Cruzada dos Caçadores: Academia da Redenção.
Entre Olhares e Sorrisos.
Após a conversa com Matsuno, Tadoki sente que precisa de uma maneira de organizar seus pensamentos e colocar suas emoções em ordem. Ele se levanta, determinada uma nova direção.
Tadoki
Eu vou para a sala de treinamento.
Diz ele, pela primeira vez mostrando um pouco de foco.
Matsuno o observa com um aceno de cabeça, compreendendo a necessidade do amigo de se afastar por um tempo.
Enquanto Tadoki caminha pelos corredores, ele tenta não se deixar levar por suas emoções confusas. O som dos passos ecoa, proporcionando-lhe um pequeno conforto na solidão.
Quando finalmente chega, Tadoki se posiciona no centro da sala, fecha os olhos por um momento e respira fundo, buscando canalizar sua energia. No fundo, o que ele realmente queria era encontrar clareza, tanto em seus sentimentos quanto nas habilidades que tinha. Enquanto se concentra, começa a ativar o seu poder ocular, sentindo a energia pulsar através de seus olhos, proporcionando-lhe uma visão aprimorada do mundo ao seu redor.
Tadoki olha para frente e aparece um holograma.
Com cada movimento, cada golpe, ele se dedica a entender melhor não apenas suas habilidades, mas também a si mesmo. E, ao fazer isso, Tadoki espera que, eventualmente, as respostas que procura sobre seus sentimentos em relação à Tsuki venham à tona.
A sala de treinamento estava envolta em uma penumbra suave, apenas iluminada por uma luz azulada que emanava dos hologramas projetados em toda a superfície. Tadoki se posicionou diante de um holograma em forma de um adversário, sua respiração se tornava mais controlada e profunda. Ele sentiu a energia do poder ocular pulsando em seus olhos, e a sensação de foco começava a tomar conta de seu corpo.
Com um movimento ágil, ele se lança para frente, seu pé acertando o chão com determinação.
O holograma reage instantaneamente, posicionando-se defensivamente.
Tadoki, sentindo a adrenalina subir, concentra-se em sua habilidade. Ele avança com um soco certeiro, vislumbrando o traço da sua própria sombra refletido na superfície do chão.
O impacto é forte, e uma onda de energia vibra pelo ar quando seu punho atinge o holograma, fazendo-o tremer.
Apesar de ser uma projeção, a resistência e os reflexos do holograma o forçam a se adaptar rapidamente, e ele desvencilha-se com uma pirueta rápida, aproveitando o movimento para desferir um chute lateral.
O golpe rasga o ar, e o holograma se desvia habilmente, mas Tadoki já estava preparado.
Com uma combinação de movimentos fluidos, ele segue atacando. Um soco, um chute, um giro, tudo se entrelaçando em um ritmo constante.
Ele se sentia conectado ao poder que emanava de dentro de si, sua mente focada no desafio que estava diante dele.
Cada ataque era uma maneira de liberar a tensão acumulada, cada movimento um passo em direção à clareza não apenas em suas capacidades, mas também em seus sentimentos.
Finalmente, em uma explosão de determinação, Tadoki finaliza com um golpe decisivo, um uppercut que parece atravessar o ar e atingir o holograma com um brilho intenso.
O holograma se desfez em fragmentos de luz, e por um breve momento, Tadoki sentiu que tinha não apenas atacado a projeção, mas também um medo que estava se construindo dentro dele.
O ambiente da sala de treinamento estava tenso, marcado pelo suor que escorria pelo rosto de Tadoki.
Ele havia se empenhado ao máximo, enfrentando o holograma com uma intensidade que o deixara exausto. Ao desativar seu poder ocular, ele sentiu o peso de suas responsabilidades, ainda mais evidente após aquela experiência.
Tadoki
Se isso foi apenas um holograma, fico imaginando como seria lidar com um vilão de verdade.
Pensou, observando o chão, perdido em suas reflexões.
Nesse momento, ele ouviu um aplauso suave e levantou a cabeça. Tsuki estava ali, com um olhar de aprovação que, embora gentil, ele não conseguia traduzir em um sorriso.
Disse ela, seu tom caloroso contrastando com a seriedade dele.
Tadoki
Há quanto tempo você está aqui?
Ele perguntou, a voz grave, expressando um leve cansaço.
Ela respondeu, sem deixar de admirar a dedicação dele, embora soubesse que seu semblante sério não mudaria tão facilmente.
Tadoki se aproximou de Tsuki, encerrando o treinamento. Ele notou que ela segurava um pacote envolto em tecido. A expressão dela era encorajadora, mas ele se manteve impassível.
Indagou, observando com atenção enquanto Tsuki o entregava.
Tsuki
Seu uniforme da escola.
Ela informou, seu olhar fixo no dele.
Tsuki
Sōma pediu para eu entregar.
Tadoki observou o uniforme que Tsuki havia entregue, um terno preto e branco, que refletia a formalidade exigida pela escola. O tecido tinha um aspecto elegante, mas as cores não vibrantes, a paleta sóbria de preto e branco, pareciam muito distantes do que ele idealizara. O emblema da escola, discreto mas presente, transmitia um ar de seriedade, que se alinhava perfeitamente com a sua personalidade.
Ele ergueu a peça, examinando-a com um olhar crítico. A gravata preta harmonizava-se com a camisa branca, e o corte do terno era impecável, ajustando-se perfeitamente à sua silhueta. Mas aquilo não o animava nem um pouco. Tadoki sempre viu a roupa formal como símbolo de obrigações e responsabilidades, algo que não tinha nada a ver com a liberdade ou a diversão que outros possíveis uniformes poderiam transmitir.
Comentou ele, com a voz grave, ainda sem conseguir esboçar um sorriso. A seriedade que o cercava quase parecia se manifestar físico, como uma sombra que o acompanhava.
Tsuki
Sim, mas representa o que vem pela frente.
Disse Tsuki, tentando encorajar o amigo.
Tsuki
Um novo desafio, uma nova fase na sua vida. Isso é importante.
Tadoki
Desafios… não são exatamente o que eu busco.
Respondeu Tadoki, sua sinceridade ecoando a atmosfera tensa do ambiente. Ele sabia que a escola traria momentos difíceis, mas a ideia de enfrentar isso sem um toque de leveza o deixava inquieto.
Eu sei. Mas lembre-se, você não precisa carregar isso sozinho. Temos uns aos outros.
Tsuki sorriu, tentando iluminar a expressão dele. Mas pela natureza de Tadoki, os sorrisos pareciam apenas contornos em um quadro que ele não se sentia à vontade para colorir.
Ele murmurou, segurando o terno como se ponderasse um peso.
Tadoki
Mas por enquanto, vou usar isso só como um lembrete do que devo fazer.
Tsuki
Um lembrete, sim, mas também uma oportunidade de se destacar. Às vezes, um uniforme pode ajudar a moldar como os outros veem você.
Tsuki se aproximou de Tadoki, decidindo que precisava dar uma mãozinha na arrumação do terno. Ela puxou a gravata que estava desalinhada e começou a ajustar a camisa, seus dedos ágeis rapidamente arrumando cada detalhe.
Tadoki sentiu o calor subir ao perceber a proximidade da amiga. Ele olhou para os olhos de Tsuki, que brilhavam com determinação e uma leveza que contrastava com a sua própria seriedade.
Tadoki
Você realmente não precisa fazer isso.
Disse Tadoki, tentando desviar o olhar, mas a intensidade do olhar de Tsuki o prendeu.
Tsuki
Claro que preciso! Você não pode sair assim.
Respondeu Tsuki, com um sorriso travesso. Ela brincou enquanto ajustava a gravata, fazendo pequenos puxões e arrumando-a até ficar perfeita.
Tsuki
Além disso, quem mais iria fazer isso?
Murmurou ele, mas a verdade era que aquele momento pequeno e íntimo significava muito para ele.
Tsuki
Não é apenas um terno, é o que você representa. E eu quero que você se sinta bem.
Tsuki disse, olhando nos olhos de Tadoki com uma sinceridade calorosa. A conexão deles era palpável, um entendimento mútuo de que, apesar das dificuldades à frente, eles sempre estariam lá um para o outro.
Quando Tsuki terminou, ela deu um passo atrás e admirou o trabalho.
Tsuki
Pronto! Agora você está irresistível!
Brincou, piscando um olho.
Tadoki, surpreendentemente, sorriu. Era um sorriso discreto, mas iluminou seu rosto e fez seus olhos brilharem.
Tsuki ficou encantada, um arrepio atravessando-a. Ela não conseguiu conter o elogio:
Tsuki
Seu sorriso é incrível...
Tadoki ficou momentaneamente sem palavras, o rosto levemente corado ao perceber o impacto que seu sorriso teve na amiga. Ele se sentiu vulnerável de uma forma nova, como se, naquele instante, todo o cuidado e a atenção que Tsuki lhe dava houvessem criado um laço mais forte entre eles.
Ele respondeu, um leve timbre de timidez em sua voz, enquanto tentava disfarçar a emoção, mas o calor em suas bochechas entregava o que ele realmente sentia.
Tsuki
Quem diria que você tinha um sorriso tão lindo escondido sob esse ar sério?
Tsuki brincou, ainda encantada. O clima ao redor deles parecia mais doce e leve, e, por um momento, os dois se perderam naquele olhar cúmplice.
Enquanto Tadoki e Tsuki estavam no contato visual, uma porta próxima se abriu subitamente, e um garoto entrou correndo, carregando pilhas de papéis. Ele acabou tropeçando em uma das cadeiras da sala de treinamento e, em um movimento desajeitado, derrubou tudo no chão.
Hideki
Aquele diretor safado me mandando carregar essa pilha...!
Hideki
Desculpe! Desculpe!
Ele exclamou, envergonhado, enquanto se abaixava para juntar os papéis. O barulho que fez interrompeu o momento íntimo entre Tadoki e Tsuki, trazendo um pouco de caos à calmaria que os cercava.
Tadoki e Tsuki se entreolharam e, antes que pudessem voltar à conversa, impulsivamente decidiram que era hora de deixar a sala.
Tadoki
Vamos sair um pouco. Um ar fresco fará bem.
Respondeu Tsuki, seguindo-o em direção à saída. Eles atravessaram a sala e saíram para o corredor.
Eles caminharam lado a lado, afastando-se da agitação do treinamento e do garoto que os interromperam.
Tadoki e Tsuki estavam sentados em um banco do parque, aproveitando a luz do dia e o ambiente tranquilo ao redor. Eles mantinham o olhar um no outro, um momento simples, mas com uma pitada de amor que pairava no ar, como se palavras não ditas estivessem flutuando entre eles.
Tsuki
É engraçado como pequenas distrações podem mudar o nosso dia.
Tsuki comentou, olhando para os pássaros que pousavam nas árvores próximas. A luz do sol filtrava-se através das folhas, criando um jogo de sombras e luz ao seu redor.
Tadoki apenas concordou, sentindo seu coração acelerar levemente enquanto contemplava Tsuki. Sua ideia de compartilhar o que sentia por ela estava se formando em sua mente, mas ele decidiu esperar o momento certo.
Mas antes que pudesse reunir coragem, um grupo aproximou-se rapidamente, quebrando a tranquilidade do momento. Sōma, Ayano e Suzoki entraram em cena, com Suzoki liderando a chamada.
Ele exclamou, quase pulando de animação enquanto cumprimentava Tadoki e Tsuki apenas para estragar o momento.
Ayano revirou os olhos, percebendo a interrupção.
Ayano
Suzoki! Não era a hora de fazer isso!
Ela deu uma bronca, olhando com reprovação para o amigo.
Sōma apenas soltou uma leve risada, apreciando a situação engraçada e a confusão gerada pela entrada abrupta de Suzoki.
Após a interrupção, Tsuki virou-se para Tadoki, com um sorriso divertido nos lábios.
Tsuki
Acho que não teremos muito tempo para nós agora.
Ela disse, soltando uma risada suave.
Tadoki confirmou com um leve aceno de cabeça, mantendo uma expressão mais séria e focada.
Ele respondeu, sem risadas, um pouco desapontado pela interrupção, mas sabendo que teria outras oportunidades.
Sōma, por sua vez, aproveitou o momento para entusiasmar a equipe.
Sōma
Beleza, time! É hora de aplicar o primeiro treinamento da equipe Y!
Ele declarou, energizado e pronto para agir.
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