Nas Mãos do Inimigo

Nas Mãos do Inimigo

A TARDE SOMBRIA

07 horas da manhã, Tóquio, uma cidade vibrante e cheia de contrastes no Japão. Em uma casa de classe média, o dia começava de forma agitada.

— Acorda, sua imprestável! — exclamou Haruki Hoshino, um homem de 40 anos, enquanto jogava água gelada em sua filha.

A jovem despertou assustada, lutando para recuperar o fôlego após o susto.

— Você está atrasada para fazer meu café! — gritou ele, sua voz ressoando pela casa, deixando Kaori Hoshino ainda mais inquieta.

— Já estou indo, papai! — respondeu a adolescente, a voz trêmula, mas obediente.

Kaori Hoshino, uma menina de apenas 14 anos, era um doce de menina, mas sua vida era tudo menos doce. Desde pequena, ela carregava o peso da ausência da mãe, que nunca conheceu, e o fardo de um pai que se envolvia com coisas erradas. Quando Haruki estava em casa, o lar se tornava um lugar sombrio, onde os gritos e as ofensas eram mais frequentes do que os momentos de amor e carinho.

Com mãos trêmulas, Kaori preparou o café da manhã e, após alguns minutos, trouxe um prato fumegante para o pai.

— Aqui está — disse ela, forçando um sorriso.

— Faça novamente! — ordenou ele, olhando para o prato com desdém e devolvendo-o à jovem, que sentiu a decepção se instalar em seu peito. Ela não ousou protestar; seu coração falava mais alto do que sua voz.

Enquanto isso, em uma cidade próxima, um grupo de homens perigosos se reunia em uma sala escura e abafada.

— Descobrimos onde mora o homem que matou seu pai, meu senhor — informou um dos segurança, a voz tensa.

Diante dele, um homem sério, o misterioso novo chefe da Yakuza, observava com um olhar penetrante. A tensão no ar era palpável.

— Vamos acabar com isso de uma vez! — disse ele, sua voz firme, carregada de determinação.

Com um aceno decidido, ele e vários integrantes do grupo se levantaram, saindo rapidamente em direção a seus carros.

— Até amanhã, Cheng! — exclamou Kaori, acenando para seu colega da escola enquanto se afastava, o coração ainda pulsando de adrenalina pela interação alegre. Ela estava vestida com seu uniforme escolar, uma blusa branca imaculada e uma saia escura, e carregava uma pilha de livros contra o peito. A tarde estava cinza e chuvosa, gotas de água escorrendo pelas ruas, criando pequenas poças que refletiam o céu sombrio.

Kaori Hoshino, 14 anos.

Com um suspiro, a jovem começou sua caminhada de volta para casa. O caminho era longo e solitário, mas ela preferia enfrentar a chuva e a solidão a chegar em casa mais cedo e ter que suportar os insultos cruéis de seu pai. Era um ciclo que se repetia dia após dia, um ciclo de dor e resignação.

As marcas roxas em seu corpo eram suas companheiras silenciosas, lembranças de um lar que deveria ser seguro, mas que se tornara um campo de batalha. Sempre que alguém perguntava sobre as feridas, Kaori inventava uma desculpa. "Caí da bicicleta", dizia com um sorriso forçado, enquanto a verdade se escondia nas sombras de seu coração.

Depois de quase uma hora de caminhada sob a chuva, ela finalmente chegou em casa. As gotas de água escorriam por seu rosto, mas o que a fez parar foi a visão estranha que se desenrolava à sua frente.

— Quantos carros... — sussurrou Kaori, o coração acelerando em seu peito ao notar os veículos parados em frente à sua casa. A intuição a alertava sobre algo errado, mas a curiosidade e o medo a empurravam para dentro.

Ao abrir a porta, uma cena de terror a paralisou. Seu pai estava estendido no chão, o piso coberto por um mar de sangue, a cena grotesca era irreconhecível. O homem que ela conhecia, que deveria ser seu protetor, agora parecia uma sombra distorcida, cercada por uma aura de morte.

— Papai! — gritou a jovem, o desespero transbordando de sua voz enquanto os olhos se encheram de lágrimas. A dor e o medo a consumiam.

Um homem alto, de rosto sombrio, se virou rapidamente em sua direção. Antes que pudesse processar o que estava acontecendo, ele a agarrou, suas mãos firmes segurando-a com força, enquanto ela lutava para se libertar.

Enquanto isso, o mandante estava de costas para ela, ele nem sequer olhou nos olhos da pobre garota.

— Livrem-se dela! — exclamou ele, sua voz fria como gelo. Aquela frase ecoou na mente de Kaori, um presságio de que a escuridão estava prestes a engoli-la.

A jovem foi arrastada para outro cômodo, o terror pulsando em seu peito, enquanto o homem misterioso e seus comparsas deixavam o local, deixando para trás um dos seus que parecia determinado a concluir a tarefa macabra.

O tempo parecia se arrastar. Com um golpe rápido e brutal, o homem passou a lâmina pelo pescoço da pobre menina, e a deixou no chão, agonizando, um enorme corte no pescoço fazendo seu sangue jorrar em um fluxo quente e espesso. A dor era insuportável, como se o mundo estivesse se despedaçando ao seu redor.

Ela lutava para viver, colocando as mãos em seu pescoço na tentativa desesperada de estancar o sangue. As lágrimas misturavam-se com a chuva que ainda caía lá fora, enquanto a vida escorria de seu corpo. O desespero a envolvia, mas a vontade de sobreviver era mais forte.

Quando finalmente o silêncio tomou conta da casa e todos foram embora, Kaori se arrastou pelo chão frio e ensanguentado, cada movimento uma batalha contra a morte. O mundo ao seu redor estava se tornando um borrão, mas, com uma força que ela não sabia que possuía, ela se arrastou até a porta.

Do lado de fora, um casal passava, e ao ver a jovem em seu estado crítico, gritaram, imediatamente, se apressando para socorrê-la. O homem pegou seu celular, ligando para a emergência, enquanto a mulher a envolvia em seus braços, tentando oferecer algum conforto.

— Você vai ficar bem, querida! — ela disse, a voz trêmula, mas cheia de esperança.

E com isso, a pobre menina, envolta em dor e escuridão, sentiu um fio de luz atravessar seu ser. O caminho para a sobrevivência estava apenas começando, mas a luta que se desenrolaria em seu interior prometia transformá-la para sempre.

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