A PRISÃO DA LIBERDADE

O Duque Cassius está parado na porta do quarto de Pietra por alguns minutos. Criando coragem para bater, ele repita fundo quando abruptamente a porta se abre.

- Meu duque!- Pietra fala ao abrir a porta do quarto

Cassius

- Minha princesa, gostaria de lhe falar...- O duque diz e Pietra abre passagem para ele entrar

O Duque entra no quarto da princesa sua irmã no mais completo silêncio. Ele mentalmente se questiona enquanto Pietra fecha a porta e caminha em direção a poltrona para se sentar.

Como eu irei dizer a minha irmã tudo o que o rei me ordenou? Eu não vou conseguir fazer isso! Isso é muito cruel. Afastar ela assim de nossas vidas dias depois da morte de nossos pais ... Ela não merece...

Pietra é doce, meiga gentil...submissa, obediente, nunca deu trabalho, nunca trouxe escândalos para família...eu não entendo por que o Rei está fazendo isso, o que ele tanto esperava dela, que ela o decepcionou e não alcançou suas expectativas?

Não! Mil vezes não! Ela não deveria passar por isso, viver longe de tudo e de todos, sozinha em um país distante... Ah! Como irei comunicar a ela...Como? Eu não pude fazer nada pela minha irmã, não pude fazer o Rei voltar atrás.... Ela irá pensar que não a amo, irá pensar que sou conivente com tudo o que Rei estipulou. Ela irá me odiar.. Isso pode até parecer uma carta de alforria da escravidão que e ser da família real, mas essa liberdade na verdade e uma prisão....

O Duque Cassius nervoso não diz uma só palavra. Perdido em seus pensamentos ele olha para um ponto fixo qualquer do quarto.

- Meu Duque? Algo lhe aflige? Sente-se aqui...vamos conversar...- Pietra percebe que o irmão não está bem aponta para a poltrona. O Duque sai de seus pensamentos e se senta

- Pietra, por favor, quero que me escute... Não, não diga nada agora...quero que apenas me ouça minha irmã...por favor...- O duque começa a falar nervoso e Pietra já assustada fica estática. Obedecendo o irmão ela se cala e não fala absolutamente mais nada

- Minha irmã eu te amo, amo muito, você para mim é a única dessa família que me restou. O Rei, o Rei ... Eu apenas sou um funcionário, servo, escravo obediente. Não tenho voz, não tenho vez. Não posso agir como queria, não mudar o que penso ser errado. Apenas cumpro ordens sem questionar. Não tenho coragem para brigar. Não tenho pulso para me impor. Fiquei aliviado por não ter que assumir o trono, mas hoje fiquei revoltado por não está sentado no trono. - O duque visivelmente revoltado fala o que estava reprimindo em seu peito

-Queria que Tudo fosse diferente. Queria ter você sempre por perto ao meu lado. Sei que nunca demonstrei afeto. Não pude por causa de nossas regras impostas. Mas saiba que você está aqui no meu coração. Quero que saiba que sou contra a decisão que o Rei tomou. Sou contra o que ele está fazendo. Mas ele ordenou que eu viesse fazer um comunicado a você e eu apenas estou obedecendo. - O duque fala olhando fixamente para Pietra que está ainda sem entender o que o irmão quer dizer

- O rei ordenou que você vá para o Brasil, para morar lá. Você irá viver em uma mansão confortável, com empregados a sua disposição e com um salário fixo todo mês. Você irá poder estudar, trabalhar, viajar dentro do país, sem que haja nossa interferência. Porém não poderá sair só Brasil sem a autorização do rei.- O duque fala e Pietra ainda calada acaba deixando uma lágrima escapar de seus olhos.

- Terá que manter a postura de princesa, mais irá viver naquele país sem o título de realeza. Será como uma pessoa normal, mas com responsabilidades. Terá que continuar agindo conforme nossas leis e regras, terá que se manter longe de escândalos e de repórteres. Viverá solteira, não poderá se relacionar ou se casar sem que o nosso irmão autorize. - O duque diz com sua voz embargada e um dor no coração. Enquanto Pietra se mantém calada tentando engolir o seu choro

-Ele enviou esse documento para eu lhe entregar. Pediu para você ler. Amanhã mesmo irá partir. Fiz uma petição a ele, pedi você como dama de minha futura esposa. Mas ele negou. Tentei enviar você para outro país mais condizente com o seu título, mas ele não mudou de decisão.Falei de meu casamento para retardar sua ida, mas o Rei não voltou atrás. Me perdoe minha irmã, seu irmão e um fraco que não te ajudou quando você mais precisou. - Fala O duque e deixa uma lágrima seu rosto cair.

- Pode falar princesa...- Enxugando a lágrima que caiu em seu rosto o Duque autoriza Pietra falar

- O que esperam de mim?- Pietra sem compreender tal decisão do Rei faz uma pergunta com os olhos cheios de lágrimas

- Minha princesa, você para mim és perfeita.- O duque fala sincero engolindo seu pranto e olhando com ternura a sua irmã

- O que o Rei espera de mim?- Pietra confusa sem entender o que fez de errado pergunta

- Minha princesa, creio que essa não e uma pergunta para se fazer a mim. Saiba que você possui todas as qualidades que uma verdadeira princesa deve ter. O que está acontecendo hoje pode ser revertido amanhã, basta o Rei assim decidir. Não chore. O nosso Rei não deve vê-la assim. - O duque diz tentando acalentar o coração de sua irmã

- Sim meu Duque, devo manter a postura e a cabeça erguida!- Pietra soluçando diz

- Minha princesa, não e por causa disso que não deve chorar.... Você e super a tudo, suas lágrimas não devem ser desperdiçadas com....- O duque revoltado fala, mas exita em concluir seu raciocínio, pois não quer ser considerado como um traidor da coroa

- Entendi, meu Duque. E não se preocupe. Compreendi a circunstância. Irei acatar as ordens sem questionar. Obedecerei o meu Rei em tudo que me ordenar. Fique tranquilo, conheço os seus pensamentos e o seu coração. Sei não teve nada a ver com isso e que tentou reverter essa situação. Peço apenas que não se culpe por isso.- Pietra resignada fala se levantando da poltrona.

- Minha Princesa, posso te dar um abraço?- O duque pergunta se levantando da poltrona

- Sempre poderá meu Duque!- Responde Pietra abraçando o irmão aos prantos

- Me perdoe!- O duque diz enquanto abraça a irmã

- Se isso ira acalmar o seu coração... saiba meu duque que está perdoado, sinceramente....mesmo eu não tendo nada do que lhe perdoar, eu lhe conceda o perdão do fundo do meu coração- Pietra fala e beija a bochecha só irmão enquanto o abraça.

- Você tem consciência do que isso significa, não tem ?- O duque pergunta ainda abraçado com a irmã

- Sim, meu Duque...É a prisão da liberdade!- Fala Pietra saindo do abraço de seu irmão e o olhando em seus olhos.

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