além do que devia por mim, e eu só tenho que agradecer. Eu prometo que vou dar jeito. - Falo segurando sua mão.

- Só quero que pense,querida, saiba que te amo como uma filha.

-Depois daquela conversa,não poderia exigir nada dela, estava se sacrificando para me ajudar e não poderia ser egoísta.

- No dia seguinte, fui para trabalho, e não podia desanimar com isso. Precisava de mais disposição e perguntei à senhora Laura se saberia me dizer se há algum lugar que precise de alguém para trabalhar.

- Por que a pergunta Selena?

-E que estou pensando em ter mais um emprego. - Falo enquanto arrumava as roupas no balcão.

- Minha filha! Você irá adoecer.

- E que realmente preciso senhora Laura.- Falo com tom de preocupação.

- Foi quando ouvir a porta abrir, havia chegado alguém. Pelo cheiro não era alguém que conhecia. O barulho do salto fino sem dúvidas era uma mulher.

-Quando senhora Laura falar:

Senhora Beatriz Foster, o que devo a honra. - falou me puxando para seu lado.

- Bom dia! Cheguei agora de Los Angeles para visitar meu filho e decidir dar uma olhada na sua loja, e claro conhecer melhor a cidade que meu filho decidiu se enterra de vez. - Seu tom parecia um pouco de ironia. - Penso

- Prefiro não prestar atenção no que ela disse, dou sorriso apenas sem saber se estava fazendo o certo e sinto ela se aproximar.

- Quem é a jovem bonita, e sua neta?

Infelizmente não, é apenas a minha assistente. - Senhora Laura fala com tom alegre.

- Qual o seu nome, minha jovem?

- Selena Darcy, senhora.

- ok! Senhorita Darcy, venha quero que me ajude a escolher algumas roupas.

- Fiquei sem saber o que dizer naquele momento, acho que ela não havia percebido que eu era cega, mas isso não seria problema. Sabia onde tinha tudo naquela loja. Pela sua voz, e pelo seu perfume que nada se compara com que havia sentido, o cheiro parecia estar  em todo o lugar, devia ser uma pessoa muito importante. Iria mostrar os melhores vestidos da loja.

- Mostrei vários vestidos que pelo toque em minha opinião eram bonitos, até ela perguntar;

O que achou desse vestido, senhorita Darcy?

Deve ter ficado ótimo na senhora. -Foi quando a senhora Laura diz;

Perdoe-me senhora Foster, Selena e deficiente visual, então posso dizer por ela:

Ficou maravilhoso, Selena tem ótima mão para escolher roupas para os clientes.- Fala tentando amenizar a situação constrangedora.

-Minha nossa menina! Eu não sabia.- Sinto sua voz de decepção.

- Tudo bem senhora,não há problema nisso, eu devia ter falado, perdoe-me por não ter comentado e evitar o seu constrangimento.

- Sinto sua mão na minha.

- Minha querida, você é magnífica, nunca pensei em ser tão bem atendida por alguém com sua comorbidade. Ela fala;

Senhora Laura,levarei todas as roupas que vestir e o resto que está aí, a comissão e da senhorita Darcy que demonstrou que nada é impossível quando se quer.

- Depois da compra, senhora Foster foi embora, ganhei o mês com comissão,isso me deixou feliz,no entanto, sabia que não seria o suficiente.

- Indo para o meu segundo trabalho, me assusto quando sinto puxarem o braço.

- Senhorita Darcy!

- Sim! Sou eu. - Falo  assustada.

- Desculpe, senhorita, sou o segurança da senhora Foster, ela a aguarda no carro.

- Eu sinto muito, mas vou me atrasar para o meu trabalho.- Falo  andando até que sinto a presença de mais uma pessoa na minha frente.

- O que vocês querem?

- Calma senhorita,só nos acompanhe até carro da senhora Foster.

- Eu não tinha escolha, eu não poderia fazer escândalo no meio da rua sem motivo. Já que, não sinto a respiração deles ofegante, estava calma. - Tudo bem.- falo.

- Rapidamente fico próximo ao carro.

- Entre senhorita Darcy. - A voz era da senhora Foster.

-Entrei e senti que o carro se moveu.- Para onde estão me levando?

- Ele só vai estacionar para conversarmos. - Fala a senhora Foster.

- O carro parou, e percebo que as portas se abrem.

- Pode sair senhorita, aqui falaremos com calma. -Faço o que ela fala.

- Fiz algo que não gostou senhora? - Eu não entendia o que ela poderia querer comigo.

- Não é isso, ao contrário,gostei muito do seu atendimento, e por isso quero oferecer um emprego em tempo integral.

- O que seria o emprego? -Pergunto

- Quero que cuide do meu filho.

-Naquele momento fiquei sem entender nada.

- Senhora, quer que eu seja uma babá?! - Eu sou cega, não teria como cuidar de uma criança dependendo do tamanho. - falei já descartando  qualquer possibilidade.

-Escuto o seu sorriso. - Não querida,ele não é uma criança e sim um adulto.

- O que!

- Calma ok. Não pense besteira por favor, senhorita.

- Meu filho era homem Alegre e bem resolvido, ele estava noivo e depois do acidente que teve, sua noiva o largou no altar, e sua tristeza virou mágoas, ranco , ele vive trancado na mansão que comprou nesse fim de mundo. Quero dizer,nessa cidade, e preciso de alguém que o encoraja.

- Senhora, eu não sou psicóloga.- falei curta e grossa.

-Eu sei que não, já paguei os melhores  médicos e nada o faz sair desse casulo que ele  entrou, após conhecê-la, percebi que tudo o que ele precisa e de alguém como você, não custa tentar, como mãe, tento se tudo.

- Alguém como eu? - Fico sem entender onde ela queria chegar.

- O pouco o que vir, e o que a cidade fala de você é o suficiente para eu saber que você poderá ajudá-lo.

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Comments

Sandra Maria de Oliveira Costa

Sandra Maria de Oliveira Costa

sai de uma linda história e começando 14. 11

2024-11-15

1

Maria Nascimemto

Maria Nascimemto

já gostei desde o início, vamos nos emocionar amando parabéns autora

2024-11-17

0

Mare Matozo

Mare Matozo

Amando o começo

2024-11-17

1

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