Capítulo 02 — Que decepção

...🥂 Giulia Romano 🥂...

...Eu soube da pior maneira que o meu pai estava devendo uma grande quantia em dinheiro a um tal de Giuseppe. Ele me confessou que havia pegado uma quantidade de drogas para vender. No entanto, seu vício era tão grande que não as vendeu, mas consumiu todas. Para não morrer, ele teve que me oferecer como moeda de troca. Isso explica o dia em que ele ficou internado no hospital por cinco meses, e não queria me dizer porquê e o que houve....

...Senti um nó se formar em minha garganta ao ouvir a confissão de meu pai. As palavras ecoaram em minha mente como um golpe brutal, fazendo-me questionar tudo o que achava que sabia sobre ele. Lutei para conter a onda de choque e desespero que ameaçava consumir-me....

...— Como você pôde fazer isso comigo, com sua própria filha? — minha voz saiu num sussurro carregado de dor e incredulidade....

...— Desculpe-me. — Meu pai abaixou a cabeça, incapaz de encontrar as palavras adequadas para responder....

...O peso da vergonha e do remorso pesava em seus ombros, enquanto encarava o chão, impotente diante das consequências devastadoras de suas escolhas....

...Uma mistura tumultuada de emoções tomou conta de mim: raiva, tristeza, traição. Mas, acima de tudo, uma determinação feroz se acendeu dentro de mim. Recusava-me a ser apenas uma peça em um jogo sujo de poder e ganância....

...Com um olhar determinado, enfrentei meu pai e disse com firmeza:...

...— Eu não vou permitir que você me dê como se fosse uma mercadoria. Eu vou lutar. E eu vou sair dessa, custe o que custar. — o desafiei....

...Esperei até que ele dormisse, arrumei minhas malas e as joguei pela janela. Eu trabalho em uma papelaria, mas meu verdadeiro sonho era ser modelo, daquelas que estampam capas de revistas. Sonhava em viajar pelo mundo, aproveitar a vida ao máximo. Mas tudo isso parecia tão distante agora, depois do que meu próprio pai fez. Ele destruiu meus sonhos com suas escolhas egoístas e irresponsáveis....

...Depois de pegar meu cartão com um pouco de dinheiro guardado, saí pela janela e peguei a estrada até parar na pensão de Dona Rosa. Ao falar com ela, consegui alugar um quarto barato, onde poderia ficar pelo tempo que precisasse. Agradeci profundamente a Dona Rosa pela hospitalidade e segui para o meu novo lar. Após um banho revigorante, adormeci, acordando no dia seguinte para começar uma nova jornada. Realizei minha higiene matinal, tomei um café na própria pensão e segui para o trabalho na papelaria....

...O dia tinha sido exaustivo na papelaria. Com meus pés doloridos devido ao salto alto, eu estava ansiosa para fechar o caixa e ir para casa. As outras meninas estavam fazendo o mesmo, arrumando suas coisas antes de partir....

...Foi então que um carro preto parou bruscamente em frente à loja, e homens de preto, com a cabeça encapuzada, saíram do veículo empunhando fuzis. Meu coração disparou de medo e instinto de sobrevivência, e me escondi atrás do balcão, presumindo que fosse um assalto....

...— Giulia Romano.— Perguntou um deles....

...— Ela não está. — disse minha amiga Monique, tentando manter a calma....

...Um dos homens, visivelmente alterado, respondeu com agressividade:...

...— Você está mentindo para mim, sua grande filha da puttana? — disse ele fazendo ela gritar de desespero....

...Fiquei com tanta pena dela; a coitada já sofria de ansiedade. Quando estava prestes a me revelar para eles, o homem disse:...

...— Giulia Romano, sei que está escondida em algum lugar. Se não sair agora mesmo, vou matar essas pessoas que estão aqui, e você não dormirá esta noite com a consciência pesada por ter matado pessoas inocentes. Então, seja uma boa menina e venha conosco. — disse ele. — Agora — completou atirando em algo, o que fez Monique dar um berro....

...A tensão no ar era evidente enquanto eu me debatia internamente com o que fazer. O medo me paralisava, mas o instinto de proteger Monique e as outras pessoas na loja falava mais alto....

...Com o coração batendo descontroladamente, dei um passo hesitante para fora do meu esconderijo atrás do balcão. Minhas pernas tremiam, mas forcei-me a manter a calma enquanto encarava os homens de preto à minha frente....

...— Eu estou aqui. — murmurei com a voz trêmula, tentando conter o desespero que ameaçava transbordar. — Por favor, não machuquem ninguém....

...O canalha apertou meu queixo, encarando-me com intensidade....

...— Quem você pensa que é, para nos dizer pra não machucar ninguém, gracinha? — disse ele, soltando meu rosto abruptamente. — Você não tem voz aqui. Agora, ande logo. — ordenou....

...Ele me puxou para frente, eu olhei para Monique, que chorava copiosamente, enquanto tentava pegar o telefone com as mãos trêmulas. Fiz um gesto com a cabeça, implorando para que ela não o fizesse. Mas antes que eu pudesse fazer qualquer coisa, ouvi o disparo. Aquele miserável matou Monique diante dos meus olhos....

...— Nãooooo....— gritei, correndo até o corpo dela. Mas o homem me segurou com força pelo meio do corpo com apenas um braço. Eu não me importava se morresse; comecei a esbofeteá-lo, mas levei um tapa em resposta, fazendo-me cair no chão....

...— Vamos, levante-se e ande logo, minha paciência está em zero hoje. Andando... — gritou, me fazendo dar um pulo e me levantar do chão rapidamente....

...Olhei para os lados, pensando em correr, mas não havia como. Havia muitos deles espalhados pela rua....

...Eles me jogaram dentro do carro sem nenhum tipo de delicadeza. Um deles amarrou minhas mãos, colocou uma venda em meus olhos e escutei apenas o carro sendo ligado e saindo dali....

...— O que vão fazer comigo? — indaguei com voz trêmula....

...— Você verá, gracinha. Se dependesse de mim, aproveitaria você agora mesmo no banco desse carro. E não só eu, meus amigos também estão ansiosos por isso. Mas não podemos pensar somente com a cabeça de baixo, o nosso chefe é quem dá as ordens. Mas vai ser divertido. Vai ver, vai gostar bastante. — disse ele sorrindo juntamente com os outros....

...Horas se passaram enquanto eles conversavam ao telefone. O carro finalmente parou, a porta foi aberta e o indivíduo que ouvi ser chamado de Marcos removeu a venda dos meus olhos e me conduziu para dentro de uma casa muito elegante, localizada fora da cidade....

...O indivíduo desamarrou minhas mãos e me empurrou para dentro de um quarto cheio de brinquedos eróticos. Olhei ao redor e senti a angústia me dominar, percebendo que eles planejavam fazer algo ruim comigo....

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