Enquanto caminha, Lucatiel começa a sentir algo que o incomoda
Lucatiel: eu tô com uma dúvida
Medusa: e o que é?
Lucatiel: tá me seguindo por quê, mulher cobra?
Medusa: bem... Eu... Tá, eu tô meio carente...
Lucatiel: se tá carente porra, compra um hamster!
Medusa: faz trezentos anos que não tenho uma conversa longa com alguém, por favor, deixa eu ficar perto de você!
Lucatiel: vou te fazer algo melhor, posso sumir com essas tuas cobras e vai poder viver uma vida normal, o que acha?
Medusa: não!
Lucatiel: o quê? Porquê?
Medusa: elas são minhas amigas, jamais que eu me livraria delas
Lucatiel: então te fode
Medusa: olha, se você disse que pode sumir com elas, então deve poder fazer algo parecido, né?
Lucatiel: tipo?
Medusa: reduza minha maldição ou sei lá, faça com que eu não transforme os outros em pedra quando olhar nos olhos deles
Lucatiel: reduzir o efeito da sua maldição? Tá... Acho que dá pra fazer isso
A Medusa fica animada
Medusa: pode mesmo?!
Lucatiel: fechem os olhos
A Medusa obedece
Lucatiel: eu disse para todas fecharem os olhos
As cobras o obedecem
Lucatiel: tá... O que posso fazer sobre isso... Vamos lá, Lucatiel, faça que nem seu mano Jesus
Lucatiel pega um pouco de terra do chão e joga tudo no rosto da Medusa e das cobras, que começa a cuspir a terra
Medusa: pra quê essa agressividade?
Lucatiel: acho que era melhor ter usado lama, mas deve ter servido
A Medusa limpa o rosto
Medusa: seu desgraçado...
Lucatiel: ei! Eu te curei, sua cobra ingrata
Medusa: e como posso saber que realmente não vou transformar ninguém em pedra? Não vou arriscar ir pro meio da cidade
Lucatiel: tá, perai...
Ele olha aos arredores e vê um pequeno pássaro
Lucatiel: deve servir
Quando Lucatiel estende sua mão, o pássaro surge nela
Lucatiel: seu poder também funciona em animais?
Medusa: uma vez transformei um veado em pedra
Lucatiel: então tá, tenta transformar esse filhote de paraguaio aqui
Medusa: tem certeza?
Lucatiel: vai logo, não tenho o dia todo. Na verdade, tenho sim o dia todo
Medusa: se você diz...
Ela começa a encarar o pássaro, e mesmo forçando, não consegue o transformar em pedra
Lucatiel: e aí? Conseguiu?
Medusa: eu... Não o transformei em pedra!
Lucatiel: eu notei isso, bom, tô indo nessa. Até mais
Ele joga o pássaro para longe e segue seu caminho, mas a Medusa continua o seguindo
Lucatiel: cê não vai largar do osso não?
Medusa: já disse que tô carente e não tenho companhia a muito tempo
Lucatiel: se esse é o caso, toma isso
Ele tira um vibrador do bolso e entrega na mão da Medusa
Medusa: o que é isso?
Lucatiel: seu novo namorado. Tem uns cinco modos de vibração, do leve ao mais intenso pra te levar a loucura, não esquece de botar pra carregar
Ele segue seu caminho. A Medusa começa a encarar o vibrador, e quando o ativa, começa a pensar em certas coisas
Medusa: seu formato chama a atenção... Mas eu não tenho muita privacidade mesmo
Ela joga o vibrador fora e volta a seguir Lucatiel
Medusa: qual é o demônio que está indo atrás?
Lucatiel: puta merda, ainda tá me seguindo?
Medusa: todo aventureiro precisa de um escudeiro, não é?
Lucatiel: se eu quisesse um escudeiro, teria que pagar imposto
Medusa: como assim?
Lucatiel: sei lá, nem eu entendi o que disse agora
Medusa: qual é... Qual o problema de eu te acompanhar? Sabe o quão ruim é ser perseguido por vários anos por causa de uma deusa maldita que te transformou numa criatura que assusta a todos? Sabe o quão difícil é ser caçado dia após dia? Sabe o quão difícil é...
Lucatiel: TA! Tu fala demais, que coisa... Pode me acompanhar, por enquanto
Medusa e suas cobras ficam felizes
Medusa: isso!
Lucatiel: (que fofa... Acho que vai ser divertido ter ela por perto)
Os dois seguem seu caminho. Mais tarde, eles estão perto da cidade
Lucatiel: agora que percebi que aqui é tudo branco, as construções, roupas... Parece até que é o próprio paraíso
Medusa: no paraíso também usam roupa branca?
Lucatiel: sim, mas tem uns dias em que o pessoal pode usar outros tipos de cores
Medusa: o demônio tá dentro da cidade?
Lucatiel: deixa eu verificar
Ele pega um radar altamente tecnológico
Lucatiel: pelo sinal que tô conseguindo captar... Não tá muito longe não
Ele joga o radar fora
Medusa: não pode usar algum poder super poderoso para nos levar até ele?
Lucatiel: sim, mas eu gosto de andar
Medusa: e como vou passar pelas pessoas? Vão querer me matar quando me verem
Lucatiel: é só usar isso daqui
Lucatiel enrola um keffiyeh em volta da cabeça de Medusa
Medusa: tá dando para esconder as cobras?
Lucatiel: ٱلسَّلَامُ عَلَيْكُمْ
Medusa: o quê?
Lucatiel: sabe falar grego mas não fala árabe. Tem que ser bilíngue, minha filha
Os dois começam a caminhar pelas ruas, Lucatiel está com Jam túnica e Medusa começa a olhar para todo mundo
Medusa: quanto tempo que eu não caminho em volta de outras pessoas
Lucatiel: grande merda
Medusa: você com certeza não entende o que tô sentindo
Lucatiel: é, talvez...
Medusa: me diz, como que é esse demônio que você tá perseguindo?
Lucatiel: Belphegor, o demônio da Preguiça. Na última vez que o enfrentei, ele estava tacando o zaralho em uma terra distante, muitas pessoas estavam adormecendo e se tornando preguiçosas, não só isso, como elas também estavam morrendo sem perceberem
Medusa: que horror... E como isso acontecia?
Lucatiel: bom, quando dormimos, nosso corpo entra em repouso, mantendo os órgãos em ordem e tudo mais. Vale lembrar que não sou cientista, então tô falando só por achar mesmo. Quando as pessoas que o Belphegor fazia adormecer dormiam, tudo nelas parava de vez. A morte delas era indolor, mas como todo mundo morria pelas mesmas causas, meu lorde mandou eu parar com a putaria e fazer aquele pessoal voltar a trabalhar
Medusa: interessante...
Ela começa a sentir um aroma bastante agradável
Medusa: esse cheiro... O que é?
Lucatiel: deve ser comida de algum restaurante próximo
Medusa: será que a gente pode dá uma passada neles?
Lucatiel: tem dinheiro?
Medusa: foi mal, mas tô dura
Lucatiel: tá, eu pago. Nem comi nada ainda, então tá batendo uma fome
Medusa: isso!
FIM DO CAPÍTULO 4
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Atualizado até capítulo 37
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