Capítulo 1

Petúnia

Meu nome é Petúnia Dlaurent, tenho vinte e dois anos e vivi até os dezoito anos com os meus pais e minhas irmãs. A minha vida não foi fácil vivendo com eles, meus pais não gostavam de mim, sempre me diziam que eu não me comportava como uma mulher deveria se comportar porque eu sempre tive uma personalidade forte desde pequena, se eu achasse que alguma não estava certo eu falaria e não abaixaria a cabeça e os meus pais odiavam isso porque na cabeça deles eu tinha que aceitar as coisas calada gostando ou não e eu nasci para ser assim, não nasci para ser igual a minha que não tem voz na relação dela com o meu pai, a palavra dele é lei, mas isso comigo nunca funcionou e por isso sempre apanhei horrores, mas mesmo assim não abaixei a cabeça.

Minha paixão por perfumes surgiu quando eu era criança e o meu avô era vivo, ele me levava num sítio que tinha plantações de várias espécies de flores lindas, que a minha avó adorava, e lá ele tinha um laboratório onde ele criava perfumes e eu fiquei encantada. Minha avó era tão apaixonada por flores que pediu aos seus filhos que se eles tivessem filhas mulheres que colocassem o nome de uma flor e assim seus filhos fizeram.

Quando os meus avós morreram eles deixaram aquele sítio pra mim, o que não agradou nem os meus pais e muito menos meus tios, tem um tempo que não vou lá, mas a última vez que fui o lugar já não tinha a beleza de antes já que eu não tinha o dinheiro para manter e os meus pais não estavam nem aí, mas assim que eu puder eu vou reformar aquele lugar e deixar com vida novamente da mesma forma que eu lembrava.

Fiz a minha faculdade de química para seguir minha carreira como perfumista e eu me destaquei tanto que num evento que teve na faculdade, onde os alunos criavam seus perfumes para exposição, eu chamei a atenção de alguns empresários do ramo que me queriam para trabalhar para eles e eu escolhi o que era o melhor na época. Trabalhei e me dediquei bastante para aprender o máximo, já que o meu foco nunca foi trabalhar para ninguém e sim para mim mesma na empresa onde eu e minhas primas combinamos de construir juntas. Minhas primas surgiram no melhor momento possível na minha vida porque eu nunca tive amigas de verdade, na escola todas as meninas que se aproximavam de mim era na intenção de chegar na Azaléia e eu detestava isso e deixava claro que não me dava bem com ela, muitas falavam que eu tinha inveja dela, o que não era verdade.

Eu não me dava muito bem com nenhuma das minhas duas irmãs mais velhas, as duas viviam implicando comigo, mas a Azaléia era pior, sempre falava coisas pesadas que na maioria das vezes me abalava, mas eu não demonstrava, a única vez que chorei na frente dela foi quando eu vi ela e o Elijah se beijando, nas outras vezes sempre respondi a altura, o que deixava ela muito nervosa, mas eu via que ela sentia prazer em me humilhar, já a Íris implicava comigo, mas diferente da Azaléia ela não usava palavras tão pesadas, às vezes eu tinha a sensação de que ela não queria ficar implicando comigo e fiquei pensando nisso principalmente depois do dia que eu fui violentada, já que ela cuidou de mim e quando ela disse para eu não dizer que ela cuidou de mim eu fiquei confusa no momento, mas aceitei, hoje pensando na forma que ela me pediu parecia que ela tinha medo de algo e acredito que tem coisas sobre ela que eu ainda não sei é como se ela tivesse duas personalidades, a que realmente é dela e a que ela tenta mostrar ser como se estivesse sendo obrigada a ser o que ela não é e eu me pergunto o motivo dela querer ser alguém que ela não é, não sei se um dia eu vou ter essa resposta, mas espero que um dia ela seja aquilo que ela realmente é, não acho que seja saudável você tentar viver com uma personalidade que não é sua, talvez os meus pais sejam severos com ela e eu nunca soube, é a única explicação que eu pensei, mas sinto que tem mais coisas nessa história que eu não faço ideia do que seja, uma intuição forte me diz isso, mas quem sabe no futuro eu descubra, depois que ela cuidou de mim vi que diferente da Azaléia, ela não me odeia e percebi que eu realmente não a conheço como pensei que conhecia.

Os meus pais nunca foram bons pra mim, sempre me trataram com muita frieza e desprezo, a única que foi tratada com mais carinho foi a Azaléia, a Íris também não era tratada tão bem como a nossa irmã mais velha, mas eu era tratada de forma pior. Por bastante tempo eu fiquei pensando que o problema era comigo e que realmente eu deveria mudar a minha personalidade, mas conforme eu fui crescendo eu entendi que não era amada e eu não tinha culpa pelos meus pais me tratarem com desprezo, e sim eles que não eram boas pessoas, depois que conheci minhas primas percebi que eu não fui a única a passar por isso, elas sofreram tanto quanto eu e entendi que os nossos pais eram todos ruins e a gente era maltratadas porque não puxamos a maldade deles, eu só não consigo entender até hoje de onde eles puxaram essa maldade toda se meus avós eram boas pessoas, fico pensando se existe a possibilidade de meus avós não terem sido tão bons assim como eu via, a minha família nunca foi unida o que é um fato já que só me tornei próxima das minhas primas na adolescência, a única coisa que eu sei é que algo de muito errado com essa família.

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