Vilarejo
Ina já estava bem cansada, ela andou já por quase dois quilômetros enquanto carregava o garoto desacordado nos ombros e na outra mão segurava o seu machado que era a única coisa que poderia a defender.
O sol também já tinha desaparecido completamente e a escuridão tomou conta daquela floresta.
Ina disse respirando fundo, na distância ela viu as luzes da vila.
Lentamente ela aumentou a velocidade dos passos. Dentro da vila seria um pouco mais seguro para ela e para o garoto que tinha perdido bastante sangue já.
A garota até pensou ser um tipo de milagre que o sangue dele não atraiu nenhum monstro por conta do cheiro, mas ele estava sujo de lama, talvez aquilo tinha mascarado um pouco o cheiro.
Ina gritou já nos portões de madeira do vilarejo, rapidamente alguém correu até ela.
Era um homem alto e forte, mas já um tanto velho.
Em seu olhar estava claro a preocupação, mas também um tanto de raiva
A voz imponente dele não intimidou a garota, ela estava acostumada a ouvir ele ser assim.
Ina
Eu estava peocurando novas trilhas, pai...
Ina
Encontrei esse garoto prestes a ser devorado por Esly... Eu tinha que fazer algo.
Erbane
Sim, você devia ter deixado ele ser devorado
Erbane
Você não pode se arriscar pelos outros fora da vila.
Erbane
Já temos de mais com o que nos preocupar!
Ina
Eu sei, mas tudo já aconteceu
Ina
Ele está ferido, perdeu muito sangue...
Erbane
Deixe o na floresta então
Ina
Para alimentar os monstros? Deixar nossos inimigos mais fortes!?
Erbane coçou a cabeça pensando, e então olhou com mais cuidado para o garoto.
Erbane
Desconhecidos são perigosos.
Ina
Eu sei, mas esse é só um idiota mesmo
Ina
Ele se machucou caindo em uma caverna
Erbane
E você é uma idiota maior se adentrou uma para o resgatar!
Ina suspirou e então acenou com a cabeça.
Erbane
Você o salvou, agora ele é responsabilidade sua.
Ina
Sim, e se ele causar problemas ou se tornar uma perda de recursos eu mesma arranco a cabeça dele e o entrego para Esly.
Erbane
Leve ele até a curandeira.
Ainda com Evan nos seus braços a garota passou pelo portão seu pai vindo logo atrás dela e fechando a grande porta de madeira e usando um tronco para a trancar pelo lado de dentro.
A vila não era grande, tinha no mínimo uma dúzia de casas de madeira e algumas cabanas.
Era noite então a maioria dos moradores estavam em suas casas, mas os que não estavam cumprimentaram Ina dizendo que estavam felizes que ela havia retornado em segurança aparenas para parecerem um tanto assustada ao ver o garoto que ela carregava.
Ela passou pela porta da casa da curandeira que ficava escondida no final da vila, entre algumas árvores e plantas estranhas.
Zur
Pode entrar Ina, você está ferida?
Zur
Eu sempre te digo para tomar cuidado...
Ina passou pela porta após a abrir e então deixou seu machado ao lado dela, em seguida indo com Evan até a cama que ficava no meio da sala e o deixando deitado nela.
Ina
Eu agradeço a preocupação, mas esse garoto quem precisa de ajuda.
Zur
Oh. E quem seria esse garoto?
Erbane
Ela o encontrou e não seguiu as minhas ordens.
Zur
Ainda bem que não seguiu!
A mulher que parecia estar no meio dos seus 50 anos se aproximou de Evan que estava ainda totalmente desacordado e começou a analisar ele, e então desfez o curativo improvisado.
Ela rapidamente usou um tipo de líquido especial na perna dele que fez com que o ferimento ficasse limpo, em seguida ela aplicou um tipo de pomada feita com folhas e costurou o ferimento com linhas, finalizando com bandagens limpas.
Zur
Não vai poder se esforçar por alguns dias, no entanto.
Erbane
Ou seja, vai gastar recursos e não dará nada em troca.
Zur
Podemos aprender a situação de fora da floresta com ele.
Zur
Pensem... Já se passaram anos desde o nosso contato com alguém de fora.
Zur
Talvez tenha algo que...
A voz grossa de Erbane saiu como um trovão... Mas o silêncio após foi mais ensurdecedor ainda.
Erbane
Você e eu sabemos muito bem que não existe uma forma de deixar essa floresta, Zur.
Erbane
Essa é nossa realidade.
Erbane
Nós temos que tentar o nosso melhor para a proxima geração sobreviver aqui.
Erbane
Todos que buscaram uma forma de fuga nunca conseguiram nada... Essa é nossa maldição, devemos a aceitar.
Zur
Aceitar uma maldição... Essa é boa.
Zur
Ina, entenda. Você cresceu neste mundo, mas tem algo muito maior fora dessa floresta, você não tem que se contentar com o que tem aqui.
Ina
Eu não me importo, minha unica preocupação é com os que estão aqui nessa vila. E esse garoto é parte dela agora.
Erbane
Cuidado, você ainda não toma as decisões Ina.
Ina
Eu já disse antes eu tomo total responsabilidade e eliminarei ele se necessário.
Evan se moveu um pouco e gemeu de dor, ele ainda parecia estar desacordado.
Zur
Saiam daqui, o coitado precisa de descanso.
Ina deixou a cabana de Zur logo em seguida seu pai a seguiu...
Zur
Você realmente veio parar no pior lugar possível garoto...
Zur disse aquilo mais para si mesma do que para ele.
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