Capítulo 1: O início
Uma jovem mulher e um jovem de óculos estavam na porta de casa.
Luna Jung
Por favor, se lembra de comer direitinho...
Dan Harte
Sei me virar, não tem necessidade de ficar me pedindo isso.
Dan Harte
Não precisa agir como se eu estivesse indo para um campo de guerra também...
O jovem chamado Dan levava uma mochila pesada nas costas. Suas vestimentas permaneciam escuras como de costume para aquela viagem.
Luna Jung
Só quero ter certeza.
Luna Jung
É a última vez que vamos nos ver por um tempo, então eu...
Luna Jung
Só quero que você fique bem.
Luna Jung
Se eu souber que você tá ficando muito tempo sem comer de novo, eu vou atrás de você te puxar pela orelha.
Dan Harte
Você fica falando como se fosse uma mãe, que apego estranho...
Ele pensou em forçar um sorriso e dizer algo positivo apenas para acalmá-la, mas desistiu.
Dan Harte
Só... vai dar tudo certo, eu acho.
Dan Harte
Daqui a 3 anos nos vemos de novo.
Luna e Dan moravam juntos há algum tempo.
Luna tinha seus 24 anos e Dan seus 18.
Luna o trouxe para morar com ela por conta de algumas questões.
Eram amigos de longa data, porém isso não tornava a relação entre eles em algo exatamente aberto.
Luna Jung
Me manda mensagem todo dia ou quando precisar falar de algo importante.
Luna se aproximou e deu um beijo na bochecha dele.
Dan Harte
Nos vemos por aí, Luna.
Ele virou as costas, tendo um pensamento cruzando sua mente:
Dan Harte
"Eu podia dar um abraço nela..."
Ele pegou na maçaneta e respirou fundo antes de sair e fechar a porta sem nem mesmo dizer adeus.
O bairro onde moravam era pouco movimentado. Nada parecia acontecer por lá, era a sensação geral dos habitantes.
Tédio e monotonia eram normais por lá. Contudo, isso mudaria para Dan, afinal de contas, rumava naquele momento para um lugar muito mais movimentado.
Chamou um carro de aplicativo, agora tendo que esperar a sós com seus pensamentos.
Não existia um pingo de animação nele naquele momento. Era uma oportunidade de ouro, uma daquelas capaz de mudar o rumo de uma vida.
Mesmo assim, não era capaz de sentir nada sobre isso. Foi por incentivo de Luna que, apesar de estar com o coração apertado, queria que ele pudesse ter aquela chance.
O carro chamado chegou em alguns minutos, levando-o até o aeroporto. Dan deu 5 estrelas para o motorista.
O som dos aviões pousando e levantando voo era impossível de se ignorar. Dan usava apenas um lado do fone de ouvido, deixando um lado livre para prestar atenção no que era falado.
Ouvia uma música com uma voz feminina doce. Essa faixa chamava-se "Finalidades e Finalidades".
Era de sua cantora favorita, uma das poucas coisas que ainda eram capazes de o fazer sentir algum grau em empolgação.
O horário de embarque chegava, então apressou-se.
Dan Harte
E lá vamos nós de novo...
Dan Harte
"Avisar numa boa sempre demorou mais por algum motivo."
Ao passar pelo detector de metais do aeroporto, levantou as mãos para sinalizar que não iria fazer nada.
O som do apitar chamou a atenção das forças de segurança do local que logo foram atrás dele.
Após alguns minutos a situação estava resolvida de fato. Dan tinha alguns parafusos, hastes e placas metálicas em seu corpo em decorrência de dezenas de cirurgias que precisou fazer.
As pessoas que cuidavam do raio-x logo apontaram a situação, e depois de uma revista rápida em seus pertences na mochila, deixaram-no prosseguir para a área de embarque.
Beatrice Nebras
Bom dia, não tá trazendo nenhuma bomba aí não, né?
Todos ao redor olharam meio estranho para eles e Dan suspirou pesadamente.
Dan Harte
"Que pessoa inconveniente..."
Tendo esse pensamento passado por sua cabeça, apenas falou honestamente:
Dan Harte
Tenho implantes metálicos por causa de umas cirurgias, é só isso.
Dan Harte
Não se preocupa.
Dan se distraiu e fechou os olhos, e quando os abriu novamente, viu Beatrice ao seu lado com o outro lado do fone, com um sorriso no rosto.
Beatrice Nebras
Você tem um bom gosto musical.
Ele apenas acenou positivamente com a cabeça e continuou em silêncio ao lado dela, apenas ouvindo a música.
Dan Harte
"Existe gente extrovertida nesse nível..."
Dan Harte
"Pegar o outro lado do fone de alguém que nunca viu na vida?"
Beatrice Nebras
Se não se incomodar em dizer, tá indo fazer o que lá em Wonhu?
Dan Harte
Sou convidado do Projeto Eidolon.
Disse com uma voz mais calminha, sabia que isso era uma informação que chamava atenção.
Beatrice Nebras
Você também? Legal.
Beatrice Nebras
Que engraçado encontrar outra pessoa desse projeto. Poucas pessoas foram chamadas, então achar alguém casualmente em um aeroporto é surpreendente.
Beatrice Nebras
Meu nome é Beatrice, mas pode me chamar de Bea.
Beatrice Nebras
Cara, gastei bastante dinheiro pra vir até esse lugar. Minha casa fica a umas duas cidades de distância daqui, tive que sair de madrugada...
Beatrice Nebras
Espero que valha a pena estar lá.
Dan Harte
Eu nem tenho certeza se quero isso.
Dan Harte
Só estou indo por ir, eu acho.
Beatrice Nebras
Não quer fazer nada por lá?
Dan Harte
Eu não tenho esse tipo de ideia pra minha vida.
Dan Harte
Eu só queria continuar em casa.
Beatrice Nebras
Hum... O que você quer pra sua vida então?
Beatrice Nebras
Qual é sua ideia de vida?
Ele abaixou a cabeça um pouquinho.
Os olhares atraídos por conta da brincadeira de Beatrice se dispersaram. De pouco em pouco o foco das pessoas retornava aos seus celulares e problemas pessoais.
Às 10:30 entraram no avião.
O espaço reservado para ele era ao lado de uma janela. Estava na classe econômica, era o que seu dinheiro podia cobrir.
Continuou ouvindo música, imerso e perdido nas palavras daquela letra.
Pouco tempo se passou até ele sentir um toque no ombro.
Beatrice Nebras
Olha, isso deve ser ainda mais específico que só achar alguém do projeto. Achar alguém do projeto e sentar ao lado dele.
Beatrice Nebras
Te juro que não é perseguição, só calhou desse ser meu assento.
Ele tirou um lado do fone e deixou para ela pegar.
O avião taxiou e depois de alguns minutos levantou voo sem problemas, como o esperado.
A dupla continuou escutando as músicas daquela mesma cantora. Não trocavam palavras.
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