02

*Maya

Lembranças do meu passado vem a tona, meu casamento com Carlos nunca foi um mar de rosas, na verdade nos casamos por insistência do pai dele que era muito amigo do meu pai, na época Carlos tinha uma namorada e quando o conheci fiquei completamente apaixonada por ele, mais o sentimento nunca foi recíproco. Em um belo dia soube que a empresa do pai de Carlos estava passando por dificuldades financeiras, minha família sempre foi bem de vida, e meu pai prestou dinheiro ao pai do Carlos para levantar a empresa, um ano depois Carlos e o pai dele apareceram na minha casa com uma proposta de casamento, na hora eu fiquei feliz óbvio, sempre o via tão lindo, maduro, um homem elegante, digno de um príncipe de contos de fada, mais tudo foi apenas na minha imaginação, o casamento aconteceu quando completei 22 anos estava no último ano da faculdade de administração de empresas, Carlos não parecia feliz e eu não entendia por que até a nossa lua de mel quando ficamos sozinhos pela primeira vez.

(lembrança on)

Chegamos no apartamento do Carlos, ele disse que é aqui que vamos morar nesse primeiro ano de casados, ele parece distante e irritado, vou até o quarto e com muita vergonha peço pra ele me ajudar a tirar meu vestido de noiva, sem maldade apenas por que não consigo alcançar o zíper sozinha.

Carlos- O que? Você acha mesmo que vou tocar em você garota? Esse casamento não passa de um nada pra mim, eu não casei com você por que quis, eu não vou encostar um dedo em você. Nós nunca seremos marido e mulher além daquele papel que assinamos hoje.

Ele sai batendo a porta me deixando sozinha na nossa noite de núpcias, e ali naquele quarto eu choro por não entender o por que aquilo estava acontecendo comigo, até que uma senhora gentil entrar no quarto e me ajudar a tirar o vestido e traz algo para que eu possa comer.

(Lembrança off)

Uma lágrima solitária rola pelo meu rosto e logo eu enxugo,escuto umas batidas na porta e mando entrar. Giuliana entra sorridente.

Giuliana - A reunião já terminou?

Maya- Ainda não resolvi sair daquela sala, já estava enlouquecendo.

Sento na minha cadeira e começo organizar os papéis.

Giuliana -Vim saber se quer almoçar.

Maya- Agora não Giuli, mais obrigada.

Giuliana - Eu estou indo com dona Maria se precisar de algo manda mensagem tá bom.

Apenas concordo com a cabeça e ela sai da sala me deixando sozinha, balanço a cabeça pra afastar os pensamentos e começo a trabalhar, vejo os papéis que a Giuli trouxe do novo projeto e logo abaixo as assinaturas de Carlos, depois de verificar que está tudo certo eu assino e coloco na pasta novamente. Olho no relógio são 13:25, Giuliana me mandou uma mensagem dizendo que a reunião já acabou, resolvo ir comer alguma coisa, assim que saiu da sala vejo que a porta da sala de Carlos está fechada aviso as meninas que estou indo almoçar e saiu, desço o elevador e vou a pé mesmo no restaurante que tem em frente a empresa, escolho uma mesa e logo faço meu pedido, mando uma mensagem pra Carlos perguntando se ele quer que eu leve algo mais ele apenas responde com um seco, não.

Depois de comer volto pra empresa e me enfio no trabalho, quando percebo a hora já passa das 18:00.

Giuliana - Maya eu já vou indo, se precisa de algo pode me mandar mensagem que eu organizo amanhã.

Ela esta parada na porta da minha sala.

Maya- Tudo bem Giuli, todos já foram embora?

Giuliana - Só vai ficar você e o senhor Carlos.

Apenas concordo com a cabeça e ela se despede e vai embora, 20 minutos depois recolho minhas coisas e saiu da minha sala, bato na porta do Carlos e ele responde que pode entrar.

Maya- Você vai pra casa agora?

Carlos- Não, estou ocupado.

Ele fala olhando para os papéis na sua mesa.

Maya- Te espero em casa pro jantar.

Carlos- Não precisa, vou demorar.

Meus olhos ficam marejados, não sei por que ainda alimento a sensação de que as coisas entre nós vai se resolver, fecho a porta e sigo pro elevador, enquanto ele desce deixo as lágrimas lavarem meu rosto por um momento, assim que abre as portas na garagem eu sigo pro carro e vou direto pra casa, minha cabeça da um giro em todos esses anos de relacionamento com o Carlos, em como tudo é difícil ao lado dele, foram poucos os momentos que ele demonstrou sentir algum sentimento por mim, e mesmo assim eu não consigo entender por que as coisas entre nós não funciona direito.

Chego em casa e subo direto para o quarto, dessa vez encho a banheira e coloco alguns sais, me permito descansar um pouco e até tiro um breve cochilo. Acordo quando a água está fria, me levanto me seco e visto uma roupa de dormir, desço e vejo que Helena deixou a janta pronta na geladeira, coloco pra esquentar e como em silêncio, o vazio da casa me deixa inquieta mais é assim que tem sido a maioria dos dias durante todos esses anos, nunca tive filhos, na verdade fiquei grávida uma vez mais acabei tendo um aborto espontâneo, e Carlos também nunca quis ser pai, ele nunca chegou a conversar comigo sobre isso, e quando soube que eu estava grávida não fez tanta questão da criança, e até ouvi no hospital ele dizendo graças a Deus quando o médico disse que eu tinha perdido nosso filho, aquilo me doeu muito, mais apesar da situação eu nunca cobrei nada. Depois de comer lavo a louça e subo pro quarto, assim que me deito coloco o celular para despertar e ligo a tv pra assistir um filme qualquer. As horas vão passando, estou no segundo filme e nada do Carlos chegar, aos poucos o sono vai chegando e eu acabo pegando no sono.

Acordo num sobressalto quando o alarme desperta, me sento na cama e desligo, vejo Carlos saindo do banheiro e passando direto para o closet sem me dar nem bom dia, me levanto e vou ao banheiro fazer minha higiene e tomar banho, assim que termino vejo que ele já desceu, troco de roupa e me arrumo, assim que desço pra cozinha vejo ele tomando café conversando com Helena que quando me ver da um sorriso.

Helena - Bom dia querida, fiz pão de queijo, tá quentinho senta pra tomar café.

Ela me dá um beijo na bochecha e eu retribuo com um sorriso fraco.

Maya- Bom dia Leninha, estou faminta.

Me sento e observo meu marido tomando café.

Maya- Bom dia.

Falo dando um sorriso gentil, ele apenas me olha e responde.

Carlos-Bom dia, vamos sair em 10 minutos.

Helena - Ora menino não seja tão cruel, a Maya quase não tem comido direito pela manhã por conta desses seus horários, vão tomar café e quando estiverem satisfeitos vocês vão,afinal saco vazio não para em pé.

Carlos não diz nada apenas da de ombros e continua comendo enquanto me sirvo, assim que terminamos seguimos pro carro e vamos para empresa em silêncio.

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