Corações Sombrio:Amor Além do Véu
A névoa pairava sobre a pequena cidade de Vale do Silêncio, como se fosse uma velha conhecida que se recusava a partir. As luzes dos postes mal conseguiam atravessar o manto espesso, lançando sombras fantasmagóricas nas ruas vazias. Era uma daquelas noites em que tudo parecia estar envolto em mistério, e qualquer som, por menor que fosse, ecoava pela cidade como um sussurro de algo além do comum.
Isabella caminhava apressada pela calçada, seus passos ecoando no silêncio noturno. Era tarde, e o trabalho na escola havia se estendido mais do que o previsto. Ao passar pelo antigo cemitério que ficava na colina, ela sentiu um calafrio percorrer sua espinha. Aquele lugar sempre lhe causava uma sensação estranha, como se algo estivesse observando-a das sombras entre as lápides. Mas hoje, a sensação era mais intensa.
Ela apertou o casaco ao redor do corpo, tentando afastar a sensação de que estava sendo seguida. O vento gelado soprou, fazendo as folhas secas rodopiarem pelo chão. Isabella acelerou o passo, ansiosa para chegar em casa e se refugiar no conforto de seu pequeno apartamento. No entanto, quando dobrou a esquina, uma figura alta e imponente surgiu à sua frente.
O homem estava parado sob a luz trêmula de um poste, a névoa envolvendo-o como um manto. Ele tinha os cabelos negros como a noite e olhos que pareciam brilhar com uma intensidade incomum. Por um momento, Isabella parou, o coração batendo acelerado. Algo nele a deixou intrigada, mas também a encheu de um medo que ela não conseguia explicar.
“Perdão, eu... não queria assustá-la,” disse ele, sua voz grave e suave, como o som de folhas caindo. “Sou novo na cidade e acho que me perdi.”
Isabella piscou, tentando se recompor. Havia algo de inquietante naquele homem, mas também algo atraente que ela não conseguia ignorar.
“Tudo bem,” ela respondeu, tentando soar despreocupada. “Posso ajudá-lo com as direções. Para onde você está indo?”
Ele sorriu, e Isabella sentiu um estranho calor se espalhar por seu corpo, como se aquele sorriso tivesse o poder de derreter a fria neblina ao seu redor.
“Na verdade, eu estava procurando o cemitério,” disse ele, apontando para a colina atrás dela. “Ouvi dizer que é um lugar fascinante.”
Isabella hesitou. Poucas pessoas se interessavam pelo cemitério àquela hora da noite, e ainda menos pela história por trás dele. Aquele lugar, com suas lápides antigas e lendas locais, carregava uma aura de mistério que afastava a maioria das pessoas.
“É um lugar antigo,” ela disse, escolhendo as palavras com cuidado. “Mas não sei se é seguro andar por lá à noite. A névoa pode ser traiçoeira.”
Ele riu baixinho, um som que fez o coração de Isabella disparar ainda mais. “Eu gosto de explorar o desconhecido. Talvez você possa me acompanhar, para garantir que não me perca.”
Isabella abriu a boca para recusar, mas as palavras não saíram. Havia algo nele, algo que ela não conseguia entender, que a atraía para ele como um ímã. Ela deveria estar assustada, mas a curiosidade – ou talvez fosse algo mais profundo – a fez concordar.
“Tudo bem,” ela disse, antes que pudesse se arrepender. “Eu posso levá-lo até lá, mas apenas por alguns minutos.”
Enquanto caminhavam em direção ao cemitério, Isabella não pôde deixar de lançar olhares furtivos para o homem ao seu lado. Ele se movia com uma graça silenciosa, como se fosse parte da própria noite. O medo inicial foi se dissipando, substituído por uma estranha sensação de familiaridade. Era como se ela já o conhecesse, como se ele fosse uma figura saída de seus sonhos mais secretos.
Ao chegarem à entrada do cemitério, o portão de ferro rangeu ao ser aberto, e a névoa parecia se espessar, tornando o ambiente ainda mais etéreo. As lápides antigas surgiram à medida que avançavam, suas formas cobertas de musgo e tempo. O lugar estava deserto, mas Isabella sentiu como se estivesse entrando em um reino diferente, onde o tempo e o espaço não seguiam as mesmas regras do mundo lá fora.
“Este lugar tem histórias,” disse ele, quebrando o silêncio. “Histórias que nem todos conhecem.”
Isabella olhou para ele, surpresa. “Você parece saber mais do que a maioria das pessoas que vive aqui.”
Ele parou diante de uma lápide particularmente antiga, os olhos fixos nas letras quase apagadas pelo tempo. “Eu já estive em muitos lugares como este,” disse ele, com um tom que sugeria que aquelas palavras carregavam mais do que ele estava dizendo. “Lugares onde o passado e o presente se entrelaçam.”
Isabella sentiu um arrepio percorrer sua pele. “Quem é você, afinal?” perguntou, finalmente dando voz à pergunta que vinha martelando em sua mente desde que o viu.
Ele virou-se para ela, e nos olhos dele havia algo que parecia ecoar através dos séculos, como se ele carregasse o peso de muitas vidas e muitas mortes.
“Meu nome é Adrian,” disse ele, a voz suave como um sussurro na névoa. “E estou aqui para encontrar algo que perdi há muito tempo... talvez uma parte de mim.”
Isabella não sabia o que responder. Havia uma intensidade naquelas palavras, uma dor escondida que ela não compreendia, mas que a tocava de uma forma inexplicável. E naquele momento, ela percebeu que sua vida estava prestes a mudar para sempre.
Enquanto a névoa os envolvia, ela sentiu que, de alguma forma, suas almas estavam conectadas, entrelaçadas em um destino que ainda não podia entender. E, pela primeira vez em muito tempo, Isabella sentiu que estava prestes a embarcar em uma jornada que a levaria muito além das fronteiras do mundo que conhecia.
E, talvez, para os braços de um amor que desafiava até mesmo a morte.
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Atualizado até capítulo 75
Comments
Camile Vitória Lopes Dias da S
começando
2024-09-25
1
Súplica
EU AMO ESSA ESCRITORA
2024-09-21
1
Regiane Pimenta
Eu hein eu que não ia lugar escuro e deserto com um homem que não conheço
2024-09-02
1