Capítulo 4

A dor de cabeça o consumia gradualmente; seus olhos se entreabriram ao receber o golpe direto dos raios do sol. Ao observar ao redor, percebeu que não estava em seu próprio apartamento, mas no de Cedric, seu melhor amigo.

Explorou sua cabeça em busca de alguma ferida, mas se encontrou ileso, salvo pela consciência de ter bebido sem moderação. Adrien se sentou na cama e notou que sua roupa havia sido substituída por um roupão branco. Embora suas lembranças fossem difusas, uma sensação de inquietude o invadia, como se tivesse cometido algum delito sob o efeito do álcool.

Tentou aprofundar em suas lembranças, tentando reconstruir os eventos da noite anterior. Fragmentos de imagens e sons se entrelaçavam em sua mente, mas nada claro emergia. O mistério da situação o inquietava, mas a ressaca e a confusão mental dificultavam sua tarefa.

O ruído repentino da porta interrompeu seus pensamentos. Ao virar a cabeça, se deparou com Cedric, elegantemente vestido com uma camisa branca, calças azul escuro, um blazer da mesma cor e sapatos de couro marrom.

—Bom dia. Preparei o café da manhã, caso queira comer algo. — Cedric entrou no quarto e colocou o telefone de Adrien no criado-mudo —. Estava descarregado, então o coloquei para carregar e já está pronto para usar.

—Muito obrigado. Não sei o que faria sem você. — Adrien esboçou um leve sorriso, consciente de que suas palavras apenas refletiam amizade.

—Bem, vou para o trabalho. Nos vemos para almoçar juntos.

Adrien assentiu —. A propósito, não disse nem fiz algo estranho ontem?

—Além de aceitar estar apaixonado por um imbecil, não, nada mais. — Assegurou Cedric.

Adrien assentiu e lhe desejou um "que te vá bem" antes de vê-lo sair. Apesar da afirmação de Cedric, seu interior seguia um tanto confuso. Seus pensamentos retornaram à noite anterior, e embora tentasse deixá-los para trás, uma inquietude persistente o incitava a indagar mais no que aconteceu. Havia algo mais que Cedric não estava lhe contando? A incerteza o impulsionou a examinar com atenção cada detalhe das poucas lembranças que ainda guardava, no entanto, não houve nada que lhe desse uma resposta correta.

No final, Adrien parou de tentar lembrar de algo, afinal, Cedric era seu melhor amigo, não havia motivo para que quisesse lhe ocultar algo.

Afastando essa nuvem de pensamentos de sua mente, Adrien saiu da cama e procurou algum comprimido para a dor de cabeça. Depois de tomá-lo, voltou a dormir confortavelmente.

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Na Itália.

Carlo se encontrava em seu escritório, cercado das últimas notas sobre funcionários corruptos. Embora estivesse concentrado em seu trabalho, sua mente se desviava repetidamente para essa pessoa irritante: Adrien Gautier. Adrien havia ido embora sem se despedir, e desde então, sua atitude se tornou distante, passando a maioria dos dias com outra pessoa. Incapaz de suportar mais o comportamento adolescente, Carlo o bloqueou diretamente. No entanto, agora, com a carga de trabalho sobre ele, decidiu desbloqueá-lo e fazer uma chamada.

O telefone tocou por vários segundos, algo incomum, já que Adrien costumava responder imediatamente. Carlo não deu muita importância e continuou esperando até que a chamada se conectasse.

—Adrien, olá — saudou depois de limpar a garganta, inexplicavelmente nervoso, talvez devido à expectativa de uma resposta explosiva.

[—Olá, Adrien não pode responder neste momento.]

A voz desconhecida de um homem o fez franzir a testa e, sem perceber, apertou a caneta que segurava com sua mão livre.

—Onde ele está? — questionou com tom autoritário. Do outro lado, pôde-se ouvir a torneira abrir e fechar uns três segundos depois.

[—Dormindo, é tarde em Miami, sabe, além disso está cansado, hoje foi muito intenso.]

As últimas palavras foram demasiado sugestivas, o que irritou Carlo ainda mais.

—Me ponha em contato com ele, é urgente.

Embora seu tom de voz fosse moderado, segundo ele, do outro lado do telefone podia-se perceber o quão autoritário e irritado ele estava naquele momento. Cedric franziu as sobrancelhas diante de tamanho idiota que mal conhecia.

[—Está dormindo, mas se não me acredita, deixe-me mandar uma prova, não desligue.]

Embora Carlo quisesse desligar, ainda estava ansioso para ver essa suposta prova. Descolou o celular de seu ouvido e olhou a tela atentamente. Minutos depois, uma mensagem apareceu na barra de notificações.

Sem hesitar, Carlo abriu a mensagem e se deparou com a fotografia de Adrien. Este usava apenas um roupão, aberto no peito, revelando sua pele suave e seus mamilos. Dormia placidamente enquanto abraçava um travesseiro. Seus lábios rosados estavam ligeiramente entreabertos, e seus longos cílios escuros projetavam sombra sobre seus olhos. O cabelo negro estava desordenado, cobrindo parte de sua testa.

No entanto, a surpresa não terminava aí. Na mesma imagem, a pessoa que havia lhe respondido também estava presente. Com cabelo castanho claro, olhos amendoados e cílios encaracolados, exibia um sorriso, também vestida com um roupão branco.

O cenho de Carlo se fechou por completo e uma expressão sombria se desenhou em seu rosto. A voz da pessoa do outro lado que repetia a palavra "olá" parecia distante. Sem pensar duas vezes, Carlo desligou, mas a confusão e a intriga não deixavam de atormentá-lo.

A fotografia levantava mais perguntas do que respostas, e a presença dessa pessoa desconhecida acrescentava um elemento de mistério. A mente de Carlo se encheu de especulações enquanto tentava compreender a situação. O que estava acontecendo com Adrien? Quem era essa outra pessoa na imagem e por que estavam juntos na intimidade? A necessidade de respostas impulsionava Carlo a considerar novas ações, desencadeando um turbilhão de pensamentos e emoções em seu interior.

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Miami.

Adrien se levantou tarde e, após tomar um banho e trocar de roupa, saiu do quarto. Embora o sol estivesse prestes a se pôr, Cedric ainda não havia retornado. Dirigindo-se à cozinha, cortou fruta e a dispôs em dois pratos: um para ele e outro que colocou na geladeira, junto com um bilhete e um sorriso. Depois de comer e deixar o prato na lava-louças, abandonou o apartamento.

Pegou um táxi e se dirigiu diretamente a seu próprio apartamento. Ao chegar, o secretário estava na sala, aparentemente cuidando dos assuntos do dia. Adrien, com a garganta seca e uma residual dor de cabeça, o observou de soslaio antes de se dirigir à cozinha.

O secretário se aproximou com passos lentos, consciente do caráter explosivo de Adrien. Após um momento de nervosismo evidente, tentou lhe comunicar algo importante. A expressão de Adrien se tornou fria e lhe ordenou falar.

—Senhor — murmurou o secretário com torpeza, sentindo o olhar gélido de Adrien. Tinha medo da reação que teria.

—É Carlo, certo? — perguntou Adrien, mais como uma afirmação. A tensão no quarto era palpável. O secretário, nervoso, devia informar rapidamente e retirar-se.

—Sim, senhor — respondeu, sentindo o peso do olhar de Adrien —. É só que, bem, o senhor Carlo...

Adrien o interrompeu com frieza —. Vá direto ao ponto.

O secretário se armou de coragem, deu meia volta e entregou umas fotografias que havia impresso e colocado em um envelope amarelo. Evitando o tablet eletrônico para evitar incidentes passados, se apressou para sair do apartamento.

Adrien deixou o copo meio cheio na bancada e abriu o envelope. Antes de tirar as fotografias, respirou fundo algumas vezes. Seu rosto continuava sendo frio, mas seus olhos refletiam uma profunda tristeza. As lágrimas escorreram por seu rosto ao ver as imagens de Carlo com outra mulher.

Acariciou a fotografia sobre o rosto de Carlo com um sorriso irônico. Se sentia estúpido e ingênuo. Uma gargalhada dolorosa escapou de seus lábios enquanto guardava as fotografias.

—Você é um idiota, Adrien — murmurou com a voz embargada.

Do outro lado da porta, o secretário suspirou aliviado ao não ouvir vidros quebrados. No entanto, a ausência de ira em Adrien o desconcertou. Diante da revelação das imagens de Carlo Mancini beijando essa enfermeira, esperava uma reação explosiva. A preocupação persistia em sua mente, sem poder abandonar completamente seu corpo.

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