Uma Nova Aliança

O dia seguinte amanheceu com um céu claro e o sol brilhando intensamente. Akira Tsubaki se preparou para a escola com a mesma eficiência de sempre, mas, desta vez, sentiu uma leve curiosidade sobre o que o dia reservava. A interação com Haruka e a conversa com o diretor Yuji tinham deixado uma marca em sua rotina normalmente previsível.

Ao chegar na escola, Akira notou que a atmosfera estava um pouco diferente. Os alunos ainda murmuravam sobre ele, mas havia um certo respeito silencioso em seus olhares. Caminhando até sua sala de aula, ele percebeu que Haruka já estava lá, sentada em seu lugar habitual. Quando o viu, ela sorriu e acenou, convidando-o a se juntar a ela.

— Bom dia, Tsubaki. Dormiu bem? — perguntou Haruka com um tom amigável.

— Bom dia, Nakamura. Sim, dormi bem, — respondeu Akira, sentando-se ao lado dela. Ele pegou seus materiais e começou a revisar suas anotações, mantendo seu foco no que era importante.

Antes que a aula começasse, Haruka inclinou-se ligeiramente em sua direção e sussurrou: — Você sabe, tenho pensado. Acho que seria bom para nós dois se trabalhássemos juntos em algumas coisas. Podemos nos ajudar a crescer, cada um à sua maneira.

Akira levantou os olhos para encontrá-la, seus olhos verdes frios analisando-a cuidadosamente. — O que você tem em mente, Nakamura?

Haruka sorriu, satisfeita com a abertura de Akira. — Que tal começarmos com algo simples? Estudar juntos, talvez. Eu posso te ajudar com matérias nas quais tenho mais facilidade, e você pode me ajudar nas que você domina. E, quem sabe, podemos até descobrir outras coisas no caminho.

Akira considerou a proposta por um momento. Ele normalmente preferia estudar sozinho, mas havia algo na determinação de Haruka que o intrigava. — Podemos tentar, — disse ele finalmente, sua voz calma.

Haruka sorriu ainda mais. — Ótimo! Vamos começar hoje depois da aula, então.

A professora Suzuki entrou na sala, interrompendo a conversa. Ela lançou um olhar breve e neutro para Akira antes de começar a aula. Akira notou que, apesar de ainda estar desconfortável com a professora, a tensão era menos intensa do que antes.

O dia passou rapidamente, e logo a aula chegou ao fim. Akira e Haruka se dirigiram à biblioteca, um lugar tranquilo e ideal para estudar. Escolheram uma mesa nos fundos, longe das distrações.

Haruka tirou seus livros e cadernos, e Akira fez o mesmo. — Por onde começamos? — perguntou ela, com um brilho de entusiasmo nos olhos.

Akira pegou um livro de matemática e o abriu. — Vamos começar por aqui. Se precisar de ajuda, é só perguntar.

Os dois começaram a estudar em silêncio, trocando ocasionalmente perguntas e esclarecendo dúvidas. Akira ficou surpreso com a rapidez com que Haruka absorvia as informações, enquanto Haruka admirava a clareza com que Akira explicava os conceitos.

Depois de algumas horas, Haruka se espreguiçou e sorriu para Akira. — Isso foi produtivo. Obrigada, Tsubaki. Acho que estou começando a entender melhor agora.

Akira assentiu. — Você aprende rápido, Nakamura. Foi bom trabalhar com você.

Haruka olhou para ele, seu sorriso suave. — Sabe, Tsubaki, você não é tão frio e distante quanto parece. Acho que você só precisa de alguém para te puxar um pouco mais para fora da sua concha.

Akira não respondeu imediatamente. Ele sabia que Haruka estava certa, mas não estava pronto para admitir isso abertamente. — Talvez, — disse ele finalmente, sua voz calma e controlada.

Haruka riu levemente. — Um passo de cada vez, então. Vamos continuar assim, e quem sabe até onde chegaremos.

Enquanto os dois arrumavam seus materiais, Akira percebeu que, pela primeira vez em muito tempo, ele não se sentia completamente sozinho. Haruka estava começando a quebrar as barreiras que ele havia construído, e, embora isso fosse um pouco desconfortável, ele não podia negar que também era um pouco revigorante.

E assim, com uma nova aliança formada, Akira Tsubaki e Haruka Nakamura continuaram sua jornada, cada um ajudando o outro a crescer e enfrentar os desafios que surgiriam no caminho.

Os dias seguintes seguiram uma rotina semelhante, com Akira e Haruka estudando juntos na biblioteca após as aulas. Embora a interação deles se limitasse principalmente a assuntos acadêmicos, Haruka insistia em tentar quebrar a barreira que Akira mantinha ao seu redor.

Certo dia, durante uma sessão de estudos, Haruka se inclinou para mais perto de Akira, observando-o com um olhar curioso.

— Tsubaki, você já pensou em se juntar a algum clube da escola? — perguntou ela, tentando iniciar uma nova conversa.

Akira não levantou os olhos de seu livro. — Não estou interessado, Nakamura. Prefiro focar nos meus estudos.

Haruka suspirou, mas não desistiu. — Há mais na vida escolar do que apenas estudos, sabe? Participar de um clube pode ser uma experiência enriquecedora. Você poderia tentar algo que realmente goste.

Akira finalmente ergueu os olhos, seu olhar frio fixo em Haruka. — O que você está tentando, Nakamura? Por que está tão interessada em me tirar da minha rotina?

Haruka encontrou seu olhar, determinada. — Porque acho que você está se isolando demais. Eu entendo que os estudos são importantes, mas você também precisa de um equilíbrio. E talvez, apenas talvez, você possa encontrar algo que realmente te faça feliz.

Akira ficou em silêncio por um momento, ponderando sobre as palavras dela. Ele não estava acostumado a ter alguém tão persistentemente interessado em seu bem-estar. — Eu vou pensar nisso, — disse ele finalmente, voltando sua atenção para o livro.

Haruka sorriu, satisfeita com a pequena vitória. — Isso já é um começo. Vamos ver onde isso nos leva.

Os dias continuaram, com Haruka lentamente, mas certamente, se infiltrando na vida de Akira. Ela sugeria pequenas mudanças, como caminhadas pelo campus durante os intervalos e até mesmo a participação em eventos escolares. Embora Akira ainda mantivesse sua frieza e distância, ele começava a apreciar, de forma relutante, os esforços de Haruka.

Certo dia, enquanto caminhavam juntos pelo campus, Haruka apontou para um grupo de alunos que praticavam arco e flecha no campo de esportes.

— Você já tentou arco e flecha, Tsubaki? — perguntou ela, os olhos brilhando com entusiasmo.

Akira observou o grupo por um momento antes de responder. — Não, nunca tentei. Não vejo muito sentido nisso.

Haruka sorriu. — Pode ser uma boa maneira de relaxar e melhorar sua concentração. E quem sabe, você pode até gostar. Vamos tentar?

Akira hesitou, mas acabou concordando com um aceno de cabeça. — Vamos lá, Nakamura. Apenas uma vez.

Os dois se dirigiram ao campo de esportes, onde foram recebidos pelo instrutor de arco e flecha. Haruka explicou a situação, e o instrutor, sorridente, forneceu um arco e algumas flechas para Akira.

Akira pegou o arco com uma expressão séria, observando atentamente enquanto o instrutor explicava a postura e a técnica. Com um movimento firme e controlado, ele puxou a corda do arco e mirou no alvo. Soltou a flecha, que voou e atingiu o alvo com precisão impressionante.

Haruka aplaudiu animadamente. — Você tem talento, Tsubaki! Isso foi incrível!

Akira deu de ombros, mas não pôde evitar um leve sorriso. — Foi interessante, Nakamura. Talvez eu possa considerar fazer isso de vez em quando.

Haruka sorriu, satisfeita com o progresso. — Um passo de cada vez, Tsubaki. Vamos descobrir juntos o que mais você pode gostar.

E assim, com pequenos passos e novas experiências, a frieza de Akira começava a se derreter, revelando um lado dele que nem ele mesmo sabia que existia. Haruka estava determinada a ajudá-lo a encontrar esse equilíbrio, e Akira, relutantemente, começava a aceitar essa ajuda.

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