A PROCURA!

Não era justo! Desde que saiu da sua casa enfrentava dificuldades, o seu avião particular enfrentou turbulência e teve que fazer um pouso forçado. Ficou preso por três dias num hotel e agora a embarcação alugada que o deixaria em Creta estava à deriva!

De quem era a obra? Da sua mãe ou da cúpula inteira? Por mais que o capitão da embarcação tentasse, não conseguia direcionar o iate para Creta! Devia ter aberto um portal, teria chegado em horas e não dias, mas para despistar seus iguais achou melhor fazer a viagem como humano!

Essas dificuldades tinham o dedo da sua mãe e a calda daquela sereia maligna!

Podia fazer algo com certeza, mas não queria dar esse gostinho a sua mãe ou a quem o seguia. Teria mais chances de achar Idália primeiro, eles não sabiam onde ela estava e já deviam saber que Eron estava com a família.

— Príncipe Yenan! Talvez o Sr. deva pedir ajuda aos marítimos... Essas interferências são obras de alguma lenda, sr!

— Você tem razão, Izaquias... Tudo isso tem o dedo podre de alguém!

Sorte sua o capitão ser uma lenda, isso dava-lhe a chance de pedir ajuda aos irmãos dos mares ou usar os seus poderes sem ser revelado a humanos.

— Agradeço a sua ajuda, meu amigo... Mas penso que devo partir sem causar tantos transtornos... você ficará bem com a sua tripulação?

— Claro, meu príncipe! Por favor, use o meu camarim para se teleportar.

- Farei isso... Fico lhe devendo essa camarada.

— É sempre um prazer servir ao filho do grande rei alfa!

Yenan se dirigiu ao camarim e lá criou um portal que o levou a Creta, quando se materializou num beco qualquer da ilha, sua aparência era elegante, bem vestida e parecia um turista rico.

Saiu para a rua movimentada e sentiu as vibrações, o lugar estava cheio de lendas vivas, era noite e ele deveria saber que, essa era a hora ideal para muitos. Estava frio, o vento cortante que vinha do mar camuflava os odores característicos das lendas, mas para ele... Um farejador, nada era impossível, era filho de uma noturna, podia desaparecer nas sombras também.

Entrou num estabelecimento agitado, sentiu diversos odores característicos de não humanos, foi ao bar e pediu uma bebida, agora era so observar, que logo alguém iria identificá-lo.

— Creta está muito movimentada, de uns dias para cá! Primeiro um príncipe elfo, depois a soberana dos mares profundos e agora o príncipe híbrido!

Yenan virou-se e deu de cara com um alado, esse fugia a regra, não era bonito como a maioria do povo do ar, parecia mais com uma ave de rapina! A sua forma original era visível para outro lenda... E o cara era feio!

— Ordeno que se identifique lenda... percebo que tem olhos e ouvidos aguçados, estou certo?

O ser que, mas parecia uma ave de rapina, sentiu que não devia brincar com a sorte, afinal falava com Yenan! Exterminador da cúpula, filho de Cecília e do grande alfa. O homem à sua frente era o maior guardião do mundo invisível! Não recebia ordens e so aceitava trabalhos da cúpula, se fosse justo, caso contrário defendia a presa contra o mundo mágico!

— O meu nome é Rap, meu príncipe, percebo que a cúpula está a procura de algo ou alguém... Para mandar três dos seus melhores guardiões, a Creta... Tem que ser muito precioso!

A ave de rapina era esperta e falava com cautela, com certeza queria algo em troca das informações que tinha.

- Diga-me Rap... você tem algo para me falar?

Recompensarei você com dinheiro humano.

As lendas não deviam fugir para a terra, mas na década atual, muitos conseguiram burlar a vigilância da cúpula e hoje existiam milhares vivendo entre os homens. Antes so os guardiões tinham esse privilégio. Perdemos o controle e agora so nos resta monitorar quem entra nesse mundo tão abençoado e ao mesmo tempo tão maltratado por seus habitantes.

- Não tenho muito a oferecer príncipe Yenan, apenas o elfo fez perguntas sobre uma curandeira e a sereia chegou logo que ele saiu.

- Alguém a informou sobre o elfo?

- Creio que sim... Tinha outra lenda no recinto, ele entrou minutos depois do elfo e saiu junto com a sereia.

"Serena trocou de lugar com quem estava a seguir Eron", pensou Yenan.

— E sobre a curandeira, você conhece-a?

— Tinha uma jovem que realizava curativos nos pescadores, eles sararam muito rápido, por isso a chamavam feiticeira ou curandeira.

— A chamavam?

— Sim... Aconteceram coisas, os humanos faziam filas para serem atendidos, isso amedrontou os pais da garota e um belo dia a curandeira não estava, mas lá!

— Sei... E onde morava?

Yenan pagou ao homem e saiu do estabelecimento com o endereço, mas antes avisou…

— Sugiro que não dê mais informações sobre o assunto a nenhuma outra lenda! Desapareça, aí tem o bastante para sair da ilha, se eu descobrir que vendeu informações, volto aqui e bebo todo o seu sangue... Garanto que vai ficar mais feio do que já é!

A ave de rapina arregalou os olhos e afastou-se quando viu as presas surgirem.

- Jamais faria isso, meu príncipe!

— Você já fez seu imbecil e mais de uma vez! Primeiro para serena e depois para mim.

Era verdade, o Rap pertencia ao povo alado e como toda raça ,tinha sua escória, o homem-ave se encaixava perfeitamente!

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